Tecnologia

Anatel aprova proposta de edital para o leilão do 5G

O texto passará agora por uma consulta pública de 45 dias antes da publicação oficial

5G: o governo pretende licitar três blocos de espectro para a introdução da tecnologia no Brasil (Sergio Perez/Reuters)

5G: o governo pretende licitar três blocos de espectro para a introdução da tecnologia no Brasil (Sergio Perez/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 18h04.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou nesta quinta-feira a proposta de edital para o leilão do 5G. O texto ainda passará por consulta pública, durante 45 dias, antes da sua publicação oficial. A decisão atende ao governo, que quer fazer a licitação até o fim deste ano.

A proposta aprovada pela Anatel está em linha com portaria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, publicada nesta semana, com as diretrizes para o leilão. O governo pretende licitar três blocos de espectro para a introdução da tecnologia 5G no Brasil. Os valores envolvidos no leilão ainda não foram definidos.

Um acordo entre empresas de radiodifusão e de telecomunicações permitiu acréscimo de mais 100 megahertz (MHz) na faixa de 3,5 gigahertz (GHz) - considerada como porta de entrada dos serviços 5G no Brasil. Junto com os blocos que já estavam previstos para serem negociados, a inclusão dessa faixa - que será desocupada pelas TVs - no edital fará o Brasil ter um dos maiores leilões de espectro do mundo.

O edital prevê a oferta de três licenças nacionais e duas regionais em 3,5 GHz, a faixa mais importante. Uma dessas licenças regionais seria reservada exclusivamente aos pequenos provedores. Porém, se não aparecer interessado numa primeira rodada, o bloco volta a ser oferecido novamente sem a exclusividade para operadoras menores.

O texto prevê como compromissos dos blocos nacionais a instalação de fibra em municípios sem essa infraestrutura. Para os blocos regionais, o compromisso é o atendimento a municípios abaixo de 30 mil habitantes e de municípios ainda sem a tecnologia 4G.

Esse desenho pode fazer com que uma das quatro grandes operadoras nacionais (Vivo, TIM, Claro e Oi) receba uma licença menor que as demais. A aposta do setor, segundo fontes do mercado, é que esta posição que possivelmente será ocupada pela Oi, devido à condição financeira ainda delicada da tele.

O edital apresenta ainda uma divisão do país para definir os lotes regionais. O desenho será feito por meio de sete grandes áreas: as cinco regiões do país, excluindo o mercado paulista; o Estado de São Paulo; e um bloco com o Triângulo Mineiro e cidades do interior de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.

A ideia é combinar áreas consideradas mais e menos atrativas. Se não houver interessado no Norte, essa região seria agrupada com o estado de São Paulo.

A portaria do ministério traz uma solução para o destino das antenas parabólicas usadas na recepção da TV aberta, que interferem no sinal da quinta geração da internet móvel. O documento aposta na convivência entre o 5G e as antenas parabólicas.

As teles e os radiodifusores concordam com o uso de filtros nas antenas, para eliminar as interferências. Essa solução, assim como os custos dela decorrente, só será estabelecido no edital definitivo. Os valores, estimados em R$ 500 milhões, serão pagos pelas empresas vencedoras do leilão.

O edital ainda não define, porém, uma solução para a participação da chinesa Huawei na construção da infraestrutura das redes no Brasil. A participação da empresa chinesa no desenvolvimento da tecnologia no país é um assunto que ainda não está totalmente pacificado no governo. Não há, no entanto, predisposição do Brasil em vetar a Huawei, como pressionam os Estados Unidos.

O leilão é apenas o primeiro passo para a implementação do 5G no Brasil, que ainda dependerá da expansão da infraestrutura das operadoras de telefonia. Nesse leilão, as teles vão disputar o direito de operar as bandas de frequência nas cidades e começar a oferecer a tecnologia no Brasil. Não há data para a entrada em operação do 5G no país.

Mais que uma internet de altíssima velocidade para celulares, a quinta geração de redes móveis de telefonia representará um novo marco para indústria, para agricultura de precisão, na criação de tecnologias para cidades inteligentes, segurança pública e internet das coisas.

Após a consulta pública, o edital ainda será novamente analisado pela Anatel e, na sequência, passará pelo Tribunal de Contas da União (TCU) antes de ser publicado e o leilão ser marcado.

Acompanhe tudo sobre:5GAnatelLeilões

Mais de Tecnologia

WhatsApp volta ao normal depois de parar de funcionar em vários países

Pequim anuncia plano para avanço em inteligência incorporada

WhatsApp fora do ar? App de mensagens apresenta instabilidade nesta sexta-feira

Google faz novos cortes de funcionários e atinge setores de IA, Cloud e segurança