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Brasil deve ter apenas 18% de conexões 5G até 2025

Dados da GSMA mostram que o país deve ter 40 milhões de conexões até a data – resultado é puxado principalmente por empresas

País tem desafios para serem superados: atraso do leilão e custo de espectro são alguns deles (Wang Qiming/VCG via Getty Images/Getty Images)

País tem desafios para serem superados: atraso do leilão e custo de espectro são alguns deles (Wang Qiming/VCG via Getty Images/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 10h00.

A polêmica sobre o 5G esteve presente durante todo o ano de 2020: permitir ou não a entrada da Huawei nos leilões e estimativas sobre o quanto a banda larga ultrarrápida deve influenciar o PIB são apenas alguns dos questionamentos que surgiram. Apesar dos esclarecimentos pontuais, uma dúvida ainda permanece: afinal, quando o 5G deve se tornar popular no Brasil? Para a GSMA, associação do setor que representa os interesses de operadoras de redes móveis, isso não deve acontecer no Brasil até 2025.

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De acordo com estudos conduzidos pela associação, por meio de sua filial de inteligência de mercado (a GSMA Intelligence), o Brasil deve ter cerca de 18% de seu volume de conexões operando em 5G até 2025 – o que deve somar algo em torno de 40 milhões de conexões no país.

Esse volume deve ser formado principalmente por empresas, direcionado especialmente à melhora de processos e à adoção de recursos como IoT em seu cotidiano. De acordo com Alejandro Adamowics, diretor de tecnologia e estratégia para a América Latina, trata-se de um comportamento similar ao dos demais países da região.

Globalmente, o volume de conexões 5G em 2025 deve ser de 1,8 bilhão, com a Ásia e Estados Unidos liderando essa corrida, com metade desse total e 48% desse volume, respectivamente. Em terceiro lugar, está a Europa (34%). A América Latina como um todo aparece somente em 7º lugar no ranking, com 7% desse volume.

“O Brasil tem uma ampla gama de setores interessados nisso, que vão desde a agricultura até o automotivo. Isso está relacionado com o potencial de ganhos a serem obtidos por eles, acelerando diferentes processos. Hoje, é claro que todo mundo deseja uma conexão ultrarrápida no celular, mas, ela não é imprescindível”, explica Alejandro Adamowics, diretor de tecnologia e estratégia para a América Latina da GSMA, à EXAME.

Ainda assim, é difícil acreditar que o país consiga ter resultados em curto prazo com o 5G. Este ano, o leilão da nova rede no Brasil foi adiado – e a previsão é que aconteça entre abril e maio de 2021, de acordo com declaração do ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Para o especialista, isso não impede o país de atingir um patamar significativo de adoção, considerando uma análise de um longo prazo. A pandemia exerce seu papel ao impulsionar a transformação digital e encorajando a sociedade a adotar estilos de vida cada vez mais conectados, em todas as esferas.

“O que podemos ver, em longo prazo, são pessoas utilizando os serviços 5G de forma indireta. Por exemplo, com carros conectados. Os motoristas provavelmente não vão fazer um contrato com operadoras para ter acesso a isso, mas sim vão direcionar sua atenção às montadoras. Acredito que um modelo B2B2C deve ganhar espaço, pensando num período longo, explica Adamowicz.

Impactos e desafios

Recentemente, estimativas feitas pela KPMG e Anatel ajudam a dar números a esse conceito. De acordo com uma análise compilada pela EXAME, 40 bilhões de reais devem ser investidos em telecomunicações no Brasil até 2030. Com isso, o 5G pode impulsionar o PIB brasileiro em até US$ 104 bilhões nos próximos dez anos, com a criação de 200 mil empregos diretos.

Para que isso aconteça, é claro, alguns desafios têm de ser superados. A GSMA elenca dois: o custo de espectro, que, de acordo com declarações da Ericsson durante um evento, faz do Brasil o país mais caro do mundo. E a ausência de um volume robusto de “casos de sucesso” com tecnologias que podem ser aprimoradas pelo 5G, o que poderia encorajar operadoras a estimar o retorno do investimento no país.

Para superá-los, a associação destaca que o conceito de Network Slicing (“fatiamento da rede”) é visto como um caminho de entrada para o 5G nas empresas. Não se trata de um conceito novo, mas que vai trazer a possibilidade de operadoras fornecerem parte de suas redes 5G para clientes específicos – como empresas – que podem melhorar processos com o auxílio de IoT, por exemplo.

Com isso, casos de sucesso podem ganhar ainda mais força – e encorajar operadores, na visão da associação. Um exemplo recente está na Europa, com a Shell, que afirmou ter economizado US$ 1 milhão de dólares ao usar IoT para monitorar a extração de petróleo.

Independentemente dos caminhos que o 5G vai tomar, ou do tempo que sua adesão vai levar para ser concluída no território brasileiro, uma coisa é certa: nossas vidas certamente serão influenciadas por ela.

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