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Brasil desenvolve técnica para limpar petróleo no mar

Rio de Janeiro- O Brasil descobriu uma maneira simples e eficiente de retirar petróleo do mar após acidentes como o ocorrido com a BP, cujo método de limpeza de um dos maiores vazamentos de petróleo em mar no mundo foi criticado por biólogos e ambientalistas. No caso da BP, o óleo recolhido está sendo queimado […]

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2011 às 19h23.

Rio de Janeiro- O Brasil descobriu uma maneira simples e eficiente de retirar petróleo do mar após acidentes como o ocorrido com a BP, cujo método de limpeza de um dos maiores vazamentos de petróleo em mar no mundo foi criticado por biólogos e ambientalistas.

No caso da BP, o óleo recolhido está sendo queimado e dispersantes químicos jogados no mar para diluir a mancha.

Na solução brasileira, não apenas é possível retirar quase todo o petróleo derramado no mar como aproveitá-lo novamente, dizem pesquisadores. O método ainda aproveita a glicerina gerada pela crescente produção de biodiesel no país.

O pulo do gato, segundo o professor do Instituto de Macromoléculas da UFRJ, Fernando Gomes de Souza Júnior, 35 anos, que liderou os estudos, foi transformar a glicerina produzida com o biodiesel em um material plástico o mais parecido possível com o petróleo, a partir de uma demanda do governo.

"Hoje em dia são 100 mil toneladas por ano de sobra de glicerina. O governo tem investido em pesquisa para o uso dessa glicerina e um desses casos é o nosso", explicou à Reuters o professor capixaba que chegou há dois anos na UFRJ.

A previsão é de que em 2013, quando a mistura do biodiesel ao diesel no Brasil será elevada dos atuais 4 por cento para 5 por cento, sejam produzidas 250 mil toneladas de glicerina, produto que já é utilizado em detergentes, sabonetes e cosméticos.

"Por isso, consideramos esse produto viável comercialmente, porque a quantidade de glicerina que vai ser produzida é absurda e precisa de um destino para isso", afirmou.


O método, testado com sucesso em laboratório e em processo de registro de patente, consiste em transformar a glicerina do biodiesel em pó, que é jogado sobre o petróleo derramado. A substância nessas condições se transforma em uma espécie de massa plástica flutuante.

"Acontece um fenômeno natural entre o petróleo e esse plástico, a absorção, porque os dois são igualmente hidrofóbicos e se afastam juntos da água", explicou Souza Júnior.

Cada tonelada de glicerina retira 23 toneladas de petróleo, informou.

Para facilitar a retirada da mistura do mar, são acrescentadas partículas de ferro em escala nanométrica na massa plástica que pode ser então atraída por uma esteira magnetizada.

O petróleo, retirado junto à glicerina, recebe uma carga de querosene para ser filtrado.

"Na filtragem vai sair uma mistura de petróleo e querosene, isso pode ir para uma torre de destilação, ser fracionado, e seguir os processos petroquímicos convencionais", informou.

Antes trabalhando com o óleo da castanha de caju, a pesquisa da UFRJ deslanchou após o governo incentivar projetos que aproveitassem a glicerina produzida pelo biodiesel, com objetivo de proteger a cadeia produtiva da glicerina animal.

"Com isso, a gente não quebra a cadeia produtiva que já existe e ainda reaproveita tanto o petróleo retirado como a própria glicerina utilizada", avaliou, ressaltando que desde que foi iniciado o programa do biodiesel, o preço da glicerina vem caindo no mercado.

Financiada em parte pela UFRJ, os direitos da tecnologia foram transferidos para a universidade, que poderá se encarregar pela eventual comercialização do sistema.

Segundo Souza Júnior, uma fábrica para produção da glicerina usada no sistema pode ficar pronta em seis meses a partir do interesse de algum grupo em explorar a técnica.

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