maelstrom (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 18h18.
Apesar de atuar em mais campos, a BitTorrent é hoje bem mais conhecida pela relação que tem como o protocolo homônimo do que por qualquer uma de suas iniciativas. Mas esses projetos secundários formam, talvez, a parte mais interessante da empresa, que possui uma alternativa ao Dropbox (o Sync), um mensageiro (o Bleep) e, a partir desta quarta-feira, um projeto de navegador baseado na arquitetura de compartilhamento peer-to-peer.
Batizado de Projeto Maelstrom, o browser foi anunciado em uma postagem no blog oficial da companhia e está longe de ser só mais um neste já saturado mercado. Ainda em fase de testes fechados, o navegador é baseado no projeto de código aberto Chromium e pretende basicamente mudar a forma como a internet é construída.
Segundo o texto assinado pelo CEO da companhia Eric Klinker, a projeto surgiu a partir de uma pergunta: E se mais partes da web funcionassem como o BitTorrent?. A ideia dos idealizadores do programa, portanto, é substituir a velha estrutura cliente-servidor por uma que segue a linha da que é usada no compartilhamento de arquivos P2P.
Ou seja, em vez de fazer com que todas as pessoas acessem um site a partir de um só lugar, o sistema faz com que partes das páginas sejam disponibilizadas pelos próprios usuários. A partir disso, o mesmo princípio por trás dos seeders e leechers de um torrent passa a funcionar: quanto mais internautas tiverem acessado o endereço, mais ágil será a conexão, mais ou menos como acontece com um filme, por exemplo. Os servidores centralizados, é claro, continuam existindo, como ressalta Klinker mas certamente em menor número.
E a proposta não envolve apenas acelerar a navegação. Fazer com que o conteúdo de um site fique descentralizado ainda ajuda a preservar a neutralidade da rede (já que dificilmente provedores conseguirão achar a origem do tráfego) e até a evitar a censura. Se um site for tirado do ar por um governo, partes dele continuarão existindo e acessíveis através de outros internautas. E se vingar, o sistema e o projeto também um dia poderão servir como uma alternativa a servidores de cache, visto que existirão vários deles espalhados por aí.
No entanto, essas ainda são só possibilidades. Como destacou o The Verge, o Maelstrom ainda está em seus primeiros dias de planejamento, e há um bom número de perguntas que precisam ser respondidas e problemas de design que precisam ser discutidos.
Uma das dificuldades envolve os endereços de sites hospedados em torrent, que estão longe de ser memorizáveis. Compostos por uma mistura de letras e números, eles precisarão ser traduzidos como acontece com o DNS, contou Klinker à reportagem.
Para começar resolver isso tudo, uma espécie de kit de desenvolvimento de software (SDK) deverá ser liberada pela BitTorrent no começo do ano que vem, assim como os primeiros convites para ajudar no projeto do navegador. Se estiver interessado em participar, dá para pedir acesso por aqui.