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Celular facilita fornecimento de água em favelas angolanas

Tecnologia permite a pessoas achar as torneiras comunitárias mais próximas em funcionamento


	Huambo, em Angola: tecnologia de celulares estão ajudando angolanos a achar a água mais próxima
 (Wikimedia Commons)

Huambo, em Angola: tecnologia de celulares estão ajudando angolanos a achar a água mais próxima (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2014 às 22h03.

Luanda - Ana Paulino, uma vendedora ambulante de 40 anos em Luanda, carrega vasilhas de plástico com água quatro vezes mais pesadas do que uma bola de boliche sobre a cabeça todas as manhãs em viagens de 400 metros até o poço mais próximo.

É uma carga compartilhada por muitas mulheres na capital de Angola, a cidade de maior crescimento da África Subsaariana. O país é o segundo maior produtor de petróleo do continente.

Mesmo assim, ter água corrente em casa continua sendo apenas um sonho para a maioria das famílias.

Agora, a tecnologia telefônica moderna está ajudando a aliviar os problemas de obtenção de água na economia de US$ 122 bilhões, parte de progressos sendo feitos de Angola até a Tanzânia e a Índia que permitem a pessoas como Paulino achar as torneiras comunitárias mais próximas em funcionamento, onde as pessoas podem comprar água a menos de um décimo do preço cobrado por fornecedores com caminhões.

Neste ano, a Mobile Enabled Community Services, uma associação do setor que apoia quase 800 operadores da Groupe Spéciale Mobile Association no mundo inteiro, e a agência de socorro Development Workshop lançarão um programa para localizar as torneiras mais próximas em funcionamento, informar avarias e pagar água a uma fração do preço normal.

Significa uma boa notícia para Paulino, mãe de sete filhos que gasta entre 70 e 90 kuanzas (70 a 90 centavos de dólar) por cada recipiente de água comprado a vendedores privados pela falta de uma torneira comunitária. “É cansativo e desapontador ter que carregar vasilhas com água na cabeça todos os dias no século 21°”, disse ela.

Comércio informal

Sendo que a água corrente é esquiva e a escassez comum no país de 24 milhões de habitantes no sudoeste da África, as autoridades estimam que o comércio informal de água em Angola seja de US$ 250 milhões por ano.

Agora, canos enferrujados que quebram com frequência após décadas de abandono resultantes de uma guerra finalizada em 2002 poderiam se converter em relíquias do passado.

Em agosto, o jornal estatal Jornal de Angola informou que o governo planeja gastar US$ 139 milhões para atualizar os centros de distribuição de água e construir novos reservatórios na capital.

O projeto de 200.000 libras esterlinas (US$ 324.000) com dispositivos móveis será de ajuda.

Ele foi financiado pelo Reino Unido no intuito de obter fundos equivalentes de Angola para expandir o programa após um esforço piloto em Huambo, a segunda maior cidade de Angola, disse o diretor da Development Workshop, Allan Cain, em uma entrevista.

Cada torneira tem um gerente com um celular que cobra cinco kuanzas por vasilha de água e reporta problemas utilizando uma série de códigos a um banco central de dados que marca as operações com pontos verdes ou vermelhos em um mapa da cidade.

Smartphones com capacidade para fazer isso são comuns até mesmo nos musseques (favelas), disse ele.

Angola, a segunda maior produtora de petróleo da África depois da Nigéria com uma produção estimada de 1,87 milhão de barris diários no mês passado, provavelmente já tenha gasto até US$ 2 bilhões no seu programa Água para Todos desde seu começo em 2007, segundo Cain.

A meta é fornecer uma torneira a até cem metros de distância a 80 por cento da população urbana e à totalidade da população rural, disse ele.

Comércio de água

Contudo, a falta de manutenção tem impedido o programa Água para Todos de atingir sua meta de alcançar dois terços da população, além de permitir o crescimento acelerado do comércio informal de água, disse Cain.

A água pode custar um quarto da renda de uma família quando o preço de encher uma vasilha em um caminhão ou tanque privado custa entre 50 e 90 kuanzas por unidade. Em condições normais, a água deveria custar entre 3 por cento e 5 por cento da renda, disse ele.

Quando pode pagar, Paulino utiliza tecnologia de celulares para usar outro serviço na rotina diária para obter água: pedir seu envio por triciclo motorizado a 90 kuanzas por vasilha.

“Com uma simples mensagem de texto, eu contrato alguém para levar a água por mim”, disse ela. “Faço isso para aliviar um pouco a minha vida”.

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