Robô de automação industrial: para especialista inteligência artificial bem aplicada, com ética e obrigações legais é algo muito positivo para as empresas (Uli Deck/picture alliance/Getty Images)
Thiago Lavado
Publicado em 31 de julho de 2021 às 09h00.
O futuro é algo intrigante. Desde os primórdios da humanidade tentamos prever o que virá depois, isso é fato. Seja observando os movimentos das estrelas, ou quem sabe consultando um “profeta”, vide Nostradamus, a sociedade sempre se preocupou com o que não sabe e não consegue controlar. Mas, o que isso tem a ver com inteligência artificial e processos de automação de trabalho? Ora, tudo!
Quando presenciamos a primeira grande revolução industrial, com todos aqueles avanços tecnológicos e a substituição de trabalhadores por máquinas, as pessoas já se perguntavam “e agora? Será esse o destino da humanidade?”, um questionamento, por sinal, que perdura até os dias atuais. Para os não tão amantes da tecnologia, uma notícia: sim, esse é o destino da humanidade, e será cada vez mais.
De fato, os robôs substituirão os humanos em muitos trabalhos e tarefas. E aqui estou sendo um pouco generalista, mas você pode chamar de Inteligência Artificial ou Machine Learning, ou todo software que foi desenvolvido para aprender a partir de observações baseadas em dados. Cada vez mais, empresas e fábricas implantam essas tecnologias, acionadas por algoritmos inteligentes e que “trabalham” lado a lado das pessoas. Uma das maiores referências de Inteligência Artificial no mundo, Andrew Ng, prevê que o avanço da IA tem potencial para adicionar mais de 10 trilhões de dólares na economia global até 2030.
O que muitas pessoas não veem, é que isso não é necessariamente algo negativo ou para se temer. Uma automação feita com inteligência artificial resolve problemas mais recorrentes, principalmente, e isso dá a oportunidade para as pessoas focarem em atividades mais estratégicas, ou em estudos e especializações, fomentando um ambiente propício para a geração de ideias inspiradoras e criativas, e também o desenvolvimento de modelos de negócios disruptivos e inovadores.
Existem muitos trabalhos que a tecnologia não pode substituir, precisamos ir no sentido intrínseco disso: humanos pensam, evoluem, têm capacidade de interpretar situações com uma visão que uma máquina não dispõe, conseguem se relacionar e resolver problemas trazendo um olhar mais empático. Isso não significa que não temos limitações. A importância do profissional se manter atualizado e em constante aprendizado será cada vez maior. Segundo o Fórum Econômico Mundial, as 10 principais habilidades sob demanda em 2020 incluíram solução complexa de problemas, pensamento crítico, criatividade, inteligência emocional, julgamento e tomada de decisão, e flexibilidade cognitiva.
E, observando o cenário nacional, apesar de ainda existir alguma "timidez" em relação ao tema, é essencial olharmos para essa tecnologia com mais atenção. Em abril deste ano tivemos a divulgação da Estratégia Brasileira de IA, e é nesse ponto que quero chegar: uma estratégia de Inteligência Artificial bem aplicada, com ética e obrigações legais é algo muito positivo para as empresas e seus colaboradores, e o fato dessa ideia ser levantada por órgãos públicos é algo promissor.
Um estudo da consultoria americana FrontierView apontou que se o Brasil maximizar a adoção de inteligência artificial até 2030, o PIB brasileiro poderá crescer até 4,2 pontos percentuais.
Ressignificar o trabalho é algo recorrente para a sociedade, e quando caminhamos para operações que cada vez mais usam inteligência artificial, é importante entendermos e pensarmos como o que ela de fato é: uma aliada. É algo comum observar apenas os desafios que uma situação apresenta e não olhar para as oportunidades; em muitos casos, humanos e máquinas trabalharão juntos, ajudando uns aos outros e aperfeiçoando processos que antes demandavam muito esforço.
Um bom exemplo disso é o caso da Amazon, que empregou mais de cem mil robôs e contratou mais de oitenta mil humanos em sua operação. Nesse caso, as pessoas fazem a coleta e a embalagem das mercadorias, enquanto os robôs movem os pedidos pelos armazéns, tornando os trabalhadores mais eficientes com a redução do desgaste físico.
E de que maneira podemos posicionar a sociedade acerca dessa realidade? Bom, a melhor maneira de os humanos serem mais humanos é entender que a inteligência artificial é, na verdade uma grande parceira e pode ser utilizada em diversas situações para simplificar o nosso dia a dia.
*Anderson Paulucci é CDO da SysMap Solutions. Responsável pelo desenvolvimento de soluções de Machine Learning, Ciência e Análise de Dados, Big Data Analytics, Estratégia de Dados, Engenharia de Dados e Governança de Dados. Além disso, é professor universitário nos cursos de MBA na FIAP e USP/Esalq voltados à tecnologia.