São Paulo - Os oceanos são os principais sumidouros de dióxido de carbono (CO2) do planeta, ajudando a retardar as mudanças climáticas. Mas esse comportamento “heroico” tem um preço, a começar pela acidificação das águas, que reserva efeitos perigosos. É o que sugere um estudo da Universidade James Cook, na Austrália, que avaliou a o efeito das altas concentrações de CO2 na vida marinha.
Segundo a pesquisa, níveis elevados de dióxido de carbono, como aqueles previstos por modelos climáticos, podem dificultar a capacidade dos peixes de reconhecer uns aos outros e formar grupos com espécimes conhecidos.
Os cientistas avaliaram o efeito do dióxido de carbono sobre o comportamento do "Chromis viridis", uma espécie de peixe subtropical conhecido como donzela-verde.
Normalmente, os peixes juvenis requerem três semanas para reconhecer seus companheiros, mas quando expostos a níveis mais elevados de dióxido de carbono, essa capacidade é prejudicada.
Na análise laboratorial, peixes individuais foram expostos a um "teste de escolha", colocados diante de dois cardumes, um de peixes “familiares” e outro formado por estranhos.
Enquanto os peixes mantidos em condições normais, consistentemente, escolheram o cardume familiar, peixes criados em condições de alta concentração de CO2 ficaram indiferentes, sem decidir para onde ir.
De acordo com os pesquisadores, níveis mais elevados do composto alteram a concentração de íons no sangue dos peixes, alterando a forma como os neuroreceptores no cérebro do animal trabalham.
Isso prejudica sentidos básicos, tais como a visão e olfato, que são vitais para o reconhecimento entre os peixes.
Como seres humanos, peixes preferem grupo com indivíduos com quem estão familiarizados, ao invés de estranhos.
Isso gera inúmeros benefícios, incluindo um maior crescimento e taxas de sobrevivência, maior defesa contra predadores e aprendizagem social mais rápida.
Segundo os pesquisadores, estes resultados podem ter implicações graves para peixes tropicais, cujo habitat já está ameaçado pela mudança climática.
-
1. Uma janela para o futuro
zoom_out_map
1/9 (Getty Images)
São Paulo - É comum ouvir no debate sobre
mudanças climáticas que o pior ainda está por vir. Ao olhar para foto de uma mãe em prantos com uma criança no colo, na cidade de Tacloban, nas Filipinas, que foi detruída por um tufão no ano passado, não dá para ignorar o óbvio: nós já vivemos o pior que poderíamos em nossa geração. E nossos filhos e nossos netos enfrentarão - se nada for feito até lá - o que de pior poderão viver no seu tempo. É exatamente isso o que mostra a segunda parte do
IPCC, o painel de cientistas da
ONU, que faz um diagnóstico do clima e de seus efeitos para o
meio ambiente, as pessoas, as cidades, os governos, o mundo como o conhecemos hoje. O alerta vem na forma de previsões que consideram o aumento de 2 a 4 graus Celsius na temperatura do globo. Nos próximos slides, você vai conhecer os principais perigos que o futuro nos reserva em frente da atual falta de ação dos governos.
-
2. 1 – Ameaças à mesa
zoom_out_map
2/9 (Getty Images)
O relatório traz uma conta que, além de salgada, não fecha: a produtividade agrícola pode cair 2% por década até o final do século, ao passo que a demanda deverá aumentar 14% até 2050. É uma perda preocupante contra a qual será preciso lutar, sob a dura pena de mergulhar bilhões de pessoas na fome – um mal que atinge um em cada sete habitantes do planeta.
-
3. 2 - Mais pobres e mais famintos
zoom_out_map
3/9 (Christopher Furlong/Getty Images)
A escalada dos preços dos alimentos é uma questão de vida e morte para as populações que vivem em países em desenvolvimento e que gastam até 75% de sua renda para conseguir comer. Como se não bastasse, os mais pobres também são os mais afetados pelos extremos do clima, uma vez que seus países estão menos preparados para lidar com essas alterações.
-
4. 3 – Imigrações em massa
zoom_out_map
4/9 (Getty Images)
Segundo o documento, "centenas de milhões de pessoas" serão forçadas a migrar por causa de inundações costeiras e cheias fluviais e outras catástrofes que afetarão suas terras. São os chamados refugiados climáticos.
-
5. 4 - Escassez de água
zoom_out_map
5/9 (Nacho Doce/Reuters)
A água também se tornará mais escassa. Considerando um cenário com uma população mundial 7% maior do que a de hoje, para cada aumento de um grau na temperatura, haverá 20% menos disponibilidade de água.
-
6. 6 – Riscos à saúde humana
zoom_out_map
6/9 (Greenpeace/Divulgação)
As ameaças à saúde são um tema comumente negligenciado nas discussões sobre mudanças climáticas, que costumam focar no debate sobre o meio ambiente e efeitos econômicos. Mas o novo relatório do IPCC mostra que os riscos à saúde são reais e precisam ser encarados. Na lista, entram o aumento de doenças transmitidas por mosquitos ou típicas de zonas úmidas e incremento da mortalidade e de doenças provocadas pelo calor. Outro perigo vem da contaminação de alimentos e da água consumidos nas regiões mais vulneráveis do globo.
-
7. 6 - Aumento de cheias
zoom_out_map
7/9 (REUTERS/Supri)
Não são poucas as regiões no mudo vulneráveis à elevação do nível do mar e às cheias de rios, e a situação pode piorar. Segundo o novo relatório do IPCC, centenas de milhões de pessoas correm risco de ser afetadas por cheias no litoral, a maior parte na Ásia, até 2100. Até lá, o número de vulneráveis poderá triplicar considerando o pior cenário de aquecimento, de mais 4.8 graus Celsius, em comparação com o cenário mais brando, de até 1,7 graus.
-
8. 8 - Oceanos pedem ajuda
zoom_out_map
8/9 (Jenny W / SXC)
Como a água, que ajuda a regular a temperatura do corpo humano, os oceanos são os maiores aliados da Terra para manutenção do seu equilíbrio climático. Eles absorvem grande parte da radiação solar que atinge o Planeta e também funcionam como sumidouros de dióxido de carbono (CO2). Mas esses heróis do clima já se revelam vítimas do aquecimento global. Desde o início da era industrial, a acidez das águas do planeta aumentou 30% alcançando um nível sem igual nos últimos 55 milhões de anos. Várias formas de vida marinhas podem ser prejudicadas. O relatório destaca que a acidificação interfere principalmente no desenvolvimento das espécies com carapaça ou esqueleto de carbonato cálcico, como corais e moluscos. O estudo também alerta para uma grande redistribuição pelos oceanos em todo o mundo até 2060, diminuindo nas regiões tropicais e crescendo nas latitudes médias e altas, em decorrência das mudanças climáticas.
-
9. 9 - Prejuízos econômicos
zoom_out_map
9/9 (AFP)
O Painel da ONU não define com exatidão as possíveis perdas econômicas decorrentes das mudanças climáticas e catástrofes naturais. Mas faz uma estimativa conservadora, que dá uma ideia dos riscos ennolvidos: as perdas econômicas podem variar de 0,2% a 2% do PIB mundial. Considerando a pior hipótese, estamos falando de US$ 1,4 trilhão de dólares por ano.