Japão vai proibir o uso pelo governo de dispositivos de telecomunicações fabricados pelos grupos chineses Huawei e ZTE (Yves Herman/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 10h01.
Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às 10h02.
O Japão vai proibir o uso pelo governo de dispositivos de telecomunicações fabricados pelos grupos chineses Huawei e ZTE, por questões de segurança cibernética, informou a imprensa.
A decisão pode ser aplicada a partir de segunda-feira, de acordo com o jornal Yomiuri Shimbun e a agência de notícias Jiji Press.
A proibição seria adotada depois que o governo dos Estados Unidos solicitou a seus aliados que evitem os produtos fabricados por estas duas empresas, em consequência dos temores de que servem para a execução de ciberataques, indica o Yomiuri Shimbun, que cita fontes governamentais não identificadas.
Os produtos japoneses que utilizam peças fabricadas por uma das duas empresas chinesas também serão excluídos do uso governamental.
De acordo com o Yomiuri Shumbun, o governo não pretende citar diretamente as empresas para evitar a irritação da China.
Ao ser questionado sobre as informações, o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, não fez comentários e disse apenas que o Japão "coopera estreitamente com os Estados Unidos" em questões de segurança cibernética.
A informação foi divulgada depois da detenção no Canadá de uma alta executiva da Huawei, Meng Wanzhou, o que revoltou o governo da China e provocou quedas expressivas nos mercados financeiros pelo temor de que poderia aumentar a tensão entre Pequim e Washington.
As autoridades americanas suspeitam que o grupo chinês exportou, ao menos desde 2016, produtos de origem americana para o Irã e outros países submetidos a sanções de Washington.
A empresa já estava na mira dos serviços de inteligência americanos, que a consideram uma ameaça para a segurança nacional.
Os smartphones a preços acessíveis da Huawei conquistaram uma boa fatia de mercado, mas a empresa enfrenta diversos reveses em grandes economias ocidentais devido às preocupações com a segurança.
A ZTE foi objeto de duras sanções do governo de Donald Trump este ano por não respeitar o embargo americano contra Teerã.
O grupo teve que paralisar a maior parte de suas atividades, o que deixou em perigo sua sobrevivência, mas conseguiu escapar ao pagar uma multa de um bilhão de dólares.