Gelsinger, da Intel: "A velha Intel é a nova Intel" (Bloomberg/Getty Images)
Thiago Lavado
Publicado em 24 de março de 2021 às 08h33.
Última atualização em 24 de março de 2021 às 17h05.
O novo CEO da Intel, Pat Gelsinger, não quer perder tempo na reestruturação da empresa. A fabricante de chips e processadores anunciou mudanças e planos para o futuro nesta terça-feira, 23.
De acordo com Gelsinger, que falou sobre os objetivos pela primeira vez, a empresa irá investir 20 bilhões de dólares em duas fábricas no Arizona e trabalhar mais próxima de parceiros, inclusive fabricando processadores e chips para outras empresas.
"A Intel está de volta. A velha Intel é a nova Intel", afirmou o CEO, sinalizando que a empresa planeja retornar aos tempos áureos em que era uma gigante da produção de processadores de computadores.
A decisão anunciada por Gelsinger surpreendeu investidores e o mercado, que esperavam uma mudança na postura da empresa. Ao invés disso, o executivo resolveu apostar no modelo que tornou a Intel um colosso do mercado de tecnologia americano nos anos 1980. "Estamos trazendo de volta a disciplina de execução da Intel".
A mudança mais significativa é no modelo de funcionamento de fábricas. Muitas empresas passaram a desenvolver processadores e enviar os modelos para fabricação em companhias que terceirizam o serviço, como Samsung e TSMC. A Intel decidiu entrar nesse jogo.
Com fábricas nos Estados Unidos e na Europa, a Intel espera ganhar apreço de governos, que valorizam a produção local de equipamentos. A Intel espera que esse mercado valha em torno de 100 bilhões de dólares em 2025.
Embora a Intel ainda seja uma força dominante no mercado de chips para computadores pessoais e servidores, a empresa sofreu reveses nos últimos meses e anos.
Em julho do ano passado , anunciou que atrasaria o lançamento de novos chips com tecnologia de 7 nanômentros — ao passo que a Apple já lançava processadores para smartphones com 5 nanometros entre os transistores. A fabricante do Mac inclusive deixou a parceria histórica com a Intel e passou a focar na fabricação de microprocessadores internamente.
No mercado, as concorrentes passaram a se mexer. A Nvidia, fabricante de placas gráficas, anunciou em setembro a compra da fabricante ARM, um negócio de 40 bilhões de dólares. A imobilidade da empresa em desenvolver novas tecnologias e inovar nos processadores, inclusive, permitiu à concorrente AMD se aliar à taiwanesa TSMC e, juntas, as duas despontaram, com a capacidade de fabricar transistores menores.