Blindado da Milrem Robotics: criação de uma startup estoniana (Getty Images)
Redatora
Publicado em 13 de março de 2025 às 10h44.
Última atualização em 13 de março de 2025 às 10h44.
A Europa está experimentando um novo momento de tensões. Recentemente o bloco começou a se preparar para uma eventual retirada do apoio dos Estados Unidos à Ucrânia e, mais ainda, para um cenário de aliança entre Washington e Moscou.
Com uma nova ordem em frente, países que estão mais próximos das fronteiras com a Rússia passaram a investir em defesa, como uma forma de suportar o setor de tecnologia e competir com inovações de baixo custo. É o caso da Finlândia, Suécia, e com mais enfase que qualquer outro país, a Estônia.
Com pouco mais de 1,3 milhão de habitantes, a Estônia transformou-se em um celeiro para tecnologia bélica. Por lá, startups têm produzido veículos blindados autônomos, plataformas de mira com inteligência artificial, sistemas de guerra eletrônica e drones subaquáticos.
Até 2018, empresas privadas da Estônia não tinham permissão para produzir explosivos, mas a invasão na Ucrânia mudou os rumos da indústria de armas no país. Desde 2022, a Estônia dobrou o orçamento militar. Neste ano, o primeiro-ministro Kristen Michal se comprometeu a gastar 5% do PIB do país com defesa.
O governo também lançou um fundo de investimento de 100 milhões de euros para startups de defesa. O CEO do SmartCap (startup que gerencia o fundo), Sille Pettai, disse que o país tem construído sua indústria de defesa do zero. A associação de startups Estonian Founders Society (Sociedade de Fundadores da Estônia) afirma que tem 100 membros trabalhando em aplicações militares, sendo que metade deles foi estabelecida nos últimos três anos.
A startup europeia de aplicações militares, a alemã Helsing, recentemente abriu um escritório na Estônia para facilitar o fornecimento de drones para a Ucrânia pela proximidade entre os dois países e pelos talentos em software estonianos.
A guerra na Ucrânia tem tido papel essencial para a ascensão das startups de defesa por ter mostrado a necessidade de sistemas mais baratos e adaptáveis. Mas fábricas russas têm produzido em massa drones baratos e mortais, enquanto a Europa segue sem uma medida acessível e sem inovar em defesas aéreas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na semana passada que membros da Otan que não destinarem recursos com a própria defesa não poderão contar com proteção militar dos Estados Unidos. Agora, governos europeus planejam gastar centenas de bilhões de dólares para expandir sua defesa.
Com isso, startups da Estônia vê oportunidade de expandir seus negócios também para outros países da Europa. Entre 2022 e 2023, as exportações do setor de defesa estoniano cresceram 60% e o número de funcionários nessa indústria aumentou 17%. A Ucrânia é o principal destino para exportações de defesa.
Mas existem desafios para expandir os negócios na Europa, como a menor propensão do usuário final em adquirir tecnologias que ainda não foram testadas, o que significa que a startup precisa pagar pelos produtos antes de conseguir seu primeiro contrato. Isso, por sua vez, dificulta a atração de investidores, que buscam startups com alta capacidade de vendas.