Parler: a rede social é vista como um dos principais responsáveis pela invasão ao Capitólio, em Washington, no dia 6 de janeiro de 2021 (Win McNamee/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 20 de abril de 2021 às 10h36.
Em carta ao Congresso dos Estados Unidos, a Apple anunciou nesta segunda-feira (19) que o aplicativo Parler está autorizado a voltar para a sua loja de aplicativos.
A rede social foi vista como principal responsável pela invasão do Capitólio em 6 de janeiro. Os invasores, eleitores do ex-presidente Donald Trump, teriam usado o aplicativo para planejar o evento. Logo após o acontecido, ele também foi banido pelas gigantes Google e Amazon, que anunciou que não forneceria seus serviços de computação em nuvem para a rede.
A Apple afirma que o Parler aprovou as mudanças sugeridas desde que fora banido. Já a rede social anunciou que seu relançamento na loja de aplicativos será no dia 26 de abril e que foram colocados sistemas que irão "detectar melhor falas ilegais" e "permitir que usuários filtrem conteúdo indesejável".
Porém, o aplicativo continuará sem moderação, diferente das redes sociais tradicionais, o que abre espaço para os mesmos problemas de anteriormente: desinformação, fake news e a proliferação de teorias de conspiração.
A carta da Apple foi direcionada ao senador republicano Mike Lee, do estado de Utah, e ao deputado federal Ken Buck, de Colorado. Ambos haviam questionado a gigante de tecnologia sobre o motivo do banimento da rede social. No Twitter, Buck comemorou o retorno e disse que era uma "grande vitória para a liberdade de expressão".
Em fevereiro, o Parler tentou voltar à loja de aplicativos da Apple mas foi bloqueada por "proliferação contínua de linguagem odiosa e símbolos nazistas". Na época, um porta-voz da rede social disse ao Insider que eles estavam trabalhando para impedir a disseminação de conteúdos como esse com mudanças algoritmas e moderadores humanos.
Considerando o novo anúncio da volta ao aplicativo, que garante que não haverá qualquer moderação, a última promessa parece que, pelo visto, não será cumprida. O porta-voz também disse na época que estava "otimista de que a Apple continuará a se diferenciar de outras gigantes da tecnologia, apoiando a escolha de seus clientes de 'pensar diferente'".
Parler é uma rede social semelhante ao Twitter, descrita como uma “plataforma de comentários e notícias sociais”. Ela ganhou atenção de apoiadores de Donald Trump, extremistas, conservadores e fãs de teorias da conspiração, especialmente durante o ano eleitoral nos Estados Unidos, por se anunciar como um aplicativo que "apoia a liberdade de expressão". Na realidade, a falta de moderação torna o aplicativo um espaço perfeito para a divulgação de fake news e desinformação.
Em novembro de 2020, postagens feitas por Trump no Twitter afirmando que a eleição havia sido fraudada pelo Partido Democrata foram sinalizadas como potencialmente falsas pelos moderadores da rede social. Uma análise do New York Times apontou que 15 das 44 publicações do presidente receberam algum tipo de marcação.
Em postagem, o Twitter afirmou ter marcado cerca de 300.000 tuítes de diversos usuários sobre as eleições como potencialmente enganosos.
Restrições como estas, que também aconteceram no Facebook, tornaram o Parler o refúgio de adoradores do presidente americano. De acordo com informações do The Verge, o aplicativo recebeu quase 1 milhão de downloads entre os dias 3 e 8 de novembro de 2020, durante a semana da eleição nos Estados Unidos.