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America Online sai definitivamente do Brasil

AOL encerra operação no país, pondo fim à agonia de dois anos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h37.

Nesta sexta-feira (17/3), a America Online (AOL) tirou do ar a sua página de entrada, pondo fim a sua operação brasileira, seis anos e quatro meses após a estréia oficial no país. É um desfecho melancólico para a braço tupiniquim do maior serviço online do mundo, que desembarcou por aqui em 1999 com a meta de liderar o mercado de Internet local, o que serviria de trampolim para o domínio do segmento na América Latina.

Quem tenta acessar o serviço pela web, dá de cara com a página em que a AOL Brasil conclama seus antigos assinantes a migrarem para o Terra. O único benefício palpável oferecido é a manutenção das contas de e-mail da AOL até 31 de julho. Não há qualquer desconto no Terra para os ex-assinantes da AOL.

Para quem não migrar, as contas de e-mail e acesso serão automaticamente encerradas. Apesar de a reportagem da Exame ter verificado que seus antigos assinantes ainda conseguem se conectar usando o navegador proprietário da empresa, isso deve deixar de acontecer até o fim de março, mesmo para os que mantiverem seus e-mails. A AOL Brasil também informa que todos seus serviços e conteúdo, incluindo informações de assinantes (como álbuns de fotos), não poderão mais ser acessados.

O motivo da forte campanha da AOL para que seus ex-assinantes migrem para o Terra não é informada em seus comunicados, mas é conhecida: o Terra pagará entre US$ 760 mil e US$ 1,9 milhão à AOL Latin America, de acordo com a quantidade de assinantes da AOL Brasil que migrar para seu serviço de acesso. Segundo fontes internas da AOL Brasil, a empresa entrou em 2006 com 125 mil assinantes. Se todos migrassem para o Terra, que pagaria o valor máximo, o custo de aquisição de cada assinante seria, portanto de US$ 15,20. O mercado estima que a operação brasileira da AOL consumiu US$ 200 milhões. Só no patrocínio do último Rock in Rio, a AOL Brasil investiu US$ 24 milhões.

Nem AOL nem Terra divulgam quantos assinantes já fizeram a migração, nem até quando esse processo será possível. Segundo Richard Schnarndorf, diretor de pós-vendas residencial Terra Brasil, ele não será extinto no dia 17 de março, especialmente porque a empresa observou um crescimento na migração à medida que o prazo se aproximava. "O volume deve ser um pouco mais alto hoje (17): sempre aparece aquele atrasado", diz. Para o diretor, a manutenção do e-mail seria suficiente para justificar a migração para o Terra. "O usuário vai ter esse transtorno de trocar de conta, por isso tem que ter tempo de propagar esse novo endereço", explica. "Esse prazo é bastante razoável para fazer isso sem perder e-mails nesse período."

Fim da agonia

Procurada pela redação do Portal Exame, a AOL Brasil não deu maiores detalhes sobre o encerramento da operação. Resumiu-se a informar, por sua assessoria de imprensa, que a migração de ex-assinantes para o Terra estava acontecendo "dentro do previsto", sem ter especificado o que isso significa na prática.

A empresa afirma ter ainda 120 colaboradores. Desse total, metade era terceirizada, entre eles 50 que atuavam no call center. A outrora orgulhosa redação de 50 profissionais, que já estava reduzida a apenas seis pessoas, deu seu último expediente nessa sexta apenas até a hora do almoço. Outros profissionais trabalham até o fim de março, cuidando do desmonte da estrutura. O call center encerra suas operações no dia 7 de abril.

A agonia da gigante online na América Latina já dura mais de dois anos. Diante de dificuldades enfrentadas pela AOL Latin America, joint venture entre a AOL Inc, o grupo venezuelano Cisneros e o Banco Itaú, suas operações no Brasil, Argentina, México e Porto Rico -países onde atuava- entraram em processo de liquidação. A pá de cal sobre qualquer esperança de recuperação veio com um anúncio espartano publicado em março passado na SEC (equivalente americana à Comissão de Valores Mobiliários), onde a empresa deixava absolutamente claro o que estava por vir.

Apesar disso, dos quatro países, a AOL deve desaparecer apenas do Brasil. A AOL Argentina -historicamente o patinho feio da AOLA- foi comprada por US$ 1 milhão pela empresa de tecnologia portenha Datco, em outubro. A empresa ficou não só com os assinantes, mas também com a marca AOL e seus produtos no país. Além disso, a própria AOL Inc decidiu encampar o serviço em Porto Rico. No México, a operação deve ser vendida para a AT&T, que mantém um pequeno provedor local e espera aumentar sua presença com a marca e com os produtos AOL.

"Velório"

Funcionários e ex-funcionários da AOL Brasil ainda conseguiram extrair alguma diversão do encerramento da empresa no país. Na madrugada do mesmo dia 17, 30 deles se reuniram em um bar de São Paulo para, como eles mesmos descreveram, "beber o morto, como bons brasileiros".

"A idéia não era fazer uma coisa melancólica", explica Sylvio Pinheiro, ex-diretor da arte da AOL Brasil e idealizador do "DefuntAOL", que acabou ganhando destaque na imprensa. "Quisemos nos despedir da experiência boa que a AOL representou para todos nós." Pinheiro foi um dos cinco primeiros funcionários contratados pela empresa no país, em abril de 1999. Aparentemente o objetivo foi atingido, como foi descrito pela afirmação de Maurício Martins, ex-editor de Esportes do provedor e atualmente coordenador de Internet da ESPN Brasil: "viveu meia-boca, mas está morrendo em grande estilo."

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