Tecnologia

As tecnologias por trás da Olimpíada 2021

Como equipamentos ajudam a aumentar a segurança e melhorar a mobilidade, além de auxiliar atletas olímpicos a superar limites

SAP: empresa tem tecnologia de coleta e análise de dados de desempenho de atletas (YouTube/SAP/Reprodução)

SAP: empresa tem tecnologia de coleta e análise de dados de desempenho de atletas (YouTube/SAP/Reprodução)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 24 de julho de 2021 às 09h00.

A Olimpíada 2021 começou e a tecnologia atua em diversas frentes nos bastidores do maior evento esportivo do mundo. Análise de dados, monitoramento, mobilidade, internet e imagem de TV de altíssima qualidade estão entre as novidades do evento. 

Não é de hoje que a Olimpíada é marcada pelo uso de tecnologias chamativas ou inovadoras, como o globo de drones que foi uma das principais atrações da cerimônia de abertura. 

Para Arthur Igreja, professor convidado da FGV, especialista em inovação e autor do livro “Conveniência é o Nome do Negócio”, a Olimpíada sempre foi um marco no lançamento de inovações. 

“O evento é um showcase do país sede. Só lembrar da mochila foguete que já foi usada em abertura, das tecnologias já empregadas em tantas Olimpíadas anteriores. E agora, somando isso ao Japão que é um país absolutamente tecnófilo, isso gera ainda mais expectativas. Além de um evento esportivo, é um fenômeno de comunicação, marketing e afirmação do país em se refletir ainda mais para o mundo”, afirma Igreja, em entrevista para a EXAME.

Com o avanço do uso de dados no treinamento esportivo, cada vez mais esportes aderem ao monitoramento de movimentos e cruzamento de informações para melhorar o desempenho dos atletas. 

Um caso que ganhou fama no Brasil durante a Copa do Mundo de 2014 foi o uso da solução de análise de big data da empresa alemã SAP pela seleção da Alemanha, que derrotou o time brasileiro por 7 x 1. A equipe analisou inúmeros dados sobre treinamentos e jogos para melhorar o desempenho em campo. 

A solução usada foi a Match Insights, desenvolvida em parceria com a Deutscher Fussball-Bund (DFB), confederação alemã de futebol. O aplicativo permitiu que técnicos e preparadores processassem todo o volume de informações gerado em uma partida ou mesmo na preparação e obter dicas de como melhorar o desempenho da equipe.

“O uso de tecnologia é fator decisório. Assim como no mundo dos negócios, isso virou uma corrida de quem usa melhor a tecnologia a seu favor. A tecnologia ajuda a responder melhor às perguntas que temos, como por exemplo, como performar mais rápido, formar o melhor time, e também para suscitar questões que não pensamos”, diz Igreja.

Neste ano, a SAP não ficou de fora dos Jogos Olímpicos. A empresa patrocina o triatleta Jan Frodeno, que utiliza a solução chamada SAP Business Technology Platform para analisar os dados sobre seus treinos e descobrir como melhorar seu desempenho na natação, no ciclismo e na corrida.

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“Muitos atletas usam rastreadores de condicionamento físico, dispositivos vestíveis, relógios esportivos e smartphones durante o treinamento e competição”, diz Frodeno, em comunicado. “Para mim, como atleta profissional, tenho um forte desejo de coletar o máximo de dados possível usando as tecnologias mais recentes. O desafio não é coletar os dados, mas como gerenciá-los e derivar valor deles, permitindo que minha equipe tome decisões bem informadas e orientadas para o desempenho.

Tecnologia do tempo

No atletismo e em várias outras modalidades esportivas, é necessária uma tecnologia crucial para determinar o vencedor: um bom relógio. A responsável por isso na Olimpíada 2021 é a suíça Omega. 

A empresa utiliza pequenos sensores colocados nas camisas de todos os atletas para coletar e analisar dados de desempenho nas provas. São analisados cerca de  2.000 conjuntos de dados por segundo, entre eles, velocidade e aceleração. 

Já no vôlei de praia, a empresa utiliza uma câmera com recursos de inteligência artificial em seu software para medir tanto a altura do lançamento quanto do pulo do jogador. Essa técnica não será usada apenas no vôlei. A Omega também utilizará a tecnologia em modalidades como ginástica, natação e ciclismo.

Performance

O tênis é outro esporte que tem a tecnologia presente para análise e melhoria do desempenho dos jogadores. Empresas como a Hawk-Eye Innovations utilizam câmeras de monitoramento que captam com precisão milimétrica se a bola caiu dentro ou fora da quadra. 

No beisebol, a dinamarquesa TrackMan auxilia, com sua tecnologia, os jogadores do time do Japão a melhorar o desempenho em busca da medalha na Olimpíada, que acontece no quintal de casa. A empresa se vale de tecnologias semelhantes às utilizadas em radares aéreos das forças armadas para identificar e coletar dados de arremessos e tacadas. Com as informações, é possível treinar especificamente a técnica deficitária.

O gigante chinês de tecnologia Alibaba criou o Alibaba Cloud Pin, uma espécie de bottom digital baseado em nuvem, para profissionais de mídia nas Olimpíadas de Tóquio. A proposta do aparelho é viabilizar a troca de informações sobre atividades diárias, ao mesmo tempo em que os usuários mantêm o distanciamento social para evitar o contágio da covid-19. 

Assim como outras empresas, o Alibaba também trabalha, em parceria com a americana Intel, para hospedar a tecnologia de rastreamento de atletas. Com o uso de técnicas de inteligência artificial do serviço de computação em nuvem Alibaba Cloud, a companhia pode analisar vídeos de atletas e gerar modelos tridimensionais deles para ajudar nos treinamentos.

Transporte

Para além da performance dos atletas, a tecnologia marca presença nos transportes na Olimpíada 2021. A montadora japonesa Toyota tem um veículo autônomo (com supervisão humana) para transportar até 20 pessoas de um ponto a outro durante os jogos. Os veículos são elétricos e têm um alcance de cerca de 150 km, atingindo velocidade de 19 km/h. 

Eles têm sensores avançados para detectar objetos, pessoas e obstáculos no trajeto, como câmeras e sensores LiDAR (usados em carros autônomos em testes, como o carro do Google). 

Veja o veículo no vídeo abaixo.

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Reconhecimento facial

Quem chegou ao Japão a bordo dos voos de ANA, Swiss International Air Lines e Lufthansa teve contato com uma tecnologia de reconhecimento facial da NEC para realização de check-in com precisão de 99,9%. 

A tecnologia é tão exata que chega a dispensar a apresentação de passaporte ou mesmo da passagem aérea. Ela funciona mesmo em tempos de pandemia, uma vez que pode identificar rostos mesmo usando máscaras de proteção contra a covid-19. A análise de dados biométricos, especialmente dos olhos das pessoas, se dá em apenas um segundo.

Internet e transmissão em resolução 8K

As empresas Cisco, NTT DOCOMO e Intel firmaram uma parceria com o Comitê Olímpico Internacional para fornecer a infraestrutura de rede de internet 5G dos Jogos Olímpicos de 2021. Baseada no processador Intel Xeon, a rede permitirá a conexão dos 42 locais de competição dos jogos, além da Vila dos Atletas. 

Por fim, quem estiver no Japão poderá acompanhar a Olimpíada em resolução de imagem 8K. Se você nem sabe o que é isso vale uma explicação comparativa: ela tem 16 vezes mais pixels do que os que são exibidos em uma TV de resolução Full HD, ou quatro vezes mais do que em uma TV 4K. A transmissão será realizada pela emissora pública japonesa NHK, em seu canal BS8K (Broadcast Satellite 8K). 

A emissora prevê 200 horas de cobertura em 8K, incluindo jogos, de esportes como natação, atletismo e judô, e cerimônias. nos jogos paralímpicos, haverá transmissão em 8K para atletismo, natação, badminton e rúgbi em cadeira de rodas. De acordo com a consultoria Statista, 8,8 milhões de residências japonesas tinham uma TV 4K ou 8K no ano fiscal de 2019, número que a empresa de pesquisa estima ultrapassar 16 milhões neste ano.

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