Rio de Janeiro: painel com dados do novo coronavírus na cidade começou a rodar as redes sociais (Lucas Landau/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 9 de julho de 2020 às 19h10.
Última atualização em 9 de julho de 2020 às 20h57.
Um painel com dados do novo coronavírus na cidade do Rio, que permite a busca aproximada por CEP pelo número de casos e mortes pela doença, começou a rodar as redes sociais e os grupos de WhatsApp, despertando curiosidade desde terça-feira. A ferramenta, a Covid Por CEP, criada pelo jovem arquiteto urbanista Thales Mesentier, de 26 anos, extrai dados das fontes oficiais — painéis da prefeitura e do Ministério da Saúde — e os exibe de forma simplificada num grande mapa interativo. Nele, é possível saber, de acordo com os registros oficiais, a situação em cada rua.
"Foram cerca de 4.000 acessos no primeiro dia, e ontem [quarta-feira] já foram mais de 10.000. Era uma ideia que eu tinha desde o início da pandemia, é muito importante um mapeamento espacial detalhado. Quanto mais preciso for o mapeamento local, melhor é o controle que se pode fazer", conta Thales. "Ainda mais neste momento, em que não se sabe se estamos melhorando ou piorando, vejo vários epidemiologistas dizendo que ter um detalhamento espacial dos casos é importante. Na Alemanha teve um surto muito localizado numa fábrica e eles conseguiram detectar e tratar logo, com base em iniciativas como essa."
Na terça, era possível navegar pelos CEPs através do mapa. Na quarta, uma busca já foi incrementada, onde os usuários conseguem também colocar o número desejado e encontrar facilmente sua rua. Ali, então, são exibidos dados de casos acumulados, casos ativos, pacientes recuperados e óbitos acumulados. A cor do ícone referente a cada endereço postal também varia: é mais escura em locais onde há maior acúmulo de registros, e há uma espécie de contorno onde há registro de óbitos. As informações levam em conta o endereço dos diagnosticados.
O que chama a atenção, e pode assustar muita gente também, é o dado referente aos casos ativos em cada CEP. Thales explica que o critério usado pelo MS e pela prefeitura leva em consideração casos que foram diagnosticados, mas que no período de 15 dias ainda não evoluíram para internação ou morte.
O urbanista, que trabalha também com processamento de dados, afirma que estas informações, divididas por logradouro, tinham sido divulgadas pelo Ministério da Saúde no início da pandemia, mas retirados do ar em seguida. Recentemente, eles voltaram, e também passaram a ser disponibilizados pelo município — mas de forma pouco visível na ferramenta oficial. Para ele, o painel da prefeitura é rico em dados, mas peca por vezes na questão da acessibilidade.
"A prefeitura tem idas e vindas no painel. Ele não é, de longe, a pior coisa do mundo, porque existem cidades que tratam os números com muito menos transparência, mas dá para ver que há um vai e vem ali na disponibilização dos dados. Já houve o painel dividido por bairros com mais casos e mortes, agora é preciso clicar um a um ou baixar os dados todos, e não é todo mundo que consegue fazer isso. Eles mudam as variáveis toda hora, o que também confunde um pouco as pessoas. Mas, de fato, há muita informação ali."
A função não é disponível no mapa, o O Globo teve acesso, através do criador da ferramenta, aos dados que mostram quais são os CEPs com mais casos e mortes na capital. No topo das listas, figuram códigos postais em comunidades como Rio das Pedras (112 casos e nove mortes no mesmo CEP) e Rocinha (110 casos no mesmo CEP), e também em áreas mais ricas da cidade, como Barra da Tijuca e Leme.