"Desenvolvemos e introduzimos um Feed que classifica as postagens com base no que você mais gosta", diz CEO (Lorenzo Di Cola/NurPhoto/Getty Images)
Karina Souza
Publicado em 8 de junho de 2021 às 18h41.
Última atualização em 9 de junho de 2021 às 09h03.
Você já se perguntou como o Instagram funciona? Como os posts chegam à sua tela e como você aparece na tela de quem te segue? Se sim, agora esses questionamentos têm resposta -- e do próprio CEO da empresa. Em um post feito no blog da plataforma nesta terça-feira, Adam Mosseri esclareceu estas e outras dúvidas de usuários. "É difícil confiar no que não entendemos", explica o executivo.
Ao todo, foram explorados cinco pontos principais: o que é o algoritmo, como é definido o que vai ser visto primeiro no feed e nos stories, como os Reels são ranqueados e como você pode influenciar o que você vê no Instagram. Veja abaixo:
Muito se fala a respeito do uso de um "algoritmo" capaz de ser usado pela plataforma para indicar o que é visto primeiro e o que não é distribuído aos seguidores pela plataforma. Em resposta a isso, Adam afirma que não se trata de uma única ferramenta, mas sim de um conjunto de tecnologias de classificação e de processos estabelecidos para personalizar a experiência de usuários ao máximo.
“Em 2016, as pessoas estavam perdendo 70% de todas as suas postagens no Feed, incluindo quase metade das postagens de seus contatos próximos. Então, desenvolvemos e introduzimos um Feed que classifica as postagens com base no que você mais gosta.", afirma o CEO. De acordo com a explicação, cada parte do app -- Feed, stories, Reels, etc -- tem um algoritmo adaptado para identificar hábitos dos usuários. Ou seja, cada seção é classificada de forma diferente.
Ainda assim, diferentes influenciadores têm afirmado que mudanças recentes na plataforma fizeram com que seu conteúdo fosse entregue em proporções muito menores do que as anteriores, principalmente em conteúdo de feed e stories. Alguns deles, como a empresária e influenciadora Isabela Matte, fizeram algumas postagens sobre o assunto, que vão em linha com o discurso do CEO.
No mais, o tema "algoritmo" é polêmico, principalmente depois da repercussão do documentário "O dilema das redes", que mostra como a indicação desses conteúdos funciona -- e motivou aumento de 250% nas buscas por “excluir Facebook” pouco tempo depois de sua estreia. Os termos "excluir Instagram"; "desativar notificações" e "desativar temporariamente" também foram mais procurados pelos brasileiros, com aumento de 100%, 110% e 120%, respectivamente.
Além disso, discussões sobre o preconceito gerado por algoritmos também continuam em voga. Em entrevista à EXAME, Robert Elliot Smith, autor do livro Rage Inside the Machine (“Raiva dentro da máquina”, numa tradução livre) sugere que a presença menor de mulheres e negros entre as pessoas que criam esse tipo de mecanismo pode ser uma das explicações para o fato.
De acordo com as informações fornecidas pelo CEO, primeiro, é claro, o Instagram seleciona as postagens de quem você segue. Em seguida, um conjunto de “sinais” é analisado: o horário que uma postagem foi feita, se o usuário está usando o telefone ou a web e até mesmo a frequência que as pessoas gostam de vídeos. De maneira geral, esses sinais podem ser classificados por:
Informações sobre a postagem: quantas pessoas gostaram dela, que horas foi postada, como foi postada, quanto tempo dura (se for um vídeo) e em que local.
Informações sobre a pessoa que fez o post: quantas vezes usuários interagiram com essa pessoa nas últimas semanas, por exemplo.
Sua própria atividade: isso ajuda a entender no que você estaria interessado e, com base no que você curtiu, comentou ou compartilhou, a plataforma consegue entender certo padrão de comportamento.
Histórico de interação com alguém: isso ajuda a entender quão interessado o usuário está em posts de uma pessoa em particular. Um exemplo, segundoo executivo, é se você comenta ou não os posts de outras pessoas.
“No Feed, as cinco interações que examinamos mais de perto são a probabilidade de você passar alguns segundos em uma postagem, comentar, curtir, salvá-la e tocar na foto do perfil. Quanto maior a chance de você realizar uma ação em relação a um post, mais ‘para cima’ você verá a postagem”, diz o executivo.
Grosso modo, a plataforma define as postagens que você tem mais chances de curtir, com base nos hábitos de uso da plataforma e, em seguida, elas são ordenadas com base no quanto a plataforma avalia que elas são importantes para cada usuário.
“Fizemos pesquisas e perguntamos às pessoas se elas acham um determinado reel divertido ou engraçado e aprendemos com o feedback para melhorar em descobrir o que vai gerar mais afinidade, de olho nos criadores de conteúdo ‘menores’ em número de seguidores. As previsões mais importantes que fazemos são a probabilidade de você assistir a um reel até o fim e ir para a página do áudio daquela postagem para, possivelmente, replicá-lo”, diz o executivo.
Novamente, informações sobre a sua própria atividade influenciam o que você vai ver, açlém de informações sobre o reel em questão -- conteúdo do vídeo, trilha de áudio, compreensão do vídeo com base em pixels e popularidade --, além de informações de quem postou.
O “reels” é uma ferramenta que foi incorporada ao instagram recentemente, com um formato bastante similar ao utilizado no TikTok, rede social de origem chinesa que conquistou mais de um bilhão de usuários em tempo recorde. Totalmente baseada em vídeos, a plataforma é a queridinha da geração Z, que explora temas que vão de situações cotidianas a coreografias de dança.
Artistas e marcas têm se explorado por meio da plataforma e tudo indica que o instagram quer um pedaço desse filão -- uma estratégia similar ao que aconteceu com o Snapchat e a criação dos stories.
Afinal, o que determina o que você vê ou não? Seus hábitos. E eles podem ‘dar dicas’ para a plataforma do que você mais gosta e do que menos gosta. Para isso, algumas dicas são: escolha seus “amigos mais próximos” nos stories, ignore completamente as pessoas nas quais não está interessado, marque postagens como “não tenho interesse”.
“Podemos fazer muito mais para ajudá-lo a moldar sua experiência no Instagram com base no que você gosta. Também precisamos continuar a aprimorar nossa tecnologia de classificação e, é claro, cometer menos erros. Nosso plano é ser proativo ao explicar nosso trabalho em todas as três áreas de agora em diante”, finaliza o CEO.
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