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Presidente da Microsoft propõe acordo contra ciberataques

Em discurso na ONU, Smith disse que em ou duas gerações, as pessoas olharão para o ataque do "WannaCry" como a "data em que o mundo mudou de novo"

Brad Smith: "Vemos nações atacando civis, inclusive em tempos de paz. É preciso pensar o que um ataque pode fazer com as vidas das pessoas" (Denis Balibouse/Reuters)

Brad Smith: "Vemos nações atacando civis, inclusive em tempos de paz. É preciso pensar o que um ataque pode fazer com as vidas das pessoas" (Denis Balibouse/Reuters)

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EFE

Publicado em 9 de novembro de 2017 às 18h14.

Última atualização em 10 de novembro de 2017 às 09h39.

Genebra  - O presidente da Microsoft, Brad Smith, alertou nesta quinta-feira sobre a existência de uma nova corrida armamentista, através de armas cibernéticas "invisíveis" que já impactam diretamente na vida dos cidadãos, e propôs um "Convênio Digital" no qual os países se comprometam a não atacar civis.

Em discurso em Genebra, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) na Europa, por ocasião da Semana da Paz, Smith disse que, possivelmente, em ou duas gerações, as pessoas olharão para o 12 de maio de 2017 como a "data em que o mundo mudou de novo".

Foi nesse dia que ocorreu o ataque do vírus "WannaCry", que afetou serviços públicos e empresas em boa parte do planeta, ao bloquear computadores e exigir resgates em dinheiro para liberá-los.

"Foi um ataque lançado com armas cibernéticas criadas num país, roubadas e utilizadas por outro, chegando a afetar, prejudicar ou estragar mais de 200 mil computadores em 150 países antes de ser contido pelo especialista britânico Marcus Hutchins", afirmou Smith.

O presidente da Microsoft questionou ao público em que momento da história houve outro ataque promovido por uma nação que tenha afetado tantos países simultaneamente quanto o de 12 de maio.

Um mês depois houve outra ação, a do vírus "Nyetya", centrado em interromper o sistema de energia elétrica, a infraestrutura civil e a economia privada da Ucrânia, embora depois tenha se espalhado.

Smith lembrou que esses ataques já não têm foco apenas na economia, mas também na vida dos cidadãos comuns e na política, como aconteceu nas tentativas de influir em pleitos presidenciais nos Estados Unidos e em países da Europa.

"Alguém poderia pensar que, graças a Deus, são apenas máquinas, mas é aí que deveríamos voltar ao 12 de maio e reler o relatório britânico sobre o vírus 'WannaCry', que dizia que o ataque atingiu o trabalho de hospitais e afetou 6.912 pacientes. Vemos nações atacando civis, inclusive em tempos de paz. É preciso pensar o que um ataque pode fazer com as vidas das pessoas se automóveis, termostatos, aparelhos de ar condicionado, sistemas de hospitais ou sinais de trânsito, por exemplo, que estão conectados à internet, são atacados", ressaltou Smith.

Ele afirmou que a indústria tecnológica é a que deve assumir primeiro a responsabilidade para proteger clientes, governos e ONGs de ataques virtuais, mas insistiu que, no final, se trata de uma "responsabilidade compartilhada".

O executivo propôs um novo Convênio de Genebra, um "Convênio Digital de Genebra", no qual os Estados participantes se comprometam a não atacar civis, hospitais, sistemas elétricos, processos políticos de outros países ou a propriedade intelectual de empresas.

Em vez disso, as nações devem "trabalhar juntas para se ajudar mutuamente e também ajudar o setor privado a responder quando acontecerem ataques cibernéticos", afirmou Smith.

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