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A Microsoft pode comprar a operação global do TikTok. Mas por quê?

Segundo reportagem do jornal britânico Financial Times, a gigante americana pode querer mais do que apenas a operação dos Estados Unidos do aplicativo.

MICROSOFT E TIKTOK: gigante americana pode estar de olho em toda a operação do TikTok (NurPhoto/Getty Images)

MICROSOFT E TIKTOK: gigante americana pode estar de olho em toda a operação do TikTok (NurPhoto/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 17h32.

Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 17h41.

O que era um antes um negócio mais reservado, pode estar tomando o corpo de uma grande aquisição do mercado de tecnologia. A gigante de tecnologia Microsoft pode estar se posicionando para comprar a operação global da rede social TikTok, que explodiu em popularidade nos últimos meses. O negócio incluiria o TikTok em todos os países em que opera menos a China, onde o aplicativo tem outro nome, Douyin.

Segundo o jornal britânico Financial Times a ambição da empresa pode ser maior do que apenas as operações de Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, que foram confirmadas em comunicado oficial da Microsoft no último domingo, 2. Apesar disso, os relatos são contraditórios e o site Business Insider cita uma fonte dizendo que não é verdade que há interesse da Microsoft em comprar todo o TikTok. Aos dois veículos, a Microsoft não comentou o caso.

Financial Times, no entanto, cita uma fonte que afirma que o intuito de comprar toda a operação seria facilitar o funcionamento de escritórios e assegurar que não haveria problemas para que usuários pudessem ver e acompanhar conteúdo produzido por pessoas de outros países. Até o presidente americano, Donald Trump, afirmou que "provavelmente seria mais fácil comprar tudo do que 30%" e deixou claro que o governo dos Estados Unidos tem interesse na compra, e numa taxa "substancial" para o tesouro — ele deu até o dia 15 de setembro para a aquisição da operação americana do TikTok, ou então irá banir o aplicativo no país.

Mas por que a Microsoft, que descontinuou diversos produtos voltados para o consumidor final nos últimos anos — como o Windows Phone e a rede de streaming de videogames Mixer, por exemplo — estaria interessada na aquisição de uma rede social?

A resposta pode ser o montante de dados gerados pelo aplicativo, principalmente sobre pessoas mais jovens. No comunicado divulgado no domingo, a Microsoft toca no assunto. "Entre outras medidas, a Microsoft iria garantir que todos os dados privados dos usuários americanos do TikTok sejam transferidos e permaneçam nos Estados Unidos", disse a empresa, enfatizando, inclusive, que traria de volta dados de usuários locais que estivessem armazenados em outros países.

A empresa tem focado nos últimos anos em usuários corporativos, com lucros mais expressivos vindo da divisão de processamento em nuvem Azure e do fornecimento de serviços para empresas. No segundo trimestre deste ano, a receita do segmento Intelligent Cloud cresceu 17%, para 13,4 bilhões dólares, com um aumento de 47% no Azure. Até mesmo o maior sucesso da Microsoft em mídias sociais, a rede LinkedIn, é mais voltada para o público corporativo.

Notadamente, a Microsoft perdeu a batalha pelo mobile, hoje dominada por sistemas operacionais da Apple e Google, que investem cada vez mais em serviços e nos seus próprios aplicativos. A aquisição do TikTok pode ser uma maneira de aproximar a marca de um público que dita tendências, além de conectar as plataformas de jogos da empresa, como o conselo Xbox e o sucesso Minecraft, a uma rede social pujante e de perfil mais jovem.

Em nota, a ByteDance, responsável pela rede social, afirma que há mais de 100 milhões de usuários do TikTok nos Estados Unidos.

Sem a possibilidade de incluir seus produtos corporativos nos principais dispositivos utilizados pelos americanos mais jovens, a Microsoft pode estar de olho nos dados que permitam não perder de vista a próxima geração de trabalhadores corporativos.

 

 

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