Tecnologia

Cheiros são a nova fronteira dos sensores inteligentes

Um poderoso nariz portátil, diz investidor, abriria novos horizontes para saúde, alimentação, higiene pessoal e mesmo segurança

Cheiro: há um gargalo tecnológico que as empresas estão tentando preencher (m-imagephotography/Thinkstock)

Cheiro: há um gargalo tecnológico que as empresas estão tentando preencher (m-imagephotography/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2016 às 17h11.

Singapura - Telefones ou relógios podem ser espertos o suficiente para detectar sons, luzes, movimentos, toques, direções, acelerações e até mesmo as condições climáticas, mas eles não podem cheirar.

Isto criou um gargalo tecnológico que as empresas passaram mais de uma década tentando preencher.

A maioria não conseguiu. Um poderoso nariz portátil, diz o investidor de risco que financia empresas iniciantes Redg Snodgrass, abriria novos horizontes para saúde, alimentação, higiene pessoal e mesmo segurança.

Imagine, diz ele, ser capaz de analisar o que alguém comeu ou bebeu baseado nas indicações químicas que a pessoa emite; detectar doenças em estágio inicial através de um aplicativo ou sentir o cheiro do medo em um potencial terrorista.

"Odor", ele diz, "é uma importante peça" do quebra-cabeças. Não é por falta de tentativas. Projetos abortados e empresas que fracassaram se acumulam no cenário dos sensores de aromas.

Mas isto não impediu os novatos de tentar. Como a Aryballe Technologies, de Tristan Rousselle, que recentemente exibiu um protótipo do NeOse, um dispositivo portátil que ele diz que inicialmente detectará até 50 odores comuns.

"É um projeto arriscado. Há coisas mais simples para se fazer na vida", disse ele. O problema, afirma o engenheiro químico David Edwards, da Universidade de Harvard, é que diferentemente de luz e som, aroma não é uma energia, mas sim é vinculada à massa. "É um tipo muito diferente de sinal", diz ele.

Isto significa que cada aroma exige um tipo diferente de sensor, o que torna os dispositivos grandes e com capacidades limitadas. "A biologia do olfato ainda é uma fronteira da ciência, muito conectada à fronteira da neurociência", diz o engenheiro químico Edwards.

A francesa Alpha MOS foi a primeira a desenvolver narizes eletrônicos para uso industrial limitado, mas seu investimento no desenvolvimento de um modelo menor, mas com mais capacidade não deu resultados.

Após um ano desenvolvendo um protótipo para um dispositivo que permitiria que smartphones detectassem e analisassem aromas, o site da do braço norte-americano da empresa, Boyd Sense, saiu do ar e nenhuma das empresas respondeu a emails pedindo comentários sobre o projeto.

O site da Adamant Technologies, que em 2013 prometeu um aparelho que poderia se conectar sem fio com smartphones e medir a saúde do usuários a partir de seu hálito, também saiu do ar. O fundador da empresa não respondeu a emails pedindo comentários.

A norte-americana Aromyx, por exemplo, está trabalhando com grandes companhias de alimentos para ajudá-las a capturar o perfil digital de cada odor, usando seu EssenceChip.

Agitando algum alimento perto do aparelho é o suficiente para ele capturar uma assinatura digital que pode ser manipulada como se fosse um arquivo de som ou imagem.

Mas apesar do nome do dispositivo, ele não é baseado em silício, afirma o presidente-executivo, Chris Hanson. E também não é algo que é possível carregar no bolso. "Mobilidade ou capacidade de ser incorporado a roupas está a pelo menos uma década de distância", disse ele.

Parte do problema está no fato de que ainda não compreendemos como os humanos e animais detectam e interpretam cheiros. O prêmio Nobel pelo entendimento dos princípios do olfato, ou aroma, foi concedido apenas 12 anos atrás.

"A biologia do olfato ainda é uma fronteira da ciência, muito conectada à fronteira da neurociência", disse Edwards, o engenheiro químico de Harvard.

Por enquanto, os celulares podem ser mais capazes de entregar cheiros que detectá-los. A companhia de Edwards, Vapor Communications, por exemplo, lançou em abril o Cyrano.

O dispositivo é um cilindro do tamanho de um tubo que os usuários podem instruir para emitirem cheiros a partir de um aplicativo, da mesma forma que os programas iTunes ou Spotify comandam sons para o alto-falante do celular.

A holandesa Philips recentemente encaminhou um pedido de patente para um dispositivo que influencia o comportamento dos usuários por meio do estímulo de seus sentidos, incluindo aromas.

A Nike fez algo similar, emissão de aromas pelos fones de ouvido ou óculos dos usuários para melhorar a performance deles.

O Santo Graal, porém, continua sendo a detecção dos cheiros.

A Samsung recentemente obteve patente para um sensor olfatório que poderia ser incorporado a qualquer aparelho, incluindo smartphones.

Um dia estes aparelhos serão lugar comum, diz Avery Gilbert, um especialista em odores e autor de um livro sobre a ciência por trás deles, gradualmente sendo incorporados a nossas vidas por meio de aplicações especializadas.

"Eu não acho que vamos resolver tudo de uma vez", disse Gilbert.

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