Somente no Brasil, as vendas desse tipo de aparelho chegaram a subir mais de 800% em abril, maio e junho (James Leynse/Getty Images)
Filipe Serrano
Publicado em 21 de julho de 2020 às 07h52.
Com mais trabalho para limpar a casa durante a quarentena, uma parte dos consumidores mundo afora decidiu recorrer, pela primeira vez, a um aspirador-robô para ajudar a manter a casa (ou pelo menos o chão) em ordem. Somente no Brasil, as vendas desse tipo de aparelho chegaram a subir mais de 800% nos meses de abril, maio e junho, de acordo com a empresa de pesquisas GfK.
Agora, nesta terça-feira (21), será possível ter uma ideia de como a forte demanda por aspiradores-robô durante a pandemia afetou os negócios das empresas desse segmento. A americana iRobot, fabricante dos aspiradores Roomba – um dos modelos mais conhecidos do mundo – divulga hoje seus resultados financeiros do segundo trimestre. Os números serão publicados após o fechamento do mercado nos Estados Unidos.
A iRobot enfrentava um momento difícil quando a pandemia do novo coronavírus atingiu os países do Ocidente. Atrasos na produção de novos modelos e o aumento de custos prejudicaram a fabricante do Roomba, fazendo o faturamento do primeiro trimestre cair 19% em relação ao ano passado.
Agora, a expectativa é de uma bem-vinda recuperação. Em junho, a iRobot afirmou que as vendas estavam acima do esperado. Por causa disso, segundo a empresa, o faturamento do segundo trimestre deveria ficar entre 260 milhões e 270 milhões de dólares, um resultado 4% maior do que no mesmo período de 2019.
Também deve ajudar o fato de a iRobot ter conseguido obter a isenção das tarifas impostas pelo governo americano de produtos importados da China, onde são fabricados os aspiradores. As ações da empresa, que fecharam o ano de 2019 em queda, agora acumulam uma alta de 75% em 2020.
Aspiradores-robô sempre atraíram a curiosidade dos consumidores, mas as vendas desses aparelhos nunca deslancharam de fato. Um grande entrave são os preços salgados. Um modelo simples não sai por menos de 2.000 reais e os equipamentos mais avançados chegam a custar acima de 6.000 reais. E, por mais completos que sejam os robozinhos, a vantagem deles é limitada. Os aspiradores não conseguem limpar todos os cantos da casa, nem entrar debaixo de todos os móveis. Uma faxina manual é inevitável.
No entanto, muitos dos consumidores que eram reticentes em comprar um desses aparelhos acabaram se rendendo durante a quarentena, diante da quantidade de tarefas para cuidar da casa.
A iRobot é uma pioneira no segmento. A empresa foi fundada em 1990 por três pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e começou produzindo robôs para uso militar e para a exploração espacial. Mais tarde, a empresa decidiu usar o conhecimento acumulado nas áreas de robótica e inteligência artificial para desenvolver produtos comerciais. O primeiro aspirador-robô surgiu em 2002. Hoje ela também fabrica robôs que, em vez de aspirar pó, passam pano no chão da casa. Mais de 30 milhões de unidades foram vendidos.
O mercado de aspiradores-robô fatura ainda é pequeno. O faturamento anual fica em torno de 2,5 bilhões de dólares. Mas a tendência é de crescimento. A consultoria americana Grand View Research estima que nos próximos sete anos as receitas do setor vão triplicar, chegando a 9,4 bilhões de dólares em 2027. A quarentena pode ter sido, enfim, o impulso que faltava para as fabricantes de aspiradores-robô.