Painel solar: cada vez mais clientes estão reduzindo sua dependência da rede elétrica, recorrendo a painéis solares (sxc.hu)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2014 às 23h44.
San Francisco/Houston - O rápido desenvolvimento da tecnologia de painéis solares em tetos e de armazenamento em baterias poderia transformar a economia e a vida moderna tanto quanto o boom de petróleo e de gás nos EUA, disse o Secretário de Energia, Ernest Moniz[MC1] .
“É bastante dinâmico”, disse Moniz ontem em entrevista à Bloomberg News na conferência IHS CERAWeek, em Houston. “Essas tecnologias estão crescendo muito, muito rápido”. As baterias permitem aos clientes com painéis solares armazenar energia durante o dia e depois utilizar o excesso pela noite, quando o sol se põe. O uso generalizado de veículos elétricos poderia transformar o desenvolvimento das cidades, e a aplicação da mesma tecnologia de armazenamento em baterias para transformar o sistema de energia dos EUA tem um “potencial enorme”, disse Moniz.
Os avanços no armazenamento em baterias poderiam ameaçar o modelo de negócios monopólico das empresas de energia, de cem anos, que registra cerca de US$ 360 bilhões em vendas anuais de energia. Cada vez mais clientes estão reduzindo sua dependência da rede elétrica, recorrendo a painéis solares e ao armazenamento em baterias como forma de reduzirem suas contas.
“O armazenamento é algo muito importante”, disse Moniz.
Novas técnicas como a perfuração direcional e o fraturamento hidráulico nas formações de xisto ajudaram a que a produção de petróleo nos EUA crescesse pelo recorde de mais de um milhão de barris diários no ano passado, quando se estima que os EUA tenham ultrapassado a Rússia e a Arábia Saudita como maiores produtores de petróleo e de gás natural do mundo.
Os avanços subverteram os mercados mundiais, pois um país que antes era muito mais dependente das importações agora está afetando as exportações. Os EUA cobriram 86 por cento das suas necessidades de energia nos primeiros 11 meses de 2013, a maior proporção desde 1986, segundo a Administração Americana de Informação sobre Energia.
Perturbando a indústria
Pesquisadores da Exxon Mobil envolvidos em estudos sobre o impacto da nova tecnologia em 2008 identificaram as baterias que poderiam armazenar energia ,como as usadas nos veículos elétricos, como o avanço no ramo da energia com o maior potencial perturbador, conforme “Private Empire”, um livro publicado pelo jornalista Steve Coll em 2012.
“Se houve uma tecnologia emergente de energia que pareceu ter o potencial prático para perturbar as hipóteses da indústria do petróleo sobre a economia do transporte, foi essa”.
Finalmente, a Exxon concluiu que o uso de baterias nos veículos elétricos não tinha avançado ainda até o ponto de se tornar transformador, ele escreveu.
Os proprietários poderiam usar o armazenamento em baterias junto com a energia solar para reduzir ainda mais sua dependência das empresas de energia e vender eletricidade de volta à rede, um novo modelo de negócios conhecido como geração distribuída.
Armazenamento de energia
Empresas de energia solar, como a SolarCity Corp. e a SunPower Corp., estão se expandindo para o armazenamento de reserva de energia. Espera-se que os custos das baterias caiam à medida que os fabricantes, incluindo a montadora de carros elétricos Tesla Motors, aumentem a produção. Em maio de 2013, a Tesla pagou ao Departamento de Energia US$ 451,8 milhões que restavam do Empréstimo de Fabricação de Veículos com Tecnologia Avançada que recebeu em 2009.
Na semana passada, o CEO da Tesla, Elon Musk, disse que planeja construir uma “gigafábrica” de baterias de íon-lítio, o que poderia perturbar ainda mais o negócio das empresas de eletricidade, já que reduziria os gastos do armazenamento de energia, segundo a Morgan Stanley.
Os custos dos veículos elétricos caíram por um coeficiente de dois nos últimos cinco anos, e terão que baixar por “outro coeficiente de dois ou três” para serem acessíveis ao consumidor médio, disse Moniz.
A Tesla, sediada em Palo Alto, Califórnia, está procurando reduzir em pelo menos 30 por cento o custo das baterias de íon-lítio, disse a empresa na semana passada.