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Abuso de tranquilizantes e soníferos pode aumentar risco de Alzheimer

Estudo mostra que até 30 mil casos podem ter ocorrido na França devido ao uso das substâncias

Mulher com Alzheimer caminha no corredor de um asilo em Angervilliers, leste da França (Sebastien Bozon/AFP)

Mulher com Alzheimer caminha no corredor de um asilo em Angervilliers, leste da França (Sebastien Bozon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2011 às 17h44.

Paris - O consumo crônico de benzodiazepinas (tranquilizantes, soníferos) aumenta o risco de uma pessoa sofrer do mal de Alzheimer, segundo os primeiros resultados de um estudo francês, divulgados na revista Sciences et Avenir (Ciência e Futuro).

Anualmente entre 16.000 e 31.000 casos de Alzheimer seriam provocados na França por tratamentos com benzodiazepinas (BZD) ou similares, e seus genéricos: Valium, Temesta, Xanax, Lexomil, Stilnox, Mogadon, Tranxène, etc., noticia a revista em sua edição de outubro.

Cento e vinte milhões de caixas são vendidas por ano. Na França são consumidos de cinco a dez vezes mais soníferos ("hipnóticos") e ansiolíticos do que em seus vizinhos europeus, acrescentou a Sciences et Avenir.

O encarregado do estudo, professor Bernard Begaud (Inserm/Universidade de Bordeaux), se referiu às constatações como "uma verdadeira bomba".

"As autoridades precisam reagir", acrescentou, em declarações à revista. Devem agir muito mais, se levarem em conta que "de nove estudos, incluindo o nosso, a maioria (6) vai neste sentido de uma relação entre o consumo de tranquilizantes e soníferos durante vários anos e o mal de Alzheimer", afirmou à AFP.

"É um sinal de alerta muito forte", enfatizou.

O estudo foi realizado com 3.777 indivíduos de 65 anos ou mais que tomaram BZD entre dois e dez anos.

"Ao contrário das quedas e fraturas causadas por estes medicamentos, os efeitos cerebrais não são imediatamente perceptíveis, tendo que se aguardar alguns anos" para que surjam, disse o pesquisador.

"Se em epidemiologia é difícil estabelecer uma relação direta de causa e efeito, quando há uma suspeita, parece normal agir e tentar limitar as prescrições inúteis, que são muitas", afirmou à AFP.

O aumento do risco, entre 20% e 50%, pode parecer pouco em escala individual, mas não na escala da população, por causa do consumo destes medicamentos por idosos, destacou a revista.

Segundo o professor Begaud, no total, 30% dos maiores de 65 anos consomem BZD, uma proporção enorme, e na maioria das vezes de forma crônica.

As prescrições são, regularmente, limitadas a duas semanas para os hipnóticos e doze semanas para os ansiolíticos.

A forma como os BZD atuam no cérebro para aumentar este risco de demência continua um mistério.

Mas o problema já tinha sido mencionado em 2006 em um relatório do Gabinete Parlamentar de Políticas de Saúde sobre Remédios Psicotrópicos.

"Depois não se fez nada", criticou o especialista.

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