. (Kjell Olsen/Flickr)
São Paulo - Qualquer admirador de arte e tecnologia provavelmente já brincou com ferramentas que transformam imagens em exemplares de obras de artistas consagrados, como Picasso ou Van Gogh. A alteração é possível graças a algoritmos criados em 2015 por desenvolvedores alemães que agora são adaptados para aprimorar ainda mais a semelhança às criações artísticas. Um dos estilos mais difíceis é a história em quadrinhos, com seus conhecidos movimentos de tinta e sua distribuição em pequenos quadros ao longo da página.
O campo da arte ganhou a atenção de estudiosos da Universidade de Tubingen, na Alemanha, que desenvolveram uma rede neural que consiste em camadas capazes de analisar uma imagem em diferentes níveis e separar detalhes como formas, cores e linhas. A chave da técnica utilizada é que o estilo das imagens é capturado não pelas camadas em si, mas pelas correlações entre elas.
A descoberta torna possível ao computador separar o estilo do artista e o conteúdo da obra, facilitando o processo de transferência do padrão de traço para outra imagem. O trabalho da equipe deu origem a um novo ramo da computação visual, chamado “transferência de estilo neural”.
Como toda nova tecnologia, a área já conta com problemas para solucionar. Analisar uma imagem, separar seu estilo e aplicá-lo a outra cena pode consumir bastante memória de computadores comuns, levando vários segundos para devolver o resultado desejado ao usuário. Tentativas de aprimoramento dos algoritmos feitas até agora mostram que os desenvolvedores ainda devem escolher entre velocidade e qualidade, questão comum na área de computação gráfica.
Pesquisadores da Universidade de Varsóvia, na Polônia, tentaram solucionar a questão aplicando vários tipos de transferência de estilo de imagem para a forma de quadrinho e mostraram a 100 pessoas para comparar os resultados.
O algoritmo que mais agradou os avaliadores utiliza uma técnica chamada ”normalização de instância adaptativa” e é melhorado, principalmente, em relação à transferência de adequada de cores e ao desfoque.
Como bem aponta o MIT Technology Review, as novidades animam os profissionais que costumam usar histórias em quadrinho em seus trabalhos. O que a tecnologia–ainda–não é capaz de fornecer é a habilidade humana de criar boas histórias e personagens poderosos.