Tecnologia

Brasil anuncia acordo para reduzir envio de spam

Projeto sugere o bloqueio da porta 25, responsável pelo envio direto de e-mails entre remetente e destinatário

Segundo o CGI.br, o Brasil é o 3º país no mundo que mais envia spam e o 4º com o maior número de infecções (Getty Images)

Segundo o CGI.br, o Brasil é o 3º país no mundo que mais envia spam e o 4º com o maior número de infecções (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2011 às 14h10.

São Paulo – O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) anunciou hoje um acordo de cooperação para reduzir o envio de mensagens spam a partir de máquina brasileiras.

O projeto “Gerência de Porta 25” estava em discussão desde 2005 e finalmente foi assinado no último dia 11 de novembro pelo CGI.br, Anatel, Ministério Público (órgãos de Defesa do Consumidor), Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) e Associações de Provedores de Acesso e Serviços de Internet.

A Gerência de Porta 25 reunirá políticas e tecnologias para a redução do envio de spam a partir de máquinas domésticas ao sugerir o bloqueio da porta 25 (portas virtuais são conexões entre computadores utilizadas para a transmissão de dados), responsável pelo envio direto de e-mails entre remetente e destinatário.

Segundo o CGI.br, o Brasil é o 3º país no mundo que mais envia spam e o 4º com o maior número de infecções (ao todo são mais de 1 milhão de máquinas infectadas), ficando atrás apenas da Índia, Vietnã e Paquistão. Cerca de 90% do tráfego de e-mail no país é de spam, originados a partir de redes zumbis (botnets).

Para Henrique Faulhaber, conselheiro do CGI.br e coordenador do projeto, este acordo poderá retirar o Brasil do topo das listas de bloqueio (blacklists) ao diferenciar a submissão de e-mail de um usuário da transmissão de mensagens entre servidores de serviços de e-mail.

“Notamos que o Brasil é utilizado como um meio de disseminação de spam. Dados mostram que 97% do volume de mensagens foram originadas em outros países, sendo que 94% destas tinham como destino outros países e não o Brasil. Ou seja, nosso país vem sendo abusado devido a fragilidade da rede, pois muitos nem sabem que suas máquinas estão enviando e-mails”, afirmou Faulhaber.


Portanto o foco do acordo serão os usuários domésticos banda larga com IP dinâmico (ADSL, cabo, 3G, etc.) que utilizam software de e-mail como Thunderbird ou Outlook e que precisarão modificar a configuração de seus programas para que utilizem a porta 587/TCP ou a 465/TCP (que exigem autenticação, com login e senha), segundo orientação de cada provedor de acesso. Usuários de webmail não precisarão modificar nada.

Desta forma, os provedores poderão filtrar o uso da porta 25, que será utilizada somente para o transporte de mensagens entre os servidores dos provedores. Assim, os spams, que são enviados diretamente para os servidores de e-mail, não conseguirão sair da rede.

“Vamos interferir nessa troca de e-mails para beneficiar os usuários e melhorar a qualidade da rede no Brasil, que hoje gasta duas vezes mais banda devido a entrada e saída de spam. O país se encontra em uma posição constrangedora e isso precisa mudar. Teremos queixas por essa interferência, porém caberá a cada provedor estabelecer exceções cuidadosamente, como identificar empresas de e-mail marketing legítimas, e assim reduzir os impactos para todos”, pontuou Eduardo Levy, diretor-executivo da SindiTelebrasil.

Porém, se um spammer tentar utilizar a porta 587, por exemplo, suas ações poderão ser rastreadas. Mas os executivos ressaltam que mesmo após a mudança da porta na máquina e o uso da autenticação para o envio de e-mails, o usuário não estará totalmente livre de enviar mensagens spam se não cuidar também da segurança de seu computador.

O acordo tem um prazo de implementação de 12 meses, após reunião marcada para dezembro deste ano. E ao atingir 90% de adesão dos provedores a porta 25 será totalmente bloqueada pelas operadoras de Telecom para uso em rede doméstica.

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