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BIG Festival debate a presença brasileira na indústria dos jogos

Edição online do BIG Festival traz palestras sobre presença brasileira no exterior, campeonatos de eSports e mais

BIG Digital: festival de jogos independentes da América Latina acontecerá online (BIG Festival/Reprodução)

BIG Digital: festival de jogos independentes da América Latina acontecerá online (BIG Festival/Reprodução)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 18 de junho de 2020 às 13h43.

Última atualização em 18 de junho de 2020 às 14h56.

Apenas em 2019, a indústria de videogames faturou mais de 120 bilhões de dólares. Englobando tanto o mercado de jogos mobile, para computador e para consoles como Xbox e PlayStation, a indústria teve um aumento de 4% de 2018 para 2019. E, mesmo com a quarentena, o ano de 2020 também está sendo favorável para os jogos eletrônicos: a consultoria Newzoo estima que o mercado terá um faturamento de mais de 159 bilhões de dólares.

A paralisação global, embora tenha afetado negativamente diversas indústrias, não trouxe prejuízos para os videogames. E é por isso que, dada a importância de discutir sobre o tema neste momento, o BIG Festival de 2020 acontecerá de forma virtual. Neste ano, o festival de jogos independentes da América Latina será transmitido online e gratuito — e aproveitará para fazer com que o debate do mercado nacional de jogos alcance mais pessoas.

Em 2019, a Newzoo analisou que o Brasil tem mais de 75 milhões de jogadores ativos, e faturou mais de 5,6 bilhões de reais — englobando todas as áreas. Mas nem sempre foi assim. No começo dos anos 2000, o mercado brasileiro de jogos era menor e pouco se sabia sobre como ingressar na área. Jeferson Valadares, fundador da Doppio Games, saiu do Brasil em 2005 em busca de oportunidades

Ele contou para a EXAME que se mudou para Helsinque, na Finlândia, na primeira metade da década para trabalhar com jogos para dispositivos mobile. Sua carreira no exterior o encaminhou para empresas como a Electronic Arts e o Facebook — tanto na Europa como nos Estados Unidos. "Em 2018, percebi que já havia trilhado um bom caminho na minha carreira e queria ter um desafio a mais. Foi aí que decidi arriscar no empreendedorismo e montar minha própria empresa." 

Jeferson, que é formado na Universidade de Pernambuco, tem um longo histórico com programação e design de jogos. Para sua própria iniciativa, ele escolheu, porém, desenvolver trabalhos guiados por voz. Um exemplo é o jogo The Vortex, que funciona com assistentes de voz como Alexa, da Amazon, e Google Assistente, do Google.

O CEO da Doppio acrescentou que, por mais que o mercado brasileiro esteja sendo cada vez mais bem-visto e melhor trabalhado, o contato com pessoas do ramo no exterior já coloca o profissional em uma posição privilegiada. Além de Jeferson, outros profissionais também foram atrás de experiência internacional — é o caso de Reginaldo Valadares, gerente-geral da companhia americana Scopely.

Também focado no mercado de celulares, Reginaldo começou a trabalhar com jogos para mobile. "No mercado de jogos, ter um bom inglês e disponibilidade para se mudar já te coloca na frente de muitos candidatos. O universo de jogos fora do Brasil é extenso — especialmente na Europa —, e as áreas relacionadas com animação sempre estão com portas abertas", disse Reginaldo.

Já Drussila Hollanda-Grönberg, diretora de projetos na também finlandesa Supercell, começou pela parte de artes e gráficos de jogos. Cerca de 13 anos após o início de sua carreira, Drussila participou da Gamers Developers Conference em Berlim e conheceu a Supercell — ao ver que eles estavam procurando talentos para a criação de jogos mobile, a artista não pensou duas vezes. 

"Eu sempre gostei de trabalhar e criar jogos que possam ser acessados pelo maior número de pessoas possível, e os jogos mobile se encaixam nisso." Segundo Drussila, que hoje está em um cargo de liderança na empresa, a indústria valoriza muito mais experiência no mercado e possibilidade de se mudar para o exterior do que formação — afinal, o mercado de jogos costuma buscar talentos específicos.

Para os brasileiros que almejam ir ao exterior, ela aconselha que busquem contato com as empresas pelos meios digitais. "Se você tem uma empresa, um jogo em mente, já acompanha o trabalho daquela startup ou companhia e tem vontade de entrar no mercado: insista nos meios de contato. As empresas estão sempre atrás de novos talentos", disse Drussila.

E também existem brasileiros em destaque no mercado de áudio: Antonio Teoli, fundador da empresa Andromeda Sounds, se mudou para Los Angeles depois de anos trabalhando como freelancer. "Estando nos Estados Unidos e trabalhando com sons e dublagem, o acesso a dubladores bilíngues e melhores oportunidades nas grandes companhias — como Nintendo — é bem mais fácil", disse Teoli.

Embora Antonio reconheça que para crescer na indústria de jogos do Brasil seja necessário trabalhar o dobro, ele aponta que eventos como a Brasil Game Show e o BIG Festival possibilita que o país se destaque, mundialmente, como um território com indivíduos criativos. "A partir de 2014, o BIG auxiliou a colocar o Brasil no mapa mundial de festivais de desenvolvedores", disse Antonio.

Atualmente, a forte presença de empresas internacionais, como Riot Games, Valve, Niantic, Ubisoft e Garena, mostra que o Brasil está se tornando uma localização de referência tanto no quesito de jogadores como de profissionais. Confira a programação do BIG Digital 2020 — que inclui campeonatos de esportes eletrônicos, palestras e rodadas de negócios — por meio do site oficial.

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