Para o Goldman Sachs, sem uma estratégia vencedora para os tablets com Android, o Google vai perder perder participação também em smartphones (Justin Sullivan / Getty Images)
Maurício Grego
Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 16h34.
São Paulo — Nos últimos anos, o Android se tornou a plataforma computacional pessoal mais numerosa do mundo, tomando o lugar que já foi do Windows. Mas um estudo do banco de investimentos americano Goldman Sachs intitulado “Clash of the Titans” (“Choque dos Titãs”) diz que o sistema do Google está ameaçado e deve até perder participação no mercado para o iOS, da Apple, em 2013.
O relatório de 75 páginas (que pode ser baixado no site Technology Investor) avalia o mercado de plataformas computacionais pessoais, termo abrangente que inclui PCs, tablets, smartphones e televisores inteligentes. Veja algumas coisas que ele diz:
Apple, Samsung e Facebook
Para o Goldman Sachs, no que se refere à adoção de suas plataformas pelos usuários, Apple, Samsung e Facebook estão “bem posicionadas” no mercado. Já Google, Microsoft e Intel são descritos como empresas “ameaçadas”. A Amazon aparece numa posição intermediária.
Android cai, iOS sobe
Para o Goldman, os mercados de tablets e smartphones estão atrelados um ao outro. Como esses dois dispositivos rodam os mesmos aplicativos, é mais conveniente, para o usuário, ter um tablet e um smartphone com o mesmo sistema operacional. Na análise do banco, isso favorece a Apple, já que ela é forte tanto em tablets como em smartphones.
A previsão do Goldman é que a participação do Android no mercado de tablets diminua de 33% neste ano para 21% em 2013. E isso faria o Google perder espaço também na área de smartphones, indo de 55% neste ano para 53% em 2013. “Para manter o domínio do Android nos smartphones, uma estratégia bem sucedida de tablets com Android é imperativa para o Google”, diz o relatório.
Essa previsão é questionável, já que seria possível, também, fazer o raciocínio oposto: se o Android cresce no mercado de smartphones, isso deve estimular as vendas de tablets com esse sistema. É o que tem acontecido até agora. Além disso, os tablets com Android têm se tornado mais variados (inclusive em preço) e disponíveis em mais pontos de venda. São fatores que podem estimular sua adoção por mais consumidores.
O Goldman justifica sua análise com base na força da Apple, que permitiria a ela avançar no mercado em 2013: “Com novos dispositivos como o iPad mini e modelos mais baratos do iPhone, a participação da Apple no mercado de smartphones tem espaço para se expandir muito. E o domínio dela no mercado de tablets parece ser mais firme do que a maioria esperava”.
Apps, filmes e músicas
O Goldman observa que a Apple montou uma poderosa operação de venda complementos para o iPad e o iPhone, como os filmes, apps e músicas encontrados na loja iTunes. “Acreditamos que a lealdade ao ecossistema da empresa está aumentando e isso deve se traduzir em crescimento contínuo adiante. Em particular, vemos o potencial para a Apple capturar crescimento adicional à medida que os usuários do iOS passem a ter múltiplos dispositivos”, diz o texto.
A Microsoft perde força
O Goldman estima que a Microsoft tinha 93% do mercado de plataformas computacionais pessoais em 2000. Por causa da disseminação dos smartphones e tablets, a parcela da empresa de Redmond caiu para apenas 20% neste ano. O Windows não foi derrotado pelo Mac e nem por outros sistemas operacionais para PC. Mas o PC perdeu importância frente aos aparelhos móveis.
Em 2000, quase todos os dispositivos ligados à internet eram PCs. Hoje, dois terços deles são smartphones e tablets. “Fundamentalmente, o negócio da Microsoft foi abalado por outros fornecedores que introduziram, com sucesso, novas e atraentes categorias de dispositivos”, diz o relatório.
O Goldman diz que o Windows Phone 8 e os tablets com Windows 8 devem ajudar a Microsoft a reconquistar alguma participação perdida. Mas isso não resolve o problema, já que os aparelhos móveis são menos lucrativos para a empresa do que os PCs, e o mercado de PCs deve seguir estagnado em 2013. O Goldman estima que a Microsoft teria de vender cinco smartphones ou dois tablets com Windows para compensar cada PC que ela deixar de vender.
A Intel em dificuldade
A transformação no mercado rumo aos dispositivos móveis também afetou a Intel. A situação dela é parecida com a da Microsoft. A empresa é muito forte em PCs, mas fraca em smartphones e tablets. E, na análise do Goldman, vai ser difícil ela ampliar sua participação nessa área.
Os fabricantes líderes – Samsung e Apple – desenvolvem seus próprios processadores, o que limita as oportunidades para a Intel. E os demais fabricantes usam chips de arquitetura ARM, produzidos por empresas como a Qualcomm. A Intel parte quase do zero nessa área.