Mudanças na chegada: Empresa chinesa parece não ter desistido do Brasil, mas mudou os planos e pretende fazer venda direta de seus aparelhos no mercado nacional (David Becker/Getty Images)
Gustavo Gusmão
Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 12h03.
Última atualização em 11 de dezembro de 2018 às 12h08.
São Paulo — A volta dos smartphones da Huawei ao Brasil deve demorar um pouco mais do que o imaginado. A marca chinesa, que anunciou em junho que traria aparelhos ao país em uma parceria com a Positivo, parece ter encerrado o acordo com a empresa brasileira, segundo informações do jornal Valor Econômico. A companhia da China está agora em busca de distribuidores para fazer a venda direta por aqui.
A fabricação dos modelos deve ficar a cargo de alguma "empresa especializada na fabricação por encomenda", como a chinesa Foxconn, que tem uma sede e uma fábrica em Jundiaí (SP). O plano original era que a Positivo importasse, distribuísse e produzisse os aparelhos da Huawei no Brasil, a começar pelo smartphone P20 Pro, dono da melhor câmera do mercado, segundo ranking do site especializado DxOMark. Com a mudança na estratégia, porém, não ficou claro se haverá alguma alteração na ordem de chegada dos celulares ao país.
A Huawei deu seus até então últimos suspiros no mercado brasileiro no final de 2014, quando anunciou a chegada do Ascend P7, seu topo de linha para 2015. O aparelho teve baixo volume de pedidos, o que fez com que a empresa desistisse de atuar no país, ao menos por um tempo.
Na mesma época, entretanto, a companhia começou a acelerar seu crescimento global. Foi em 2015 que a companhia viu suas vendas de smartphones ao redor do mundo passarem a marca de 100 milhões de unidades, terminando o ano como a terceira maior fabricante de celulares no ranking da consultoria norte-americana IDC.
Desde então, a marca chinesa já assumiu o segundo posto na lista, superando a Apple em número de aparelhos vendidos, com 14,6% do mercado no terceiro trimestre de 2018. Esse crescimento foi alcançado sem que a empresa tivesse uma atuação forte nos EUA. Sua principal fonte de receita com smartphones é seu país de origem. Não quer dizer, no entanto, que a Huawei esteja livre da influência do mercado norte-americano, como visto no caso dos últimos dias envolvendo Meng Wanzhou, sua diretora financeira.
De toda forma, no Brasil, o plano original da marca, com a parceria com a Positivo, era conquistar 1% do mercado nacional de smartphones logo no primeiro ano de vendas. Não há informações sobre a definição de uma nova meta, mas a tarefa seria bastante complicada — como costuma ser para qualquer novo concorrente no setor, que hoje é amplamente dominado por Motorola, LG e, especialmente, Samsung.
Ao Valor, a Positivo não comentou o caso. A Huawei, por sua vez, disse não ter novidades para compartilhar.