Tecnologia

Braço biônico aprende a abrir lata de cerveja e moer temperos

Startup americana desenvolveu uma prótese capaz de prever movimentos e se adaptar às necessidades do usuário

. (Facebook/Infinite Biomedical Technologies/Reprodução)

. (Facebook/Infinite Biomedical Technologies/Reprodução)

São Paulo - Pessoas que nasceram sem algum membro do corpo ou que precisaram amputá-los por necessidade pode usar próteses para simular a existência de braços, mãos, pernas e pés. A partir daí, questões como a precisão dos movimentos e rapidez de resposta dos membros artificiais aos estímulos do cérebro têm desafiado a ciência, que busca chegar o mais perto possível do natural.

Como informa a Wired, na última semana, os Estados Unidos autorizaram a venda do Sense, um sistema eletrônico criado pela startup norte-americana Infinite Biomedical Technologies que usa algoritmos de deep learning (aprendizado profundo, uma das bases da inteligência artificial) para aprimorar a resposta das próteses aos estímulos neurológicos.

Adaptação à rotina do usuário

O funcionamento do Sense permite que eletrodos conectados a uma caixa presente na prótese gravem os padrões de disparo de sinais nervosos, permitindo ao usuário treinar o membro artificial para agir simulando a realidade. Quando a pessoa pensa em fechar a mão, por exemplo, o estímulo gerado contrai alguns músculos do antebraço. O software reconhece os padrões criados por aquele usuário e faz com que a mão artificial se feche.

Infinite Biomedical Technologies

(Infinite Biomedical Technologies)

A chave da técnica é aumentar a quantidade de dados que o braço protético pode receber e ajudá-lo a interpretar essa informação. Isso daria às pessoas que tiveram membros amputados maiores possibilidades de movimento com suas próteses.

Um sistema similar, fabricado pela empresa Coapt, já teve sua venda autorizada em 2017. Atualmente, mais de 400 pessoas utilizam o software, que pode custar entre 10 e 15 mil dólares, em suas próteses - que, por sua vez, podem chegar a 150 mil dólares. Blais Lock, CEO da empresa, conta como teve a ideia de aprimorar os sistemas.

Coapt

(LinkedIn/Coapt)

Após trabalhar com cirurgiões que reparavam danos neurológicos em pacientes amputados, Lock percebeu que seria mais produtivo se as próteses conseguissem captar sinais do corpo e se adaptar. “ A novidade é fornecer um método de controle muito mais natural e intuitivo usando sinais bio-eletrônicos”, explica o CEO.

Tecnologia no caminho para uma vida mais fácil

Nicole Kelly, que é ativista dos direitos das pessoas com deficiência e nasceu sem o braço esquerdo, comemora o fato de que pode moer o tempero de sua comida e abrir uma lata de cerveja mais facilmente desde que adquiriu o novo modelo da prótese. "Meu corpo tem uma curva de aprendizado que está se comunicando com essa tecnologia”, diz em entrevista a Wired. “Estou aprendendo até mesmo o processo de descobrir a melhor maneira de segurar os potes de tempero.”

O sistema da Coapt inclui um botão de reinicialização que permite refazer o padrão de aprendizado caso o usuário não esteja satisfeito.

Outra inovação, ainda em andamento na startup Infinite, são as etiquetas inteligentes, que podem ser coladas nos objetos e orientar a prótese a mudar seu sistema de aperto quando a pessoa se aproxima. Caso entendesse que está perto de uma maçaneta, por exemplo, a prótese se adaptaria para abri-la, mudando logo em seguida se a pessoa desejasse pegar uma xícara de café. Até o momento, a mudança de padrão é feita por um aplicativo no smartphone do usuário.

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