Coral: no caso da Grande Barreira, patrimônio da humanidade, o branqueamento provém do aumento da temperatura da superfície do mar (Great Barriier Reef Marine Park/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2016 às 12h02.
Sydney - O branqueamento atinge 95% da seção norte da Grande Barreira de Coral, o maior recife do mundo que se estende ao longo de 2.300 quilômetros no nordeste da Austrália, uma situação pior do que a prevista, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira por meios de comunicação locais.
"Vimos (em um reconhecimento aéreo) enormes níveis de branqueamento na faixa norte da Grande Barreira que se estende por milhares de quilômetros", declarou à emissora de rádio local "ABC" o acadêmico Terry Hughes, da James Cook, a universidade australiana encarregada da pesquisa.
O especialista afirmou que foram examinados 520 corais e só quatro se salvavam do processo pelo qual as colônias de Coelenterata Anthozoa perdem sua cor como resultado do estresse ambiental.
A cadeia de coral que outrora se caracterizava por suas vivas cores adquiriu uma coloração fantasmal desde a cidade de Cairns até o estreito de Torres.
No caso da Grande Barreira, patrimônio da humanidade, o branqueamento provém do aumento da temperatura da superfície do mar.
"Ainda é demais em breve para precisar quantos morrerão, mas a julgar o branco neve nos corais, calculo que a metade deles morrerá no mês próximo, mais ou menos", alertou o acadêmico.
Os corais mantêm uma relação simbiótica especial com um gênero de algas microscópicas chamadas zooxanthellae, que satisfazem 90% de suas necessidades energéticas.
Quando a água se aquece demais, o coral expulsa a zooxanthellae e se branqueia até morrer no prazo de cerca de um mês, mas se a água esfriar antes, sobrevive e recupera a cor.
Justin Marshall, especialista na matéria da Universidade de Queensland, declarou à "ABC" que a mudança climática é responsável pelo branqueamento e criticou o governo por se omitir diante das provas apresentadas desde 1998 sobre a existência do efeito estufa.
"Era inevitável que este fenômeno de branqueamento ocorresse e agora ocorreu. Necessitamos unir a comunidade mundial para reduzir as emissões de gases do efeito estufa", insistiu Marshall.
A saúde da Grande Barreira, que abriga 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e 4 mil variedades de moluscos, começou a se deteriorar na década de 1990 pelo duplo impacto do aquecimento de água do mar e pelo aumento de sua acidez pela maior presença de dióxido de carbono na atmosfera.