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Cambridge Analytica sabia voto de usuário de acordo com a roupa

Empresa entrou em colapso após revelações de que detinha dados de usuários do Facebook

 (Luke MacGregor/Bloomberg)

(Luke MacGregor/Bloomberg)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 08h42.

Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 08h44.

O denunciante responsável pelas revelações da Cambridge Analytica disse que a agora extinta empresa de pesquisa de dados usava as preferências de moda dos usuários do Facebook no desenvolvimento dos algoritmos necessários para direcionar mensagens políticas a eles.

Ao compartilhar pela primeira vez exemplos das informações anônimas originalmente coletadas e usadas pela Cambridge Analytica, Christopher Wylie disse que pessoas que demonstravam interesse na Abercrombie & Fitch tendiam a ser menos cautelosas e mais liberais, e que os indivíduos que gostavam da Wrangler em geral eram mais conservadores e mostravam mais interesse na “ordem”.

Em outro conjunto de dados, Wylie disse que as informações mostraram que os indivíduos considerados interessados na revista Vogue e na Macy’s eram, em média, mais liberais e extrovertidos, o que ajudou a Cambridge Analytica a focar seu microdirecionamento de mensagens políticas.

A Cambridge Analytica entrou em colapso após revelações, no início do ano, de que a empresa detinha dados de usuários do Facebook obtidos através de um pesquisador da Universidade de Cambridge sem o consentimento dos usuários. A empresa com sede no Reino Unido usou essas informações para direcionar mensagens políticas a indivíduos durante períodos de campanha.

Wylie discursou na conferência Business of Fashion’s Voices, nesta quinta-feira, em Oxfordshire, Inglaterra. Antes de trabalhar com pesquisas de dados, ele estudou para um doutorado em moda com foco em tendências de modelagem. Ex-diretor de pesquisas da Cambridge Analytica, ele denunciou o escândalo relacionado à privacidade de dados que envolveu a participação da empresa na eleição presidencial de 2016 dos EUA.

Correlacionar preferências pessoais a padrões de votação não é uma novidade, e as empresas de tecnologia constantemente extraem dados de usuários para vender melhor a consumidores e anunciantes. O próprio Facebook utiliza uma enorme equipe de pesquisa para mergulhar fundo nos dados dos usuários e publicou um estudo sobre as eleições com base em um experimento realizado com 61 milhões de usuários para mobilizar os eleitores nas eleições parlamentares dos EUA em 2010.

“Uma das coisas que a Cambridge Analytica percebeu ao conseguir os dados do Facebook foi que as grifes eram realmente úteis na produção de algoritmos sobre como as pessoas se sentem e pensam”, disse Wylie, acrescentando que os dados foram usados de forma direta para ajudar a construir modelos antes da eleição presidencial dos EUA de 2016.

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