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App iFood compra tecnologia para reduzir espera pela pizza

Companhia americana tem sistema de rotas parecido com o usado por apps de táxis

iFood: empresa agora tem tecnologia que agiliza entregas (Thinkstock)

iFood: empresa agora tem tecnologia que agiliza entregas (Thinkstock)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 17 de março de 2016 às 16h37.

Última atualização em 5 de dezembro de 2016 às 12h26.

São Paulo – O iFood, conhecido por seu aplicativo de pedido de refeições, anunciou hoje a compra da empresa de tecnologia de entregas rápidas SpoonRocket, que havia encerrado nesta semana suas operações em razão da alta concorrência no mercado americano. Os termos do acordo não foram revelados.

A empresa realizava entregas em 15 minutos graças à sua tecnologia de rastreamento de motociclistas e otimização de rotas. Agora, o iFood vai implementar no seu serviço no Brasil parte do que foi criado ao longo dos últimos três anos pela SpoonRocket nos Estados Unidos.

O iFood processou 1,5 milhão de pedidos por meio de seu app no Brasil no último mês e agora tem a missão de mudar a forma como funciona o delivery no país, reduzindo o tempo de entrega e até mesmo o preço da sua pizza, por exemplo.

Em entrevista a EXAME.com, Felipe Fioravante, CEO do iFood, contou mais detalhes sobre a evolução da plataforma tecnológica da companhia nos últimos tempos e também quais são os próximos passos. Confira os melhores trechos da conversa a seguir.

EXAME.com: Por que comprar uma empresa americana de entregas? 

Felipe Fioravante: A empresa fez sucesso nos Estados Unidos e desenvolveu muita tecnologia ao longo dos anos em que operou. Ela chegou a levantar 15 milhões de dólares em investimentos. Vimos que grande parte do que podemos melhorar a experiência do usuário do iFood está na fase após a realização do pedido. Já revolucionamos muito a forma de pedir e o próximo passo é melhorar o pós-pedido. Por isso, foi uma medida estratégica comprar a SpoonRocket.

Qual será o impacto dessa compra no iFood, o que vai mudar? 

A tecnologia deles, que foi criada para os Estados Unidos, não vai continuar. Eles entregavam comida em 15 minutos por meio de vários sistemas que vamos trazer para cá. Toda a parte de tecnologia dos motoqueiros, GPS, otimização de rota, tudo de despacho, automação e entrega para o usuario. Isso vai dar suporte para mais dois serviços que vamos lançar no meio do ano.

Vocês compraram muitas empresas nos últimos tempos, foram 15. Por quê? 

Eram empresas locais que tinham bom relacionamento com estabelecimentos em regiões que não tínhamos. Foi uma estratégia para crescer mais rápido e chegar a mais locais. O Hellofood, por exemplo, foi importante para a aquisição de talentos que têm muito conhecimento do nosso mercado. Já o caso do SpoonRocket é diferente, o foco é a tecnologia. Vimos a oportunidade de pegar alguma tecnologia já criada lá fora e compramos a empresa.

Vocês receberam um aporte de 62 milhões de dólares no meio do ano passado. Como esse dinheiro foi usado para melhorar a plataforma do iFood? 

O dinheiro foi investido em tecnologia, marketing e comerciais. Triplicamos o número de pedidos que recebíamos por mês e chegamos a várias outras cidades. Hoje, temos um app com 5 estrelas na App Store, o que é algo bem raro de se ver.

A compra da Hellofood trouxe algum benefício, além da aquisição de talentos? 

Sim, ela ajudou em todas as nossas áreas. Agregamos restaurantes e pedidos feitos em outra plataforma. Mas o principal ativo foram as pessoas. Num mercado tão especifico como o nosso, gente com experiência de 3 ou 4 anos nos ajuda a crescer mais rápido. Nossa equipe aumenta 50% por ano. Por isso, o desafio é encontrar e treinar mais profissionais.

Qual considera como principal desafio para mudar o delivery no Brasil? 

Como somos um marketplace, apresentar a tecnologia para todos os restaurantes é um desafio bem grande. A ideia é que todos usem e que todos entendam como vai funcionar a tecnologia. Ainda assim, há interesse dos restaurantes. Todo mundo vê onde está o entregador, tanto o restaurante quanto o cliente. Com isso, dá para preparar a comida no tempo certo. Nós investimos muito nessa parte porque a entrega era o elo mais fraco do delivery, as pessoas pedem quando já estão com fome. Diminuir o tempo de entrega é importante.

A tecnologia de otimização de rotas é similar ao que faz hoje o Waze? 

Não, é mais parecido com o que fazem hoje os apps de táxis e o Uber. O trânsito é levado em consideração, sim. Mas o desafio é saber qual é o entregador certo para atender cada pedido de acordo com localização tanto do cliente, quanto do motociclista.

Quais são os números do iFood hoje? 

1,5 milhão de entregas no último mês (em novembro, eram 1 milhão), 10 mil restaurantes em 100 cidades cadastrados na plataforma.

Qual é a região mais popular do app? 

Sudeste é a mais forte. As cidades que mais pedem pelo iFood são São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza – com crescimento recente visto como resultado do patrocínio do clube de futebol Ceará – e Curitiba.

No geral, o iFood está bem espalhado pelo país, quase em todos os Estados, exceto pelo Acre e alguns Estados acima do Amazonas

Algo a acrescentar?  

Somos vistos muitas vezes como um app para pedir comida, mas estamos mostrando que a nossa intenção é mudar como essa indústria trabalha. O delivery é difícil e custoso para os restaurantes. Muita gente quer entregar comida nas casas dos clientes, mas não sabe como fazer isso ou não quer enfrentar esse trabalho. Otimizando esse processo, conseguiremos mudar essa indústria e oferecer uma qualidade geral melhor e um preço mais baixo para os consumidores.

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