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Amazônia ajuda a frear aquecimento do planeta, constata Nasa

Floresta absorve mais carbono do que emite, mostra estudo que resolve um debate de longa data sobre um componente-chave do equilíbrio global de carbono


	Amazônia: absorção de carbono pelas árvores vivas compensa as emissões das árvores mortas
 (Divulgação)

Amazônia: absorção de carbono pelas árvores vivas compensa as emissões das árvores mortas (Divulgação)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 19 de março de 2014 às 14h52.

São Paulo – Se o aquecimento global ainda não mostrou sua pior faceta, pode agradecer à ajuda da maior floresta tropical do mundo. Um novo estudo feito pela Nasa constata que a Amazônia absorve mais dióxido de carbono da atmosfera do que emite, o que contribui para frear as alterações no clima.

Esta descoberta resolve um debate de longa data sobre um componente-chave do equilíbrio global de carbono da bacia amazônica. Um debate que envolve a vida e a morte das árvores da floresta.

O ciclo é simples: ao crescerem, as árvores absorvem CO2 da atmosfera e estocam o gás no caule, ao passo que ao morrerem liberam o gás de efeito estufa de volta pela decomposição. A questão que por muito tempo intrigou os cientistas era saber o real saldo dessa relação.

A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, nesta terça (18), é a primeira a medir as mortes de árvores causadas por processos naturais em toda a floresta amazônica, mesmo em áreas remotas.

Fernando Espírito Santo, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, Califórnia, e principal autor do estudo, criou novas técnicas para analisar por satélite e outros dados o ciclo amazônico. Ele descobriu que a cada ano, as árvores amazônicas mortas emitem cerca de 1,9 bilhão de toneladas de carbono para a atmosfera.

Para comparar isso com a absorção de carbono da Amazônia, os pesquisadores usaram censos de crescimento da floresta e diferentes cenários de modelagem.

Em todos os cenários, a absorção de carbono pelas árvores vivas compensa as emissões das árvores mortas, indicando que o efeito predominante em florestas naturais da Amazônia é a absorção.

Até agora, os cientistas só tinham sido capaz de estimar o balanço de carbono da Amazônia a partir de observações limitadas em áreas florestais pequenas chamadas parcelas.

Nessas parcelas, a floresta retira mais carbono do que emite, mas a comunidade científica vem vigorosamente debatendo o quão bem as parcelas representam todos os processos naturais na vasta região amazônica.

Esse debate começou com a descoberta, na década de 1990, de que grandes áreas da floresta podem ser “abatidas” por tempestades intensas em eventos chamados “blowdowns”.


A ideia para o estudo surgiu a partir de uma oficina de 2006, quando cientistas de várias nações se uniram para identificar instrumentos de satélite da agência espacial americana que poderiam ajudá-los a compreender melhor o ciclo do carbono da Amazônia.

Nos anos que seguiram ao encontro, Espirito-Santo trabalhou com 21 co-autores em cinco países para medir os impactos de carbono de mortes de árvores na Amazônia por todas as causas naturais - de blowdowns de grande área para árvores isoladas que morreram de velhice.

Correlacionando dados de satélite e instrumentos de observações terrestres, o pesquisador e seus colegas elaboraram métodos para identificar árvores mortas em diferentes tipos de imagens de sensoriamento remoto.

Por exemplo, árvores caídas criam uma lacuna no dossel da floresta que pode ser medida pelo radar de laser em aeronaves de pesquisa. Já madeira morta muda as cores de uma imagem ótica por satélite.

"Nós descobrimos que grandes distúrbios naturais - o tipo não capturado por parcelas - têm apenas um efeito pequeno sobre o ciclo do carbono em toda a Amazônia", disse Sassan Saatchi de JPL, um dos co-autores do estudo.

A cada ano, cerca de dois por cento de toda a floresta amazônica morre de causas naturais. Os pesquisadores descobriram que apenas cerca de 0,1 por cento dessas mortes são causadas por blowdowns.

Os pesquisadores analisaram apenas os processos naturais no ciclo de vida das árvores. Ficou de fora, por exemplo, os resultados das atividades humanas, como o desmatamento e queimadas, que variam rapidamente com a mudança das condições politicas e sociais da região.

As outras instituições que participaram do estudo são a Universidade de New Hampshire, Durham, nas universidades de Leeds e Nottingham, no Reino Unido; Universidade de Oxford, no Reino Unido; Universidade James Cook, Cairns, Austrália; Instituto Internacional Serviço Florestal dos EUA de Florestas Tropicais, Porto Rico; EMBRAPA Satellite Center, Campinas, Brasil Monitoramento; Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil, EMBRAPA Amazônia Oriental, Santarém, Brasil, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos, Brasil, o Jardim Botânico de Missouri, Oxapampa , Peru, e do Instituto Carnegie para a Ciência, Stanford, na Califórnia.

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