Tecnologia

Após ser removida de servidores, Parler processa Amazon

O site pediu a um tribunal federal uma medida para impedir que a Amazon Web Services cortasse seu acesso a servidores de internet

Parler: nos últimos meses, o Parler se tornou um dos aplicativos de crescimento mais rápido nos Estados Unidos (Pavlo Gonchar/SOPA Images/Getty Images)

Parler: nos últimos meses, o Parler se tornou um dos aplicativos de crescimento mais rápido nos Estados Unidos (Pavlo Gonchar/SOPA Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 11h06.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2021 às 17h15.

Após ser tirada do ar, a rede social conservadora Parler iniciou nesta segunda-feira, 11, um processo judicial contra a Amazon. A gigante da tecnologia, que também hospeda sites, bloqueou o Parler por ser "incapaz de moderar as mensagens incitando a violência". O site, com sede em Nevada (EUA), pediu a um tribunal federal uma medida para impedir que a Amazon Web Services cortasse seu acesso a servidores de internet.

Além da Amazon, a Apple também retirou o suporte ao Parler e suspendeu a rede social de sua loja de aplicativos, colocando um obstáculo à rede social que ganhou popularidade entre conservadores.

O Parler, cuja popularidade disparou nas últimas semanas, tornou-se um refúgio para alguns internautas indignados com a política de moderação de redes sociais como o Twitter, que encerrou a conta de Donald Trump em definitivo, na sexta-feira passada. O Parler atingiu em novembro 13 milhões de usuários, enquanto o Twitter tem 330 milhões.

Na rede conservadora, foram divulgadas mensagens de apoio aos que invadiram o Congresso dos EUA na quarta-feira passada. Algumas delas também convocaram a realização de novos protestos contra o resultado da eleição presidencial de novembro, vencida pelo democrata Joe Biden.

A rede social se apresenta como uma alternativa de "liberdade de expressão" ao Twitter e virou a favorita da base mais radical do presidente americano. Neste fim de semana, antes do anúncio da Amazon, o presidente Jair Bolsonaro havia convidado seus seguidores no Twitter a o seguirem também no Parler. O mesmo foi feito por seu chanceler, Ernesto Araújo, e pelo assessor internacional do Planalto, Filipe Martins. Os três continuam ativos no Twitter.

Nos últimos meses, o Parler se tornou um dos aplicativos de crescimento mais rápido nos Estados Unidos. Milhões de partidários de Trump recorreram a ele à medida que o Facebook e o Twitter assinalavam cada vez mais as postagens do próprio presidente e de seus apoiadores que espalhavam desinformação e incitavam à violência.

Primeiro, a Apple e o Google removeram o Parler de suas lojas de aplicativos alegando que a plataforma não havia monitorado suficientemente as postagens de seus usuários, permitindo muitas que incentivam a violência e o crime. Então, no sábado, a Amazon informou ao Parler que tiraria a empresa de seu serviço de hospedagem na web na noite de domingo em razão das repetidas violações de suas regras.

Na sexta-feira, o Parler parecia pronto para capitalizar a raiva crescente nos círculos da direita em relação às grandes empresas de tecnologia, e era uma escolha lógica para se tornar o próximo megafone de Trump depois que o presidente foi banido do Twitter. Agora seu futuro não parece tão certo.

Na carta ao Parler, a Amazon disse que enviou à empresa 98 exemplos de postagens em seu site que incentivam a violência. "A Amazon fornece tecnologia e serviços a clientes em todo o espectro político e continuamos a respeitar o direito do Parler de determinar que conteúdo permitirá em seu site. Mas não podemos fornecer serviços a um cliente que é incapaz de identificar e remover com eficácia o conteúdo que incentiva ou incita à violência contra outras pessoas", disse a Amazon na carta.

A Amazon Web Services acolhe uma grande parte dos sites e aplicativos na internet, enquanto a Apple e o Google fazem os sistemas operacionais para quase todos os smartphones do mundo. Agora que as empresas deixaram claro que tomarão medidas contra sites e aplicativos que não policiam suficientemente o que seus usuários postam, isso pode ter efeitos colaterais significativos.

Várias empresas alternativas cortejaram os apoiadores de Trump com promessas de "imparcialidade" e de "liberdade de expressão", que provaram ser, na verdade, ambientes digitais livres onde os usuários podem divulgar teorias da conspiração, fazer ameaças ou publicar discurso de ódio.

Agora elas enfrentam a escolha de intensificar o policiamento de postagens - minando sua característica principal - ou perder sua capacidade de atingir um público amplo. Algumas plataformas que hospedam postagens de influenciadores de direita, incluindo CloutHub e MyMilitia - um fórum para grupos de milícias - ajustaram seus termos de serviço para banir ameaças de violência. (Com agências internacionais).

Acompanhe tudo sobre:AmazonAppleDonald Trumpempresas-de-tecnologiaEstados Unidos (EUA)GoogleProcessos judiciais

Mais de Tecnologia

China acelera integração entre 5G e internet industrial com projeto pioneiro

Vale a pena comprar celular na Black Friday?

A densidade de talentos define uma empresa de sucesso; as lições da VP da Sequoia Capital

Na Finlândia, o medo da guerra criou um cenário prospero para startups de defesa