Tecnologia

Brasil terá centro de pesquisa de motores a biocombustíveis

FAPESP e Peugeot Citroën do Brasil assinam termo de convênio de cooperação com USP, Unicamp, ITA e Instituto Mauá de Tecnologia para dar início ao projeto


	Biocombustíveis: centro de será voltado ao desenvolvimento de motores de combustão interna
 (Alain Julien/AFP)

Biocombustíveis: centro de será voltado ao desenvolvimento de motores de combustão interna (Alain Julien/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 09h12.

São Paulo – A FAPESP e a Peugeot Citroën do Brasil (PCBA) assinaram, nesta terça-feira (04/11), um termo de convênio de cooperação com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) para o lançamento do Centro de Pesquisa em Engenharia Professor Urbano Ernesto Stumpf.

O centro de pesquisa será voltado ao desenvolvimento de motores de combustão interna, adaptados ou desenvolvidos especificamente para biocombustíveis, e a estudos sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis.

Entre os temas que serão investigados estão novas configurações de motores a biocombustíveis, veículos híbridos, redução de consumo, emissão de gases e seus impactos e a viabilidade econômica e ambiental de biocombustíveis.

O convênio de cooperação permitirá a convergência e a interação entre a Peugeot Citroën, a FAPESP e universidades e instituições de pesquisa, que atuarão em rede e darão contribuições específicas em suas áreas de especialização para o desenvolvimento de motores a biocombustíveis, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP, durante a assinatura do termo de convênio.

O centro terá sede na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e será integrado por pesquisadores da universidade campineira, do Laboratório de Engenharia Térmica e Ambiente (Lete) da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), do Laboratório de Combustão, Propulsão e Energia (LCPE) do ITA e do Laboratório de Motores e Veículos do IMT.

Os pesquisadores das quatro instituições desenvolverão estudos em suas áreas específicas de especialização de forma integrada.

O grupo do Laboratório de Motores e Veículos do IMT, por exemplo, vai se dedicar a ensaios de motores, área em que possui longa tradição. Já os grupos de pesquisadores do Lete e do LCPE estarão voltados para estudar a fenomenologia básica de combustão.

A integração desses diferentes grupos de pesquisa será um dos maiores desafios para o construção do centro, disse Waldyr Gallo, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Unicamp e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

A ideia é aproveitar e fazer avançar as pesquisas que cada um deles já realiza, sob diferentes aspectos da engenharia de motores, para avançarmos no desenvolvimento de motores a biocombustíveis, disse.

Interação com universidades

A proposta coordenada por Waldyr Gallo foi selecionada a partir de uma chamada de propostas lançada no âmbito do acordo de cooperação em pesquisa, assinado em 2012 entre a FAPESP e a PCBA.

O investimento será de cerca de R$ 32 milhões por um período de 10 anos, sendo R$ 8 milhões da FAPESP, R$ 8 milhões da PCBA e aproximadamente R$ 16 milhões em despesas operacionais e salários pagos pelas instituições de pesquisa participantes.

O desenvolvimento das pesquisas do centro será acompanhado por um comitê internacional formado por pesquisadores do Institut des Sciences et Technologies (ParisTech), na França; do Instituto Politécnico de Turim, na Itália; e das universidades de Cambridge e College London (Reino Unido) e Técnica de Darmstadt (Alemanha).

O Centro de Pesquisa em Engenharia une características do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) com as do Programa FAPESP de Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica, o PITE, lançado em 1995, com o objetivo de estimular a realização de projetos de pesquisa entre pesquisadores de universidades e de empresas, disse Carlos Henrique de Brito de Cruz, diretor científico da FAPESP.

A ideia é que o centro comece a funcionar por meio de uma interação intensa entre a empresa e as universidades e instituições de pesquisa participantes. Por isso, uma das regras que estabelecemos foi que o centro tivesse, além de um coordenador, um coordenador adjunto, indicado pela Peugeot, que estará vinculado à Unicamp como professor visitante e poderá dar aulas e orientar estudantes durante o projeto, afirmou.

O profissional que assumirá essa função será Franck Turkovics, gerente de Engenharia de Powertrain e Biocombustíveis da PSA Peugeot Citroën.

A interação entre a Peugeot Citroën e as universidades e instituições de pesquisa participantes do Centro de Pesquisa em Engenharia será fundamental para conseguirmos desenvolver um motor otimizado a fim de utilizar eficientemente etanol, por exemplo, avaliou Turkovics.

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Motor a etanol

De acordo com dados apresentados no evento, com a paralisação da fabricação de motores dedicados a etanol no Brasil, em 2006 – quando os veículos flex fuel passaram a liderar a frota de automóveis –, foram suspensas as pesquisas e o desenvolvimento de produtos na área.

A meta do Centro de Pesquisa em Engenharia é retomar os estudos e desenvolvimentos nessa área e testar tecnologias até então não usadas em motores a etanol, como a de injeção direta.

Os motores dedicados a etanol podem trabalhar com taxas de compressão mais elevadas e ter maior velocidade de queima do que a gasolina, disse Gallo. A combinação de diferentes tecnologias deverá contribuir para aumentar a eficiência de motores dedicados a etanol.

O pesquisador ressaltou, no entanto, que o objetivo do Centro é avançar no conhecimento sobre o uso de biocombustíveis em geral – e não apenas de etanol.

O primeiro programa de pesquisa será voltado à avaliação e ao uso de motores a etanol para veículos comerciais leves ou pesados. Mas o objetivo, no longo prazo, é avançar no estudo de outros biocombustíveis, disse Gallo.

Segundo ele, a meta é desenvolver um motor a biocombustível que se aproxime dos motores a diesel, em termos de eficiência de uso do combustível.

Se conseguirmos desenvolver um motor a biocombustível que se aproxime dos motores a diesel, em termos de eficiência, ele poderá se tornar um produto com nicho de mercado, que competirá com os motores a diesel, e não com os a gasolina, como acontece hoje com os motores flex fuel, avaliou.

De acordo com ele, os motores flex fuel do mercado brasileiro têm rodado majoritariamente com gasolina, em razão de o etanol não ser distribuído em todas as regiões do país e de os motores não serem otimizados para o uso desse biocombustível.

A rigor, os motores flex fuel nem poderiam estar otimizados para usar etanol, porque a maior parte desses veículos está rodando com gasolina, disse Gallo.

Também participaram da cerimônia de assinatura do termo de convênio de cooperação Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente, e José Arana Varela, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP, e Emmanuel Hédouin, gerente de pesquisa e engenharia avançada da PSA Peugeot Citroën do Brasil

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