(heldon Cooper/SOPA Images/LightRocket v/Getty Images)
AFP
Publicado em 19 de setembro de 2020 às 10h25.
A China lançou, neste sábado (19), um mecanismo que lhe permitirá sancionar empresas estrangeiras, mais um passo na guerra tecnológica com os Estados Unidos, um dia depois que Washington tomou medidas contra os populares aplicativos chineses TikTok e WeChat.
O anúncio do Ministério do Comércio, feito em plena escalada entre Pequim e Washington, não aponta diretamente para nenhuma empresa estrangeira. Mas faz alusão, de forma geral, a uma série de ações que implicariam sanções para as empresas e restrições às atividades e entrada de material e pessoas na China.
A lista incluirá as empresas cujas atividades "ataquem a soberania nacional da China e seus interesses em termos de segurança e de desenvolvimento" ou que violem "as regras econômicas e comerciais internacionalmente aceitas", segundo o ministério.
A lista chinesa de "entidades não confiáveis" é considerada uma arma de Pequim para tomar represálias contra os Estados Unidos, que utilizou sua própria "lista de entidades" para excluir a gigante chinesa das telecomunicações Huawei do mercado americano, ao mesmo tempo em que atua contra TikTok e WeChat.
A lista foi anunciada justamente um dia após o Departamento do Comércio dos Estados Unidos aumentar a pressão ao ordenar a proibição dos downloads do aplicativo TikTok e o bloqueio efetivo do aplicativo WeChat.
As medidas da China podem incluir multas contra a entidade estrangeira, proibição para realizar operações comerciais e investimentos na China, assim como restrições à entrada de pessoas ou equipamentos no país.
Segundo o ministério, podem afetar "empresas estrangeiras, outras organizações e indivíduos".
De acordo com a ordem dos EUA de sexta-feira contra os aplicativos chineses, o WeChat - propriedade do Tencent - perderia parte de suas funções no país a partir de domingo.
Em relação ao TikTok, proibirá os usuários de instalar atualizações, mas poderão continuar acessando o serviço até 12 de novembro.
No contexto da campanha eleitoral de Donald Trump, que visa uma reeleição em novembro, as autoridades americanas descreveram as medidas como essenciais para preservar a segurança nacional e evitar a possível espionagem chinesa através dessas plataformas.
No entanto, o Ministério do Comércio da China condenou, neste sábado, o que chamou de "intimidação" americana, afirmando que violava as normas comerciais internacionais e que não havia comprovações de nenhuma ameaça à segurança.
"Se os Estados Unidos insistirem em seguir seu próprio caminho, a China tomará as medidas necessárias para preservar firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas", disse.
O WeChat é muito usado por expatriados chineses para manter contato com suas famílias e há um processo judicial pendente nos Estados Unidos de vários usuários contra o bloqueio.
No caso do TikTok, a medida aumenta a pressão sobre a ByteDance, a empresa proprietária chinesa, para que conclua um acordo de venda total ou parcial do aplicativo e, dessa forma, elimine as preocupações de segurança dos Estados Unidos.