Divórcio: gastos com os filhos podem ser monitorados por aplicativo (ThinkStock/Andreas_Krone)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 19h42.
Sheri Atwood é um raro exemplo de empreendedor do Vale do Silício cujo discurso de apresentação inclui detalhes íntimos sobre a família dela — a saber, como a família dela se separou. Duas vezes.
“Meus pais tiveram um divórcio horrível”, diz a ex-executiva da Symantec, de 36 anos. “Parecia que a única ocasião em que eles conversavam era no tribunal – e quando o assunto tinha a ver com dinheiro”.
O divórcio da própria Sheri, anos mais tarde, e o fato de o dinheiro ter se tornado um assunto constante depois dele lhe deram a inspiração para o SupportPay.
O aplicativo ajuda os pais a dividirem os custos da criação dos filhos e revisa os gastos produtivamente quando eles discordam, para não dizer, por exemplo, discutem na porta de casa.
Com SupportPay, os pais podem fazer o upload de um recibo, mandar uma conta para o ex e “jamais ter uma conversa”, disse Sheri.
O aplicativo foi criado para impedir o ressentimento que pode se acumular sorrateiramente entre pais divorciados que, de outro modo, poderiam estar de acordo, pelo menos em relação aos filhos.
Os acordos de pensão alimentícia costumam exigir que um dos pais pague ao outro uma determinada quantia – frequentemente duas vezes por mês – para itens básicos, como alimentos, roupa e moradia. O SupportPay pode administrar automaticamente esses pagamentos através do PayPal.
Os acordos jurídicos geralmente exigem que os pais dividam os custos adicionais, como atividades extracurriculares, creche e despesas médicas, à medida que eles surgirem.
Mas eles podem criar o maior conflito: A criança realmente precisa de aulas extras de matemática? Esse acampamento de futebol de verão custa US$ 700 por semana?
Evitar bate-boca
Embora um juiz tenha a palavra final, o aplicativo foi criado para evitar que essas discussões cheguem tão longe.
Ele permite que os pais contestem as despesas antes de pagá-las, embora eles precisem explicar os motivos e propor alternativas.
Olivia Haugher, que tem três filhos, usa o SupportPay e diz que o ex-marido dela utiliza o recurso de contestação, mas a questão “geralmente se resolve”.
Ela argumenta que ele objetou a uma conta para a viagem escolar do filho de 17 anos para a Costa Rica. Eles tinham concordado em dividir os gastos, mas a viagem acabou saindo mais cara do que ela tinha calculado.
Depois que ela usou o aplicativo para explicar as razões – o filho precisou gastar dinheiro e pagar um estipêndio à família que o recebeu – o ex-marido mandou o dinheiro.
O aplicativo impede que brigas assim aconteçam na frente dos filhos, disse Olivia – e acaba com a frustração quando alguém esquece o talão de cheques ou deixa de ler um e-mail.
“Basicamente, o aplicativo ajudou a gente a se comunicar melhor”, disse ela. E como ela pode mandar os recibos e outras informações detalhadas pelo aplicativo, “ele pode ver o quanto os filhos são caros”.
Dinheiro para os filhos
Quando os pais não pagam a pensão alimentícia, “geralmente não é por uma questão de dinheiro”, disse Ryan Falvey, diretor administrativo do Centro de Inovação de Serviços Financeiros.
No ano passado, a organização sem fins lucrativos deu ao SupportPay a vitória em uma competição entre serviços digitais que ajudam famílias de média e baixa renda a administrar melhor suas finanças.
Quando o assunto é pensão alimentícia, Falvey diz que muitas vezes os pais só querem saber para onde o dinheiro está indo, a fim de garantir que ele está sendo dedicado aos filhos.
“Talvez esse seja um quesito que a tecnologia pode ajudar muito a resolver, simplesmente conectando as pessoas à informação”, disse ele.
Lançado há dois anos, o SupportPay tinha 36.000 usuários em janeiro, em comparação com 12.000 em março de 2015.
Atualmente, ele é o único produto da Ittavi, com sede em Santa Clara, na Califórnia, que conta com nove funcionários em tempo integral e quatro prestadores de serviço.
A empresa, que projeta que os ex-casais vão transferir US$ 900 milhões através de sua plataforma neste ano, foi iniciada com US$ 3 milhões em capital inicial de empresas de capital de risco como Draper Associates, Salesforce, Aspect Ventures e Fenway Summer Ventures.
Atualmente, a Ittavi está captando até US$ 5 milhões em uma rodada de financiamento de série A para sustentar a empresa enquanto ela não é lucrativa, disse Sheri, que é presidente da Ittavi.