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Apetite global por tecnologia de painéis solares encolhe oferta de prata

A prata é o principal elemento condutor de painéis solares e as novas versões do equipamento levam muito mais prata do que as anteriores

Painéis solares: nova demanda por prata  (EDP/Divulgação)

Painéis solares: nova demanda por prata (EDP/Divulgação)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 4 de julho de 2023 às 09h39.

Última atualização em 4 de julho de 2023 às 10h44.

Mudanças na tecnologia de painéis solares aceleram a demanda por prata, um fenômeno que amplia o déficit de oferta do metal, com pouca produção extra de minas no horizonte.

A prata, em forma de pasta, fornece uma camada condutora na frente e atrás das células solares de silício. Mas a indústria agora começa a produzir versões mais eficientes de células que usam muito mais metal, o que deve aumentar o consumo já crescente.

A energia solar ainda responde por uma parte relativamente pequena da demanda geral por prata, mas está crescendo. A previsão é que represente 14% do consumo este ano comparado a cerca de 5% em 2014, de acordo com relatório do The Silver Institute, uma associação do setor. Grande parte do crescimento vem da China, que está a caminho de instalar mais painéis este ano do que o total nos EUA.

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A energia solar é um “grande exemplo de como a demanda por prata é inelástica”, disse Gregor Gregersen, fundador da negociadora Silver Bullion, com sede em Singapura. A indústria solar evoluiu e se tornou muito mais eficiente com o uso de quantidades menores de prata, mas isso está mudando, afirmou.

O emissor passivado padrão e a célula traseira (PERC) provavelmente serão ultrapassados nos próximos dois a três anos por contato passivado por óxido de túnel (TOPCon) e estruturas de heterojunção, de acordo com a BloombergNEF.

Enquanto as chamadas células PERC precisam de cerca de 10 miligramas de prata por watt, as células TOPCon requerem 13 miligramas e a heterojunção, de 22 miligramas.

Ao mesmo tempo, a oferta começa a ficar apertada. Manteve-se estável no ano passado, mesmo quando a demanda aumentou quase 20%, mostram os números do The Silver Institute. Neste ano, a produção deve crescer 2% enquanto o consumo industrial subiria 4%.

O problema para os compradores de prata é que aumentar a oferta está longe de ser fácil, dada a raridade das minas primárias. Cerca de 80% do fornecimento do metal vem de projetos de chumbo, zinco, cobre e ouro, sendo a prata um subproduto.

E em um ambiente onde as mineradoras já estão relutantes em se comprometer com grandes novos projetos, com as margens mais baixas da prata em comparação com outros metais preciosos e industriais, os sinais de preço positivos não são suficientes para elevar a produção. Mesmo os projetos recém-aprovados podem estar a uma década de distância da produção.

O resultado é uma pressão no fornecimento tão significativa que um estudo da Universidade de Nova Gales do Sul prevê que o setor de energia solar poderá esgotar entre 85% e 98% das reservas globais de prata até 2050. Os volumes de prata usados por célula aumentarão, e pode levar cerca de cinco a 10 anos para trazê-los de volta aos níveis atuais, de acordo com Brett Hallam, um dos autores do artigo.

A vantagem da China

Empresas solares chinesas, no entanto, exploram ativamente o uso de alternativas mais baratas, como cobre galvanizado, embora até agora os resultados tenham sido mistos. As tecnologias que usam metais mais baratos já estão suficientemente avançadas e logo serão colocadas em produção em massa quando os preços da prata subirem, de acordo com Zhong Baoshen, presidente da Longi Green Energy Technology, maior fabricante de painéis do mundo.

A prata é negociada atualmente a cerca de US$ 22,70 a onça. Caiu cerca de 5% este ano, mas está bem acima do patamar antes de subir em 2020, quando a pandemia impulsionou a demanda.

“A substituição vai parecer mais interessante quando a prata estiver em US$ 30 a onça, em vez de US$ 22 a US$ 23”, disse Philip Klapwijk, diretor-gerente da consultoria Precious Metals Insights, com sede em Hong Kong, e um dos autores do relatório do The Silver Institute. Não haverá um “cenário apocalíptico” em que ficaremos sem prata, mas “o mercado vai restaurar o equilíbrio a um preço mais alto”, calcula.

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