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Apple busca montadoras parceiras para projeto de automóvel

Estratégia da empresa se assemelha com a do iPhone: focar no design e deixar a fabricação para um parceiro

Apple: a empresa quer desafiar as suposições de como um carro funciona (Alexander Pohl/NurPhoto/Getty Images)

Apple: a empresa quer desafiar as suposições de como um carro funciona (Alexander Pohl/NurPhoto/Getty Images)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 13 de março de 2021 às 08h01.

A Apple tem uma abordagem testada e comprovada para o lançamento de produtos: a empresa projeta internamente, obtém seus próprios componentes e trabalha com um fabricante terceirizado para montá-los para a venda.

Como a gigante de tecnologia estuda uma incursão no mercado automotivo, poderia adotar uma estratégia semelhante - trabalhar com um fabricante terceirizado menos conhecido -, já que as negociações com algumas montadoras de peso não avançaram.

Para fabricar um veículo, a Apple tem três opções: parceria com uma montadora existente; construir suas próprias fábricas; ou se associar a um fabricante terceirizado, como Foxconn ou Magna International.

A empresa com sede em Cupertino, Califórnia, conversou com fabricantes de automóveis, como a Hyundai Motor, mas as discussões não deram resultado. Nesse cenário, a Apple desenvolveria um sistema autônomo para o veículo, o design interno e externo e a tecnologia de bordo, deixando a produção final para a montadora. Tal negócio basicamente pediria a uma fabricante de automóveis existente que abandonasse sua marca e se tornasse uma montadora terceirizada para um novo rival.

Um executivo que trabalhou na Apple e na Tesla disse que seria como se a Apple pedisse à rival de smartphones Samsung para fabricar o iPhone. A Apple quer desafiar as suposições de como um carro funciona - como os bancos são feitos, o design da carroceria, disse esse executivo. Uma montadora tradicional relutaria em ajudar um concorrente potencialmente disruptivo, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada.

De fato, as conversas entre a Apple e a indústria automobilística parecem ter emperrado nos últimos meses. Hyundai e Kia  confirmaram conversas sobre o desenvolvimento de um carro elétrico, mas recuaram logo depois. A equipe de carros autônomos da Apple se reuniu com representantes da Ferrari no ano passado. Não está claro o que foi discutido, mas as conversas não avançaram, segundo uma pessoa a par do encontro.

Em fevereiro, a Nissan disse que não estava em negociações com a Apple. O CEO da Volkswagen, Herbert Diess, disse: “Não estou com medo” da entrada da Apple no setor. E o diretor financeiro da BMW disse recentemente que dorme tranquilo.

Para seus computadores, telefones e tablets, a Apple conta com fabricantes terceirizados, como Foxconn, Pegatron, Wistron, Flex e Luxshare. A fabricante do iPhone evitou montar as próprias fábricas, um esforço que custaria bilhões de dólares em construção, pagamento e treinamento dos trabalhadores, além de novas responsabilidades e acordos complexos com governos locais.

As fábricas geralmente são negócios com margens baixas. A Apple deixa isso para os parceiros, enquanto se concentra no design e desenvolvimento de produtos. As margens de lucro da empresa esmagam as de fornecedores como Foxconn e Pegatron.

A Tesla, a mais bem-sucedida montadora de carros elétricos até o momento, perdeu bilhões de dólares administrando suas próprias fábricas e só recentemente começou a gerar lucro regularmente. No ano passado, a empresa registrou lucro de quase US$ 700 milhões. A Apple teve lucro acima de US$ 60 bilhões no mesmo período.

“As margens de lucro da indústria automobilística são menores do que o modelo atual da Apple’, escreveram analistas do Goldman Sachs em relatório recente aos investidores. Algumas marcas de luxo, como Ferrari, são mais rentáveis, mas esses são “casos extremos e potencialmente difíceis de replicar em volumes maiores”, acrescentaram os analistas.

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