Tecnologia

Apple, Google e Microsoft devem disputar patentes e time da HP

A Palm, divisão da HP responsável pelo tablet TouchPad, pode ser comprada por Apple, Google ou Microsoft. O negócio pode chegar a US$ 4,5 bilhões

A divisão Palm não deu lucro para a HP, mas ainda pode ser vendida por um valor vantajoso (Dirk Waem/HP)

A divisão Palm não deu lucro para a HP, mas ainda pode ser vendida por um valor vantajoso (Dirk Waem/HP)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 21 de agosto de 2011 às 15h19.

São Paulo -- Algum gigante do ramo de smartphones e tablets – Google, Apple e Microsoft são os candidatos óbvios – poderá comprar a Palm da HP. A divisão de smartphones e tablets da HP, que agora está encerrando suas atividades, tem um time de engenheiros de alto nível e um portfólio de patentes valioso. São atrativos capazes de fazer brilhar os olhos das grandes empresas dessa área. O negócio pode chegar a US$ 4,5 bilhões.

Desde que a HP anunciou, há uma semana, que estava fechando a Palm, sua divisão de smartphones e tablets, vêm surgindo comentários de que a empresa pode vender seu acervo de patentes relacionadas com dispositivos móveis e com seu sistema operacional WebOS. Michael Morgan, analista sênior da ABI Research, especula que talvez o Google tenha tido azar. Se a empresa tivesse esperado uma semana mais para fechar a compra da Motorola, poderia ter adquirido a Palm, que tem uma relação custo/benefício muito mais atraente.

Mas a HP ainda pode vendê-la, seja para o Google ou para outra empresa. "Este é um ótimo momento para a HP oferecer a arca do tesouro de propriedade intelectual que ela obteve com o WebOS. Considerando as condições atuais do mercado, ela poderia mais que cobrir o que gastou na aquisição da Palm", diz Morgan.

2.000 patentes

Neste domingo, o blogueiro americano Robert Scoble publicou informações que obteve falando com executivo da HP cuja identidade ele mantém em segredo. Segundo o executivo, a Palm tem cerca de 2.000 patentes de tecnologias empregadas em smartphones e tablets. O Google está pagando US$ 12,5 bilhões pela Motorola, e diz que seu principal interesse na empresa está no acervo de 17.000 patentes relacionadas com dispositivos móveis. Uma conta rápida aponta que, se cada patente da Palm valer o mesmo que uma da Motorola, a HP pode obter cerca de US$ 1,5 bilhão vendendo o acervo tecnológico para alguma empresa interessada.


Esse valor já se aproxima do que a HP pagou pela Palm em 2010, US$ 1,7 bilhão. Ocorre que muitas da patentes da Motorola são antigas (ela inventou o celular em 1973) e não têm mais valor prático. As patentes da Palm, ao contrário, cobrem as mais recentes tecnologias usadas em smartphones e tablets. Scoble e seu entrevistado secreto avaliam que, em média, uma patente da Palm vale o dobro de uma da Motorola. Com isso, o preço já sobe para cerca de US$ 3 bilhões.

Mas há mais na Palm, além das patentes. O time de engenheiros da empresa é cobiçado no mercado. Antes de ser comprada pela HP, ela era dirigida por Jon Rubinstein, que, antes, havia sido um dos principais responsáveis pela criação do iPod na Apple. Rubinstein levou outros profissionais da Apple para lá e recrutou talentos no mercado, formando uma equipe invejável. Seu sistema operacional WebOS, que roda no tablet TouchPad, está entre os mais avançados. Alguns especialistas chegam a considerar sua maneira de interagir com o usuário melhor que a do iPhone, da Apple, o smartphone mais vendido e mais admirado do mundo.

Google, Apple, Microsoft – ou Facebook?

Scoble avalia que o preço da divisão Palm pode, tranquilamente, ir a US$ 4,5 bilhões, e a HP sairia lucrando do negócio. Quem seriam os potenciais compradores? Os suspeitos de sempre. O Google precisa reforçar seu portfólio de propriedade intelectual. É um candidato óbvio. Mas a Microsoft e Apple também poderiam se beneficiar. A Apple teria a vantagem de poder integrar facilmente a equipe da Palm à sua, já que muitos profissionais da Palm já trabalharam lá.

As três empresas têm dinheiro para a aquisição e interesse no patrimônio da Palm. Um quarto interessado, este mais inusitado, seria o Facebook. A empresa de Mark Zuckerberg poderia usar o time de engenheiros da Palm para reforçar sua presença no mundo móvel.

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