Tecnologia

Aplicativo polêmico coloca seu rosto na rede sem você pedir

Se você tirar uma foto de alguém que não conhece, consegue o nome e links para redes sociais da pessoa apenas fazendo o upload da foto para o aplicativo

Aplicativo de reconhecimento facial: sem saber, fomos adicionados ao NameTag (Reprodução)

Aplicativo de reconhecimento facial: sem saber, fomos adicionados ao NameTag (Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2014 às 11h19.

São Paulo - O aplicativo NameTag (nametag.ws) tem causado uma senhora polêmica.

Funciona assim: se você tirar uma foto de alguém que não conhece, consegue o nome e links para todas as redes sociais da pessoa apenas fazendo o upload da foto para o aplicativo, que usa um programa preciso de reconhecimento facial para comparar a imagem em um banco de dados com mais de 2 milhões de pessoas e, assim, achar aquela que corresponde à foto.

Mas, até agora, o app só existe para o Google Glass, e as únicas pessoas que podem usá-lo são os beta testers do Glass. Aparentemente, o Google não permite o uso do NameTag pelo público em geral, porque o aplicativo contraria as regras de privacidade da empresa.

Mesmo sabendo disso, fui ao site da NameTag para remover meu nome da “oportunidade” de ser escaneada pelo sistema da empresa. Tentei três vezes, apenas na quarta finalmente recebi a confirmação de que os meus dados não serão vistos por alguém usando a tecnologia da startup.

O incrível é que, sem saber, fomos adicionados ao NameTag. Arrepiante é a única palavra para descrever o futuro dos programas de reconhecimento facial. Um de seus inventores, o físico Joseph J. Atick, concorda. E alerta que está na hora de regular essa área, que tem evoluído em ritmo acelerado.

Até agora, câmeras e algoritmos que olham para a gente são geralmente usados para reconhecer expressões faciais, como feliz, triste, irritado, ou ainda dados simples, como se é mulher ou jovem. Esses fatores são usados com frequência no marketing para saber, por exemplo, se a pessoa está gostando de um produto, um comercial ou um programa de televisão. Há dois anos, empresas como a Affectiva (affdex.com), de Massachusetts, e a Emotient (emotient.com), de San Diego, vêm usando webcams para classificar 1,5 bilhão de emoções faciais.

Mas as pessoas convidadas pelas companhias sabem que estão sendo filmadas e que sua identidade não será usada por mais ninguém. Além disso, reconhecer expressões não é a mesma coisa que reconhecer cada detalhe do rosto para formar uma imagem precisa de sua identidade. O mais tenebroso, portanto, é ter seu rosto registrado sem sua permissão. Mas não são apenas companhias pequenas, como a NameTag, que estão investindo em reconhecimento facial.

Em 2011, o Google comprou uma empresa que faz isso. Em 2012, foi a vez de o Facebook entrar nessa área, com a aquisição da israelense Face.com.

Para mim, o único uso em que o facial recognition poderia ser justificado seria na área criminal. Fora isso, é uma invasão de privacidade ter o rosto gravado em um banco de dados sem permissão. O problema é que, na maioria dos países, ainda não existem leis para regularizar o uso da tecnologia de face printing.

Como a chamada indústria biométrica, que usa características fisiológicas (retina, polegar, rosto) como forma de identificação, é avaliada em 7,2 bilhões de dólares, de acordo com um relatório da consultoria Frost&Sullivan, regular essa mina de ouro vai ficar cada vez mais difícil.

Aqueles a favor do reconhecimento facial argumentam que capturar um rosto é tão inofensivo quanto tirar uma fotografia. Mas nenhuma foto normal vem acompanhada de dados pessoais adquiridos sem permissão. O argumento acaba aqui. Ponto.

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