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Aids: gel desperta grandes expectativas em Viena

Gel vaginal microbicida pode reduzir o contágio do vírus HIV nas relações sexuais

Segundo estudo, gel pode reduzir em 54% as chances de contaminação das mulheres pelo vírus da Aids (Samuel Kubani/AFP)

Segundo estudo, gel pode reduzir em 54% as chances de contaminação das mulheres pelo vírus da Aids (Samuel Kubani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2010 às 09h12.

Viena - As reações foram entusiastas nesta terça-feira, em Viena, ao anúncio dos resultados de um estudo sobre um gel vaginal microbicida contendo um antirretroviral capaz de acarretar uma grande redução do risco de infecção pelo vírus HIV entre as mulheres.

Bem utilizado, o gel poderá reduzir pela metade o risco, segundo pesquisa realizada junto de mais de 800 mulheres na África e tornada pública durante a Conferência internacional sobre a Aids.

Os microbicidas são produtos que podem ser aplicados na vagina ou no reto, mas o estudo em questão especifica, apenas, a utilização vaginal.

Os participantes da sessão plenária aplaudiram o anúncio, na manhã desta terça-feira, a ponto de a conferência a ser dada pelos autores do estudo ter sido deslocada para um salão maior, agora à tarde, devido ao interesse suscitado.

As preocupações com o financiamento da pesquisa, da prevenção e do tratamento da Aids parecem ter sido esquecidas no imenso auditório que acolhe até sexta-feira entre 20.000 e 25.000 pessoas.

O estudo, publicado no jornal Science, demonstra um efeito considerado notável do do gel vaginal no qual foi incluído um antirretroviral bem conhecido, o Tenofovir, a 1%.

Quando convenientemente utilizado, isto é uma vez 12h antes de uma relação sexual e uma vez 12H depois, reduz em 54% os riscos de contaminação.

O estudo, intitulado Caprisa 4, foi realizado durante três anos junto a mais de 800 mulheres zulus (que não haviam desenvolvido a doença) de Natal, a região da África do Sul "onde a prevalência de soropositivos é a mais elevada no mundo", segundo o professor-doutor Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids (ANRS).

Lá, a circuncisão é rara (5% dos homens) e a contaminação é de 50% entre as mulheres de mais de 24 anos. Entre os parceiros do grupo estudado, o uso do preservativo era inferior a 20%.

As mulheres africanas representam 60% do total da contaminação no continente e o novo gel contribuirá para que decidam o próprio destino, sem depender da vontade incerta do parceiro.

"Damos esperança às mulheres. Pela primeira vez vemos resultados sobre um teste de prevenção iniciado e controlado por mulheres. Se for confirmado, um microbicida pode ser uma opção poderosa para a revolução da prevenção e nos ajudará a quebrar a trajetória da doença da Aids", disse em comunicado Michel Sidibé, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para HIV e Aids (Unaids).

"Este estudo marca uma etapa significativa tanto para a comunidade de pesquisa em microbicidas como para toda a prevenção da Aids. Como as mulheres constituem a maioria das novas infecções no mundo, essa descoberta é um passo importante para que uma população de risco tenha acesso a uma ferramenta de prevenção segura e eficaz. Mas como uma só forma (de prevenção) não é apropriada nem aceitável para todos, devemos continuar investigando toda uma série de meios, incluindo os microbicidas, os PrEP (antirretrovirais tomados antes da exposição, NDLR), as vacinas", disse, por sua vez, Anthony Fauci, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas do National Institutes of Health americano.

Inúmeras questões são levantadas, no entanto, especialmente sobre a necessidade de dar prosseguimento ao estudo em escala maior.

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