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BlueSky: o que você precisa saber sobre redes sociais descentralizadas

A rede social fundada por Jack Dorsey funciona em uma infraestrutura de Web3; inovação permite que a comunidade de usuários tenha posse dos dados e conteúdo que produz

Jack Dorsey: fundador do Twitter, agora X, é a mente por trás do BlueSky (Bloomberg/Getty Images)

Jack Dorsey: fundador do Twitter, agora X, é a mente por trás do BlueSky (Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 2 de setembro de 2024 às 13h51.

Última atualização em 2 de setembro de 2024 às 18h49.

Bluesky, a rede social que se assemelha ao Twitter em sua aparência e funcionamento, tem ganhado destaque no ambiente digital brasileiro desde a última sexta-feira, 30, quando o X foi suspenso no Brasil. Nos últimos três dias, a plataforma conquistou um milhão de novos usuários brasileiros, um salto significativo em sua base de usuários.

Agora, a plataforma está sendo amplamente adotada no país, tanto que a própria Bluesky declarou em seu perfil: "Agora, este é um aplicativo brasileiro". O aplicativo foi desenvolvido por Jack Dorsey, o mesmo criador do Twitter, em 2019, e tem se tornado uma alternativa atraente para aqueles que buscam um ambiente similar ao do Twitter original.

Bluesky atinge 1 milhão de usuários no Brasil em três dias (em meio à suspensão do X)

A principal diferença entre o BlueSky, e seus pares Mastodon, Diaspora, e Peer, em relação à plataformas como o próprio Twitter ou Facebook está na ausência de um controle centralizado sobre o conteúdo e os dados dos usuários. Em vez de serem armazenados em servidores de uma única empresa, os dados são distribuídos entre diferentes servidores, conhecidos como nós. Isso permite uma maior autonomia para os usuários, que podem escolher em quais servidores querem participar, criando suas próprias comunidades e regras de moderação.

Essa proposta, que fundamente o BlueSky, é inspirada pelos princípios da Web3, termo usado para descrever a próxima geração da internet, onde a descentralização, o uso de criptomoedas e a privacidade são os pilares fundamentais. No entanto, enquanto a Web3 se concentra em criar uma nova infraestrutura para toda a internet, o BlueSky foca especificamente em reformular como as redes sociais funcionam.

De acordo com Luiz Neto, fundador e CEO da DUX, startup especializada em Web3, atuar por meio de um protocolo descentralizado muda completamente a dinâmica das redes sociais. "Em caso de suspensão de determinada informação na rede, seria necessário um bloqueio multilateral, simultâneo, em vários desses nós que compõe o serviço".

No caso da BlueSky, a plataforma utiliza o protocolo AT (Authenticated Transfer Protocol), que permite a interoperabilidade entre diferentes serviços de redes sociais descentralizadas. Isso significa que, em teoria, um usuário do BlueSky poderia interagir com usuários de outras redes sociais descentralizadas que utilizam o mesmo protocolo, criando um ecossistema mais conectado e sem barreiras.

Uma resposta às preocupações com a privacidade

Nos últimos anos, as redes sociais centralizadas têm enfrentado crescente crítica devido ao seu uso de dados pessoais para fins comerciais e à falta de transparência em suas operações. O BlueSky busca resolver esses problemas ao dar aos usuários a capacidade de controlar seus próprios dados e decidir como suas informações são compartilhadas.

"Além disso, a descentralização impede que uma única entidade controle o fluxo de informações, o que pode ajudar a mitigar a censura e a manipulação de conteúdo, questões frequentemente levantadas em debates sobre o impacto das redes sociais na sociedade", afirma Neto.

Mas, por outro lado, essa nova estrutura também apresenta desafios, como a dificuldade em moderar conteúdos potencialmente prejudiciais de forma eficaz, uma vez que cada comunidade pode dificuldade a ação de uma instituição que exija a remoção de determinado conteúdo, como no caso do "STF vs. X".

"O foco da Web3, por enquanto, é na tecnologia, não a utilização dela. Isso é normal quando nerds desenvolvem soluções para outros nerds. Isso cria uma fricção na experiência do usuário, e o usuário final acaba encontrando algumas dificuldades para entender o que ele está usando. Em momentos como esse, com o bloqueio do X, mais pessoas começam a entrar, mais dinheiro e movimento surgem, e aí a experiência do usuário melhora, e diferentes soluções são encontradas", completa Neto.

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