Protótipo do carro do Google que se dirige sozinho e não tem volante (Google/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2014 às 23h33.
Los Angeles - As fabricantes de veículos que querem ter carros sem motoristas no mercado precisam colocar tanto empenho no design do software quanto na engenharia mecânica, disse o pesquisador que lidera o programa de veículos automatizados da Nissan Motor.
Fabricar carros “deliberativos” que avaliam as condições de trânsito, ao invés de simplesmente reativos, requer inteligência artificial, disse Maarten Sierhuis, diretor do centro de pesquisa doVale do Silício da Nissan, em Sunnyvale, Califórnia, em entrevista.
A fabricante, que visa vender veículos que prescindam de motoristas até 2020 ou antes, está desenvolvendo um software que leia e filtre os dados de sensores de modo parecido ao cérebro humano, disse.
“O setor automotivo deve deixar de pensar nos carros como um sistema físico e mecânico”, disse Sierhuis em entrevista ocorrida ontem no Simpósio de Veículos Automatizados, em São Francisco.
“A autonomia e os sistemas autônomos têm a ver com entender o modo em que os humanos fazem algo e replicar isso com o software”.
Fabricantes de carros e de peças, como Nissan, Toyota Motor Corp. e Daimler AG, junto com empresas de tecnologia, como a Google, estão acelerando a pesquisa em sistemas que podem automatizar de modo completo ou parcial a direção de veículos.
Entre os benefícios estão a eliminação de acidentes de trânsito e congestionamento, a redução do uso de combustível e a possibilidade de que as pessoas utilizem o tempo gasto no trânsito para realizar outras atividades, pois não terão que dirigir.
Os acidentes de trânsito matam mais de 30.000 pessoas por ano nos EUA.
Embora nesse país os reguladores percebam que os veículos autônomos podem oferecer benefícios que aumentarão a segurança, questões regulatórias e jurídicas, como a responsabilidade em acidentes, ainda devem ser resolvidas.
‘Pensamento de inteligência artificial’
O presidente Barack Obama destacou ontem as pesquisas em tecnologia que estão sendo desenvolvidas pelas fabricantes, com o apoio dos EUA, para que os veículos possam se comunicar entre eles para reduzir engarrafamentos e acidentes.
Recursos de automação, como controle de velocidade adaptável, monitoramento de pontos cegos e assistência para não sair da faixa, não são o bastante, disse Sierhuis, cientista da computação que desenvolveu software para missões espaciais da NASA.
“Também é necessário entender as ruas, compreender as situações e os outros objetos, e saber o que fazer com essas informações”, disse ele. “Para planejar o percurso, o carro precisará tomar decisões – pensamento de inteligência artificial”.
De acordo com Sierhuis, o laboratório da Nissan em Sunnyvale conta com aproximadamente 20 engenheiros e obtém de pequenas startups do Vale do Silício os novos tipos de sensores e componentes que necessita para o programa de veículos autônomos da empresa com sede em Yokohama, Japão.
Em maio, a Google disse que pelo menos 100 carros autônomos que havia desenvolvido seriam testados neste ano. Os carros, com dois lugares, têm uma velocidade máxima de 40 quilômetros por hora e não possuem volante, nem freios, nem pedal de acelerador.
Embora a Google não tenha dito se colocará esses veículos à venda, “tenho certeza de que a Nissan terá veículos autônomos até o fim da década”, disse Sierhuis.