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Bactéria da Ásia ameaça laranjas da Flórida

A produção de cítricos na Flórida está ameaçada por uma doença provocada por uma bactéria da Ásia, que afeta essas árvores frutíferas e preocupa os cientistas

laranja (©afp.com / Joe Raedle)

laranja (©afp.com / Joe Raedle)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2013 às 14h55.

Washington - A produção de cítricos na Flórida, sudeste dos Estados Unidos, segundo maior produtor de suco de laranja depois do Brasil, é ameaçada por uma doença provocada por uma bactéria da Ásia, que afeta essas árvores frutíferas e preocupa os cientistas.

Esta enfermidade, chamada "Citrus Huanglogbing" ou "enverdecimento dos cítricos", torna as frutas amargas e faz com que caiam da árvore antes de amadurecer.

Gradativamente, o micróbio, transmitido por um pequeno inseto, o psilídeo-asiático-dos-citros ('Diaphorina citri Kuwayama' ou ACP em inglês), priva os frutos de nutrientes.

E a doença, que afeta sobretudo as laranjas, pode permanecer latente por cinco anos antes de se manifestar, quando é tarde demais para agir, explicou à AFP Greg Carlton, do Departamento de Agricultura da Flórida (sudeste).

Desde seu aparecimento em 2006, essa praga se estendeu por toda a área de produção do estado, o que representa 200.000 hectares. "Vemos cada vez mais desses insetos e árvores doentes", acrescentou, destacando que em 2012, 20% das frutas caíram prematuramente no solo.

"Esta doença realmente afeta nossa produção de cítricos", disse o especialista.

Antes de esta bactéria devastar os cultivos, a Flórida produzia mais de 200 milhões de caixas de cítricos por ano (cerca de 8 milhões de toneladas), mas para esta temporada espera-se uma colheita de 133 milhões de caixas, o que representa uma redução em um terço da produção, disse.

Ao mesmo tempo, os custos para combater esse parasita mais que dobraram nos últimos cinco anos, passando de 800 dólares por 0,4 hectare (1 acre) para 1.900 dólares por 0,4 hectare (1 acre).

"Se não encontrarmos uma cura, esse patógeno vai dizimar a indústria de cítricos na Flórida e acabaremos pagando cinco dólares por uma laranja que, além disso, será importada", advertiu o senador democrata do estado, Bill Nelson, que ajudou a obter 11 milhões de dólares do governo federal para financiar a pesquisa contra a doença.

A indústria de cítricos gera 9 bilhões de dólares e quase 76.000 empregos na Flórida e é um dos principais motores da economia do estado.

"Temos fé na ciência"

A "Citrus Huanglogbing" já custou 4,5 bilhões de dólares e 8.200 empregos, disse Michael Sparks, presidente da Florida Citrus Mutual (FCM), associação comercial que representa os produtores, citando um estudo feito pela Universidade da Flórida.

"Tem sido duro, mas temos fé na ciência para salvar nossa indústria", disse à AFP, destacando que durante os últimos sete anos, a FCM destinou cerca de 70 milhões de dólares à pesquisa.

"Nossa produção total continua diminuindo, mas temos feito mudanças significativas nos nossos cultivos que deveriam permitir preservar um grande número de árvores até que se encontre uma solução", destacou, otimista.

Além de cortar grande quantidade de árvores afetadas, os produtores tratam os cultivos com inseticidas, acrescentou o chefe da FCM.

Também usam nutrientes para fortalecer as árvores e os cítricos cultivados em estufas antes do transplante.

A Flórida não é o único estado a sofrer grandes perdas devido a esta doença. Foram detectados insetos portadores da bactéria responsável pelo "enverdecimento dos cítricos" em Texas (sul) e Califórnia (oeste), que cedo ou tarde terão a mesma sorte com suas laranjas, toronjas e limões, disse Sparks.

O "enverdecimento dos cítricos" também é um problema internacional que afeta em particular o Brasil, maior produtor mundial de laranjas, destacou o especialista, afirmando que os produtores americanos compartilham seus esforços de pesquisa com colegas brasileiros e de outros países.

O biólogo molecular Abhaya Dandekar, da Universidade da Califórnia em Davis, disse que a bactéria afeta o sistema imunológico dos cítricos, assim como seu metabolismo, mas não é portadora da toxina.

"A investigação se concentra principalmente na genética para desenvolver árvores geneticamente modificadas capazes de resistir à bactéria", disse à AFP.

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