Mercedes Classe E: metade da frota do Uber na Alemanha consiste no compacto Golf (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 20h43.
Munique - O Uber Technologies Inc. está conquistando clientes ao redor do mundo oferecendo corridas mais baratas em carros mais elegantes.
Essa estratégia não está funcionando na Alemanha, onde a frota de táxis é dominada pelos sedãs de luxo da Mercedes-Benz.
A marca de alto padrão da Daimler AG responde por cerca de 60 por cento dos táxis alemães, com o mercado atendido predominantemente pelo Classe E, de US$ 51.800.
Eles também são novos, com uma idade média de 3,5 anos.
Em comparação, mais da metade da frota do Uber consiste no compacto Golf, da Volkswagen AG, e em veículos de segmentos mais baixos, e os carros podem ter até 10 anos.
Considerando que as reguladoras da Alemanha estão contestando seu modelo de negócio, o país tem sido um dos mercados mais difíceis para a entrada do Uber em meio a uma expansão global que contribuiu com uma avaliação de US$ 40 bilhões à empresa com sede em São Francisco.
O fato de que os alemães estejam acostumados a um nível mais elevado de conforto nos táxis do que em outras partes do mundo faz com seja ainda mais difícil ganhar impulso.
“Não pagar as tarifas de táxi para ir do ponto A ao ponto B é atrativo, mas eu realmente não sei nada a respeito desses motoristas ou dos carros que eles estão dirigindo”, disse Boris Knoblich, um consultor de marketing de 40 anos, em Berlim. “Você não se torna taxista da noite para o dia e isso dá segurança ao passageiro. Além disso, você sabe que os carros dos taxistas são de ponta”.
Embora o Classe E seja o modelo mais popular usado pelos taxistas alemães, a Daimler, que tem sede em Stuttgart, produz versões de táxi também do top de linha Classe S. Uma pesquisa de setembro do jornal semanal Die Zeit apontou que 73 por cento dos alemães não estavam interessados em um serviço como o Uber mesmo se ele fosse muito mais barato.
“Eu não notei nenhuma concorrência do Uber”, disse Rainer Wieblitz, taxista há 30 anos, de Munique, que dirige um Classe E. “Nenhum dos meus clientes nem sequer o mencionou”.
Impressionar os alemães
O Uber -- um aplicativo de smartphone para agendamento de serviços de carros -- diz que é mais difícil impressionar os clientes na Alemanha com carros melhores do que nos EUA ou na França. O chefe alemão da empresa, Fabian Nestmannn, está buscando maneiras de mudar as opiniões e tornar a frota mais atrativa. Embora os veículos do serviço básico pertençam sempre aos motoristas, uma opção que o Uber está estudando é realizar negócios diretamente com as fabricantes de automóveis para melhorar a qualidade da frota, disse a empresa.
Na semana passada, o Uber reduziu o serviço básico em Berlim e em Düsseldorf, limitando-o em grande parte aos fins de semana, após ser forçado a reduzir as tarifas para cumprir as regras que apontam que apenas motoristas licenciados podem transportar passageiros tendo lucro. A empresa diz que a tarifa reduzida -- de 1,60 euro para 35 centavos de euro (44 centavos de dólar) por quilômetro -- pode ser aplicada apenas como solução temporária. O Uber opera também nas cidades alemãs de Frankfurt, Munique e Hamburgo.
Serviço no Canadá
Fundada por Travis Kalanick e Garrett Camp em 2009, o serviço se expandiu rapidamente e agora opera em cerca de 220 cidades ao redor do mundo. No Canadá, outro mercado onde o Uber tem enfrentado desafios legais, o Departamento de Concorrência do país disse na semana passada que as cidades deveriam reconsiderar as medidas adotadas para proibir os aplicativos móveis de táxis porque eles muitas vezes oferecem preços mais baixos, conveniência e um serviço melhor.
O Uber também está mirando áreas fora do setor de transporte de passageiros, como logística, para incrementar os negócios. O Uber ofereceu entregas de correio de bicicleta em Nova York e testou serviços de mudança em Atlanta e Nashville, Tennessee.
Entre seus apoiadores estão o Goldman Sachs Group Inc. e a Google Ventures. A empresa está em negociações para levantar cerca de US$ 1 bilhão para financiar uma rápida expansão internacional, disseram fontes familiarizadas com a situação no mês passado. Essa segunda rodada de levantamento de recursos, de junho para cá, avaliaria a startup de cinco anos em algo entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões, disseram as fontes.