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Ação chinesa contra boatos online é perseguição, apontam críticos

Críticos veem perseguição política em ação chinesa contra boatos online

boatos internet (photopin)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2013 às 11h50.

Pequim - A repressão do governo chinês contra a difusão de rumores pela Internet, amplamente vista como uma ferramenta para impedir críticas ao Partido Comunista, está engessando o discurso político, já que blogueiros influentes admitiram evitar postagens delicadas por temerem a prisão.

Advogados e ativistas dizem que a ação representa uma ampliação significativa dos poderes de polícia sobre a Internet, e um golpe em quem depende dos microblogs para disseminar informações sem o monitoramento rígido que há na mídia tradicional.

"Estou realmente assustado agora que qualquer denúncia pode levar a uma prisão", disse o advogado Zhou Ze, que tem mais de 165 mil seguidores no Sina Weibo, espécie de Twitter chinês. "Todos nós temos de falar menos, e com mais cuidado."

É comum que postagens politicamente sensíveis sejam eliminadas por censores, e que usuários sejam bloqueados. Mas as recentes detenções geraram temores de punições mais duras.

No cerne da questão está a interpretação jurídica, feita pelo principal tribunal do país, de que os blogueiros podem ser processados por postarem rumores que sejam vistos por mais de 5.000 pessoas, ou compartilhados mais de 500 vezes.

"Se os rumores puderem levar a detenções ou prisões, todos vão temer por si e ficarão particularmente com medo de criticarem autoridades, o que vemos cada vez menos na Internet", disse Zhou.

Uma estimativa fornecida à Reuters pela Weiboreach, firma que faz análises das redes sociais, mostra que, numa amostra aleatória de 4.500 usuários altamente influentes que se declaram funcionários do governo ou acadêmicos, o índice de eliminação de postagens cresceu bem mais em agosto do que entre usuários ligados ao entretenimento.

Os dados não fazem uma separação entre postagens deletadas pelo usuário e aquelas eliminadas por autoridades.

Nas últimas semanas, vários usuários conhecidos por seus comentários políticos e sociais foram detidos, o que fomenta os rumores de que o objetivo da lei não é propriamente impedir a circulação de boatos.

O empreendedor Wang Gongquan, por exemplo, foi levado na sexta-feira pela polícia sob a acusação de perturbar a ordem pública ao se envolver numa campanha pela libertação de outro ativista.

Em outro caso, o investidor sino-americano Charles Xue foi detido por acusação de envolvimento com a prostituição, e apareceu algemado na TV, no domingo, pedindo desculpas e dizendo que sua influência nas redes sociais lhe subiu à cabeça. "A liberdade de expressão não pode estar acima da lei", disse Xue, conhecido por seus comentários online a respeito de questões políticas e sociais.

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