Tecnologia

Acusado de monopólio, Google diz que compete de forma justa no mercado

Companhia se manifestou após a divulgação de relatório que acusa as big techs de serem anticompetitivas

Google: empresa está na mira de órgãos legisladores dos Estados Unidos (Agence France-Presse/AFP)

Google: empresa está na mira de órgãos legisladores dos Estados Unidos (Agence France-Presse/AFP)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 7 de outubro de 2020 às 15h08.

O Google se manifestou sobre as críticas sofridas no relatório produzido pelo subcomitê antitruste da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (equivalente à Câmara dos Deputados) e divulgado na terça-feira (6). A companhia, ao lado de Facebook, Apple e Amazon, foi acusada de criar um monopólio em torno de seus negócios e impedir uma competição justa no mercado.

Com 449 páginas, o inquérito divulgado ontem recomenda que essas big techs sejam desmembradas. Isto é, que passem por um processo de separação estrutural de seus negócios, diminuindo seus negócios e impedindo que algumas áreas de suas operações apoiem outras, o que leva a uma vantagem injusta em relação ao mercado.

“A investigação descobriu várias maneiras pelas quais Amazon, Apple, Facebook e Google usam seu domínio em um ou mais mercados para beneficiar suas outras linhas de negócios, reduzindo o dinamismo e a inovação”, diz um dos trechos. “Usando o poder de mercado em uma área para tirar vantagem de uma linha separada de negócios, as empresas minam a concorrência.”

 

No caso do Google, a companhia é acusada principalmente de fazer o uso de dados privados e obtidos pelo sistema operacional Android para acompanhar o crescimento de aplicativos de terceiros. A companhia também é utilizada de favorecer o uso de seu próprio buscador no sistema operacional que comanda. O serviço de buscas ainda estaria minando o alcance de sites como Yelp e Expedia, que trabalham como provedores de busca verticais.

“Os documentos mostram que o Google exigiu que os fabricantes de smartphones pré-instalassem e dessem status aos próprios aplicativos do Google”, afirma o relatório. O Google não concorda com essas afirmações, mas não se defende de forma clara sobre cada um dos pontos citados no documento.

Em resposta, a companhia informou que seus serviços como Busca, Maps e Gmail ajudam milhões de americanos e que investe bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento para construir e aprimorar os serviços. “Competimos de forma justa em um setor altamente competitivo e dinâmico”, informou a empresa. “Não concordamos com os relatórios de hoje, que apresentam alegações desatualizadas e imprecisas.”

A companhia ainda disse que “os americanos simplesmente não querem que o Congresso quebre os produtos do Google ou prejudique os serviços gratuitos que eles usam todos os dias”. A empresa se baseou esta alegação em uma pesquisa ou não. Em 2019, uma pesquisa do site Vox mostrou que pelo menos dois terços dos americanos apoiavam a separação estrutural das big techs.

Por fim, o Google disse que apoia as decisões dos congressistas “em áreas onde leis mais claras ajudariam os consumidores”. A companhia informou que defende a importância da portabilidade de dados e a criação de plataformas móveis abertas.

É preciso lembrar que embora o relatório não tenha força legal, ele serve como uma recomendação para que o Congresso americano avalie possíveis ações que possam beneficiar a competição entre empresas no país. Este parecer era aguardado elo menos de julho, quando os presidentes das quatro empresas citadas testemunharam no Congresso americano para responder questões em torno de seus negócios. Na ocasião, os executivos refutaram diversas acusações de que estariam prejudicando a competição nos mercados em que atuam.

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