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Carros elétricos, uma séria ameaça para companhias petroleiras

Segundo relatório, a queda dos preços dos carros elétricos e das energias renováveis poderia frear a demanda de petróleo a partir de 2020

Carros elétricos: o setor de energia e transporte rodoviário representa a metade do consumo de energias fósseis (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Carros elétricos: o setor de energia e transporte rodoviário representa a metade do consumo de energias fósseis (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

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AFP

Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 14h37.

O auge dos carros elétricos e a consequente queda do consumo de petróleo são uma séria ameaça para este setor a médio prazo, alertam especialistas, um risco até agora subestimado pelas grandes petroleiras.

Segundo um relatório publicado esta semana pelo 'think tank' Carbon Tracker e o Instituto Grantham, ambos com sede em Londres, a queda dos preços dos carros elétricos e das energias renováveis poderia frear a demanda de petróleo a partir de 2020.

A partir de 2025, se o setor dos carros elétricos continuar no ritmo de expansão atual, a demanda de petróleo poderia cair em dois milhões de barris diários, segundo o relatório, um número similar ao que afundou o mercado petroleiro em 2014.

E em 2035, essa queda poderia se multiplicar por cinco, em um mundo onde os carros elétricos representarão mais de 30% do mercado, prevê o relatório.

O setor de energia e transporte rodoviário representa a metade do consumo de energias fósseis, de modo que o crescimento da energia solar e dos veículos elétricos terá um grande impacto na demanda.

"Muito poucas companhias ou instituições da indústria energética estão considerando a mudança que a explosão desta tecnologia e seu crescimento exponencial representarão", afirmou à AFP Luke Sussams, analista da Carbon Tracker.

É o caso do BP, uma das gigantes mundiais do petróleo e gás, que na semana passada previu em seu relatório anual que a demanda de petróleo para combustível para carros continuará crescendo após 2035.

Nesse ano, segundo os cálculos da multinacional, os veículos elétricos representarão apenas 6% da frota global, muito menos do que preveem os dados do Carbon Tracker e do Instituto Grantham.

Esse otimismo é compartilhado por muitas companhias petroleiras, mas contradiz a tendência marcada pelo relatório e por outros analistas exteriores à indústria.

Cálculos conservadores

A Agência Internacional da Energia (AIE) prevê que o ritmo de crescimento do setor do automóvel elétrico será modesto, representando 8% da frota mundial (cerca de 150 milhões de veículos) em 2040 e provocando uma queda da demanda de apenas 1,3 milhão de barris por dia.

"A AIE e as companhias petroleiras ainda estão tentando acompanhar as energias renováveis", assegurou Sussams, apontando que estas são conservadoras demais nos seus cálculos.

Por outro lado, um estudo da Bloomberg New Energy Finance augura uma cota de mercado importante, de 22%, para os carros elétricos em 2035.

"Calculamos que a partir de 2020 os veículos elétricos serão mais baratos que os de combustão fóssil", explica Sussams para justificar as previsões de seu estudo.

O modelo de cálculo da Carbon Tracker também parte da hipótese de um crescimento rápido do setor e da ausência de obstáculos para seu desenvolvimento, como a escassez de estações de recarregamento.

A China, o maior mercado do mundo para os carros elétricos, vendeu mais de meio milhão destes veículos em 2016.

O relatório de 60 páginas publicado na quarta-feira, intitulado "O poder disruptivo da tecnologia de baixo carbono", lembra que a indústria mineira nos Estados Unidos afundou por uma queda de 10% da cota de mercado desta energia.

Na Europa, cinco grandes companhias energéticas perderam cerca de 105 bilhões de dólares entre 2008 e 2013 "porque não estavam preparadas para o crescimento de 8% das energias renováveis", advertiu Sussams.

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