Tecnologia

Apresentação da Apple demonstra aumento da ameaça da Google

Companhia está intensificando os esforços para que os programadores não troquem a empresa pela Google ou outra

Tim Cook, CEO da Apple, durante apresentação da WWDC 2014, em San Francisco (David Paul Morris/Bloomberg)

Tim Cook, CEO da Apple, durante apresentação da WWDC 2014, em San Francisco (David Paul Morris/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2014 às 17h41.

San Francisco - A apresentação da Apple para os desenvolvedores ontem durante sua conferência anual mostra o quanto o CEO Tim Cook está intensificando os esforços para que os programadores não troquem a empresa pela Google ou outra.

Como a Google está tentando atrair os codificadores e designers para que eles criem mais para o software móvel Android, a Apple utilizou seu evento para apresentar novos recursos para retê-los.

A fabricante do iPhone mostrou métodos aprimorados para que os clientes encontrem aplicativos para baixar, uma nova linguagem de programação para criar aplicativos mais rapidamente e ferramentas para que os programas possam funcionar perfeitamente juntos.

As notícias representam o conjunto mais amplo de melhorias para os desenvolvedores apresentado pela Apple desde que a empresa estreou sua AppStore, há quase seis anos.

Durante grande parte desse período, a empresa mais valiosa do mundo tinha os programadores praticamente garantidos enquanto os iPhones e iPads proliferavam, o que proporcionava aos desenvolvedores um vasto público que podia baixar seus jogos e outros widgets.

No entanto, o Android da Google começou a ganhar participação no mercado e outros, como a Facebook Inc., lançaram ferramentas para atender os desenvolvedores.

“A Apple está se empenhando” para manter a lealdade dos desenvolvedores, disse Carolina Milanesi, que estuda o setor de tecnologia móvel como chefe de pesquisa na Kantar Worldwide. Ela disse que a mensagem que a Apple está transmitindo é que “não estaria aqui se não fosse por vocês”.

Ecossistema fundamental

Um ecossistema saudável de aplicativos é crucial para a Apple, pois programas móveis que incluem ferramentas de produtividade e jogos como Candy Crush ajudam a canalizar o interesse dos consumidores para seus aparelhos.

Estimuladas por esse tipo de oferta na AppStore, as pessoas continuam voltando para comprar os mais recentes iPhones e iPads, que geram mais de 72 por cento da receita anual da Apple, de US$ 171 bilhões.

A Apple se esforçou ontem para deixar claro que não considera que os desenvolvedores já estão garantidos.

A empresa iniciou o evento em São Francisco com um vídeo em que elogiava a multidão de 6.000 desenvolvedores, que vibrava entusiasmada ante quase todos os novos recursos apresentados pelos executivos da Apple.

“De todos nós da Apple, muito obrigado”, disse Cook durante a apresentação de abertura. Os anúncios são para possibilitar o desenvolvimento de aplicativos em “um nível completamente novo”, disse.

Rivais fortes

A concorrência pelos desenvolvedores na indústria de aplicativos de US$ 23 bilhões se intensificou nos últimos anos à medida que mais empresas se empenham para conquistar uma porção do mercado móvel.

A Google, que realizará sua própria conferência de desenvolvedores em São Francisco ainda neste mês, reformou sua loja de aplicativos Google Play para que os consumidores possam usá-la com mais facilidade e adicionou ferramentas para simplificar a produção de aplicativos para os aparelhos Android.

A Facebook também apresentou seu próprio conjunto de ferramentas de software, no mês passado, para que os desenvolvedores de aplicativos móveis possam utilizar os servidores da empresa como base para produzir seus programas.

A ameaça é evidente para a Apple. No fim do ano passado a participação da Android no mercado global era de 78 por cento, acima dos 66 por cento de 2012, de acordo com a empresa de pesquisa Gartner.

O software móvel da Apple, iOS, teve uma participação de 16 por cento no ano passado, abaixo dos 19 por cento de 2012.

A Apple ainda possui uma vantagem fundamental sobre suas rivais: o dinheiro. Os aplicativos arrecadam uma receita aproximadamente 85 por cento maior nos aparelhos Apple do que nos aparelhos Android, de acordo com a App Annie, que acompanha o mercado.

Direcionamento da Apple

As atualizações revelam um pouco do direcionamento da Apple desde a morte de Steve Jobs, um dos seus fundadores, em 2011.

Como as vendas do iPhone e do iPad já não são a fonte de crescimento que costumavam ser, Cook foi pressionado a lançar outro produto de sucesso.

Na semana passada, Eddy Cue, diretor de serviços de internet da Apple, disse que a atual carteira de produtos em preparação da empresa é a melhor dos últimos 25 anos.

O software de monitoramento de saúde que a Apple revelou ontem é visto como o primeiro passo da empresa rumo à introdução, no fim deste ano, de um aparelho de vestir.

“Foi uma apresentação para abrir caminho para as novas estruturas que serão desenvolvidas”, disse Horace Dediu, analista da indústria móvel que dirige a Asymco, durante a conferência.

Acompanhe tudo sobre:AppleCelularesEmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaiOSiPadiPhoneiPodProgramadoresSmartphonesTabletsTecnologia da informaçãoTim Cook

Mais de Tecnologia

China acelera integração entre 5G e internet industrial com projeto pioneiro

Vale a pena comprar celular na Black Friday?

A densidade de talentos define uma empresa de sucesso; as lições da VP da Sequoia Capital

Na Finlândia, o medo da guerra criou um cenário prospero para startups de defesa