BIG Festival, em 2019: este ano, a ideia é trazer experimentação de jogos, debates e rodadas de negócios para evento digital multiplataforma (BIG Festival/Divulgação)
Thiago Lavado
Publicado em 30 de março de 2021 às 16h58.
Última atualização em 30 de março de 2021 às 18h19.
Navegar em eventos online tem sido um desafio em um mundo onde realizá-los fisicamente se tornou impossível. A CES, maior feira de tecnologia do mundo, tradicionalmente realizada em Las Vegas, foi descrita como difícil de acompanhar, e cheia de apresentações e salas de conferência em vídeo e baixa integração.
Mas o BIG Festival, maior festival independente de games da América Latina, está disposto a tentar e tem um plano para fazer um evento online diferente de qualquer outro.
O festival, que acontece entre os dias 3 e 9 de maio, terá participação de desenvolvedoras nacionais e internacionais de jogos, plataformas e até uma parceria inédita no Brasil com o Discord, canal de comunicação bastante utilizado pela comunidade gamer. Todo o evento é gratuito, à exceção das rodadas de negócio, e o cadastro pode ser feito pelo site.
“Estamos redesenhando o evento do zero. Temos a experiência do evento físico, mas o desafio é como transportar os aspectos essenciais do BIG para o ambiente online”, afirma Gustavo Steinberg, idealizador do festival.
No ano passado, pega repentinamente pelo início da pandemia, a organização do evento optou por realizar apenas a área de interações comerciais, em que produtoras e desenvolvedoras de jogos poderiam fechar parcerias e acordos. A organização do festival transpôs as ferramentas de reuniões para o virtual e obteve sucesso com esse aspecto do evento. Desde 2012, segundo estimativas da organização, o BIG já gerou 200 milhões de dólares em negócios durante o evento.
Em 2021, a ideia é repetir esse processo, mas também trazer a área de usuários e gamers, que teve de ser deixada de lado no ano passado. Para isso, os organizadores pesquisaram o que deveria ser apresentado e como fazer isso.
O BIG este ano contará com área de palestras, rodadas de negócios, campeonatos amadores de e-sports e até um portal de empregos para permitir que os participantes possam buscar por oportunidades na área de forma organizada, não só pelos contatos durante o festival. Os estúdios de jogos deixarão os games disponíveis para ser experimentados em plataformas digitais em nuvem, à demanda dos participantes do evento.
No Discord, a ideia é simular os estandes virtuais. Gostou do jogo? Clique no botão para falar com o desenvolvedor. O usuário será direcionado, então, para o aplicativo e poderá entrar numa sala para conversar com quem fez aquele game.
“O mais importante é o conteúdo, as pessoas querem chegar no jogo. Quando selecionamos o jogo para um evento presencial o estúdio precisar levar um computador e precisa estar lá para mostrar o jogo e conversar. No festival online é a mesma coisa, é preciso estar disponível para falar no nosso servidor no Discord”, afirma Steinberg.
O mercado de games, a exemplo de outros setores que se beneficiaram de as pessoas passarem mais tempo em casa, vive um momento de crescimento. A indústria terminou o ano passado avaliada em 179 bilhões de dólares, segundo dados da consultoria IDC, com alta de 20%. É esperado que o número de pessoas jogando passe de 3 bilhões nos próximos dois anos.
De acordo com Steinberg, esse crescimento e as dinâmicas do mercado se refletem no festival, que frequentemente aborda novidades, tendências e discussões correntes no setor. Este ano, as palestras devem continuar discutindo os principais temas, como rentabilidade do mercado, games mobile, entre outros — a programação será divulgada nos próximos dias.
Steinberg, no entanto, deixa claro: o BIG Festival não é só voltado para a indústria. “Acredito que muita gente ainda não conhece o BIG ou pensa que é algo para a indústria, e não é. É um lugar para aprender sobre jogos, e tem muitas pessoas procurando isso”, disse.