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Acidificação dos oceanos pode azedar vida social dos peixes

Níveis elevados de dióxido de carbono nas águas dificultam a capacidade dos peixes de reconhecer uns aos outros e formar grupos

Alerta: alto nível de CO2 prejudica sentidos básicos, como visão e olfato, que são vitais para vida social (SXC.Hu)

Alerta: alto nível de CO2 prejudica sentidos básicos, como visão e olfato, que são vitais para vida social (SXC.Hu)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 2 de julho de 2014 às 11h22.

Última atualização em 10 de setembro de 2019 às 20h06.

São Paulo - Os oceanos são os principais sumidouros de dióxido de carbono (CO2) do planeta, ajudando a retardar as mudanças climáticas. Mas esse comportamento “heroico” tem um preço, a começar pela acidificação das águas, que reserva efeitos perigosos. É o que sugere um estudo da Universidade James Cook, na Austrália, que avaliou a o efeito das altas concentrações de CO2 na vida marinha.

Segundo a pesquisa, níveis elevados de dióxido de carbono, como aqueles previstos por modelos climáticos, podem dificultar a capacidade dos peixes de reconhecer uns aos outros e formar grupos com espécimes conhecidos.

Os cientistas avaliaram o efeito do dióxido de carbono sobre o comportamento do "Chromis viridis", uma espécie de peixe subtropical conhecido como donzela-verde.

Normalmente, os peixes juvenis requerem três semanas para reconhecer seus companheiros, mas quando expostos a níveis mais elevados de dióxido de carbono, essa capacidade é prejudicada.

Na análise laboratorial, peixes individuais foram expostos a um "teste de escolha", colocados diante de dois cardumes, um de peixes “familiares” e outro formado por estranhos.

Enquanto os peixes mantidos em condições normais, consistentemente, escolheram o cardume familiar, peixes criados em condições de alta concentração de CO2 ficaram indiferentes, sem decidir para onde ir.

De acordo com os pesquisadores, níveis mais elevados do composto alteram a concentração de íons no sangue dos peixes, alterando a forma como os neuroreceptores no cérebro do animal trabalham.

Isso prejudica sentidos básicos, tais como a visão e olfato, que são vitais para o reconhecimento entre os peixes.

Como seres humanos, peixes preferem grupo com indivíduos com quem estão familiarizados, ao invés de estranhos.

Isso gera inúmeros benefícios, incluindo um maior crescimento e taxas de sobrevivência, maior defesa contra predadores e aprendizagem social mais rápida.

Segundo os pesquisadores, estes resultados podem ter implicações graves para peixes tropicais, cujo habitat já está ameaçado pela mudança climática.

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