Tecnologia

A balada do Softbank: IPO da Arm é novo desafio do gigante sob pressão

A companhia já investiu US$ 3,5 bilhões em 48 startups latinas e esses investimentos estão avaliados em US$ 6,9 bilhões. No entanto, os negócios feitos na China seguem suspensos e sob escrutínio do governo

MASAYOSHI SON: para quem mira o longo prazo, o empresário tem desafios em série no presente | Tomohiro Ohsumi/Getty Images /  (Tomohiro Ohsumi/Getty Images/Getty Images)

MASAYOSHI SON: para quem mira o longo prazo, o empresário tem desafios em série no presente | Tomohiro Ohsumi/Getty Images / (Tomohiro Ohsumi/Getty Images/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 06h30.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2025 às 11h41.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

O SoftBank, um dos maiores investidores do mundo, anunciou nesta terça-feira (8) que desistiu da venda da fabricante de chips Arm para a Nvidia. O negócio, avaliado em US$ 80 bilhões, foi abandonado devido a dificuldades regulatórias. Como alternativa, o grupo japonês agora planeja abrir o capital da empresa no mercado financeiro.

E se por um lado a empresa enfrenta dificuldades com o braço de chips, no seguimento de investimos, via o Vision Found, a empresa tem se dado melhor. Um exemplo é o despejo de dinheiro que fez ma América do Sul, onde já investiu cerca de US$ 3,5 bilhões em startups desde 2019.

Alguns desses aportes geraram retornos expressivos, como os da QuintoAndar e VTEX, que quadruplicaram de valor. Outras empresas, como Unico e Omie, recentemente atingiram o status de unicórnio, sendo avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. No total, os negócios do SoftBank na região já alcançam uma avaliação de quase US$ 7 bilhões.

Lucro cai 39% em meio a problemas na China

Apesar do sucesso na América Latina, o conglomerado enfrenta desafios em outros mercados. No último balanço trimestral, o SoftBank registrou um lucro líquido de ¥ 761,5 bilhões (aproximadamente US$ 6,9 bilhões), o que representa uma queda de 39% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado contrasta com o desempenho do ano fiscal passado, quando a empresa obteve quase 5 trilhões de ienes de lucro – o maior já registrado por uma companhia japonesa.

Há seis meses, o cenário era mais favorável. No primeiro trimestre do ano, o SoftBank registrou US$ 46 bilhões de lucro, impulsionado pela valorização de startups que abriram capital no período.

Incertezas no mercado chinês

Grande parte dos desafios enfrentados pelo SoftBank está ligada à China. Em agosto, a empresa decidiu suspender novos investimentos no país, citando a incerteza regulatória sobre companhias de tecnologia. O CEO Masayoshi Son indicou que o grupo manteria uma posição cautelosa enquanto aguardava medidas do governo chinês.

Anteriormente, o SoftBank havia comemorado ganhos com empresas como a Didi Global, plataforma de transporte por aplicativo, e a Full Truck Alliance, conhecida como o “Uber dos caminhões”. No entanto, ambas são listadas na Bolsa de Nova York e foram impactadas pelas recentes restrições regulatórias chinesas. Além disso, o grupo busca reduzir sua dependência da Alibaba, uma de suas participações mais significativas, cujo valor de mercado também foi afetado.

SoftBank segue reavaliando portfólio

Diante desse cenário, o SoftBank continua ajustando sua estratégia global, buscando novas oportunidades na América Latina e reavaliando sua exposição ao mercado chinês. O IPO da Arm surge como uma tentativa de reforçar a posição financeira do grupo e reduzir as incertezas causadas pela regulação internacional.

  • Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam seu bolso.
Acompanhe tudo sobre:BalançosSoftBankExame Hoje

Mais de Tecnologia

Apple desativa criptografia do iCloud no Reino Unido após pressão do governo

Meta cria fundo de US$ 50 milhões para criadores de conteúdo em realidade virtual

Meta anuncia aumento de bônus de executivos em 200%

Custando 40% menos que o tradicional, café solúvel surgiu a pedido do Brasil nos anos 1930